Com recorde de inscritos, UFF realiza concurso de magistério superior de forma inovadora

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Na última terça-feira, dia 13 de julho, a Universidade Federal Fluminense (UFF) recebeu no campus do Gragoatá e da Praia Vermelha, em Niterói, a maior parte dos candidatos às 81 vagas de magistério superior, para a realização da etapa do exame escrito do Edital 54/2020. No dia seguinte, foi a vez de Angra dos Reis e Volta Redonda sediarem a prova, municípios nos quais se considerou haver estrutura mínima suficiente para receber os candidatos. Trata-se de um concurso de provas e títulos desenvolvido de forma inovadora, frente às novas demandas impostas pelo contexto de pandemia, e cuja efetivação tem se evidenciado urgente diante da ameaça não só de recolhimento das vagas ociosas existentes, mas também da sobrevivência das universidades públicas federais.

De acordo com o reitor Antonio Claudio Lucas da Nóbrega, “esse foi um concurso inédito e com muitos desafios, que vencemos de forma coletiva, com gestão integrada, planejamento e inovação. Mas neste movimento de fazer acontecer, neste espírito ativo da UFF, conseguimos avançar e garantir a realização e a segurança das pessoas e dar segurança jurídica aos candidatos. Sou grato a todos os setores que acolheram a causa, se envolveram e se dedicaram, professores e técnicos-administrativos, além das lideranças das superintendências e pró-reitorias da Universidade. Realizações assim só mostram o quanto a UFF é unida, vibrante e transformadora”.

Um número recorde de quase quatro mil inscritos exigiu da instituição, por exemplo, a elaboração de medidas logísticas até então inexistentes, como a implementação de protocolos de biossegurança, controle de acesso dos candidatos, sanitização dos espaços, entre outras medidas essenciais. Também se apresentou como desafio a necessidade de encontrar espaços físicos adequados e com capacidade para acomodar uma grande quantidade de pessoas em contexto de pandemia, em que há uma preocupação com a distância entre um e outro candidato. Somou-se a isso a inevitabilidade de se organizar “etapas remotas ou híbridas”, acompanhadas de tecnologias de informação e comunicação e, consequentemente, dos necessários cuidados para a garantia de segurança jurídica dos candidatos.

Segundo o coordenador de pessoal docente, professor Ricardo Carrano, o Edital 54/2020 foi publicado imaginando-se que, em julho desse ano, as condições sanitárias para realização do concurso nos moldes tradicionais já tivessem sido retomadas: “a banca se reuniria com os candidatos, os membros externos viriam de todo o Brasil para participar etc, mas duas coisas mudaram totalmente esse cenário, a pandemia e o tamanho do concurso em termos de números de candidatos. Os departamentos estavam com muitas dificuldades de conseguir docentes de outras instituições para participar do nosso concurso. Além disso, nunca tivemos tantos candidatos inscritos. A média por banca foi de 53 candidatos. Temos concursos com 300 concorrentes, o que é um número muito difícil de administrar. Para acomodar 300 pessoas, na atual situação de pandemia, é preciso um espaço onde normalmente cabem 600 ou mais”, explica.

Em função desses obstáculos enfrentados pelos departamentos, o coordenador esclarece que foi necessário aprovar uma resolução que permitisse realizar o concurso com etapas remotas, já que não havia legislação dentro da UFF que possibilitasse essa inovação. Além disso, solicitou-se colaboração da Coordenação de Seleção Acadêmica da UFF (COSEAC), com ampla experiência em organização de concursos com milhares de candidatos. “Dessa forma, ela organizaria o local, toda a logística envolvida, contrataria os fiscais, receberia os candidatos, digitalizaria a prova e a enviaria para a banca examinadora. Contamos com um sistema que a Superintendência de Tecnologia da Informação (STI) desenvolveu para que a prova digitalizada pudesse ser enviada para a banca corrigir, com a desidentificação do candidato, ou seja, a prova ficaria anônima”.

De acordo com o superintendente da STI, Hélcio Rocha, o setor foi responsável por coordenar o desenvolvimento de aplicação de um sistema inovador de correção de prova online, em razão da situação de isolamento social. “Antes o lançamento de notas era feito de forma manual e agora essa aplicação as exporta para o sistema da Coordenação do Pessoal Docente (CPD), que consegue ter acesso a essas informações de forma automática e sem a identificação do candidato. Nós estruturamos o desenvolvimento dessa aplicação especificamente para esse evento, mas a tendência é que se torne mais comum, com ou sem pandemia. A aplicação vai estar disponível e poderá ser utilizada em qualquer outro concurso como ferramenta de correção de prova online”, enfatiza.

Outro diferencial desse concurso, ressalta Ricardo Carrano, diz respeito à modalidade da prova didática, que passou a ser remota e irá ser iniciada nos próximos dias. “Nós estamos fornecendo laptops para os departamentos a fim de que os candidatos possam utilizá-los durante a prova. Além disso, estamos possibilitando à maioria dos departamento o acesso à Central de Aplicação da Provas Práticas, local onde serão instalados computadores e ao qual o candidato poderá se dirigir para ministrar a sua aula didática”.

O superintendente de Operações e Manutenção da UFF Mário Ronconi, também bastante atuante na viabilização das mudanças estruturais que vêm possibilitando a realização do concurso, ressalta algumas das frentes de trabalho por ele coordenadas ao longo desse processo: “tivemos uma equipe de manutenção predial, constituída por eletricistas e bombeiros hidráulicos e contou com 14 pessoas; uma equipe de apoio logístico, que inclui trânsito, acesso ao campi, que contou com 12 pessoas; uma equipe de motoristas com veículos, com participação de seis pessoas; e uma equipe para sanitização dos prédios, com quatro pessoas”.

Dentre as muitas atividades realizadas pela superintendência, Ronconi confere um destaque às ações da SOMA a serem efetivadas nos próximos dias, com a realização das provas didáticas: “considerando que estamos tendo o circuito de vacinação drive thru contra a COVID-19 no Gragoatá/UFF, que será um local de prova, foi montado um esquema de estacionamento para os candidatos. Para as provas didáticas, foram reservados os blocos P e M, num total de 25 salas, todas elas equipadas com Data Show e computador, além da presença de um frasco de álcool em gel para os candidatos. Entre um participante e outro, a sala será sanitizada com quaternário de amônia. Na entrada do prédio, irá ser feita a aferição da temperatura de todos os que acessarem o local e também estará à disposição deles álcool 70”.

As mudanças e esforços para tornar esse concurso viável na atual conjuntura não param por aí. Carrano também destaca a adaptação ocorrida na etapa da prova de títulos. “Num concurso tradicional, o candidato imprimia uma grande quantidade de papel e entregava para a banca avaliar. Isso gerava alguns problemas: além da impressão desnecessária, havia a necessidade de protocolizar uma centena de páginas. Agora, estamos desenvolvendo um sistema para a entrega desses documentos no qual o candidato faz o upload dos arquivos. Haverá automaticamente a geração de um recibo, que é mais seguro e também mais prático”.

O coordenador afirma que a realização do concurso foi fundamental para garantir o provimento das vagas ainda em 2021, evitando que elas fossem recolhidas e também transferidas para outras IFES. Ele destaca que sua execução só foi possível em razão da liderança e do apoio pleno do reitor e de todo o Gabinete, que reuniu forças da instituição em prol de um importante projeto para toda a UFF. Ele também ressalta: “a integralidade dos setores da Pró-Reitoria de Gestão de Pessoas (PROGEPE), responsável por todas as etapas, que se iniciam com o lançamento do Edital e terminam com a posse efetiva do docente; a Superintendência de Tecnologia de Informação (STI), no apoio tecnológico e no aperfeiçoamento de práticas e ferramentas; a Coordenadoria de Seleção Acadêmica (COSEAC) / Pró-Reitoria de Graduação (PROGRAD), na aplicação das provas escritas, de forma segura e eficiente; a Superintendência de Operações e Manutenção (SOMA), na seleção, sanitização e preparação das instalações usadas pelo concurso; a Pró-Reitoria de Planejamento (PROPLAN), na agilidade dos processos de contratação das despesas; e, finalmente a Fundação Euclides da Cunha (FEC), na operacionalização e contratação de diversos agentes imprescindíveis para a efetivação da iniciativa”.

Ricardo Carrano enfatiza ainda o papel significativo desempenhado pelos diretores de unidades no apoio logístico, assim como o comprometimento dos mais de quarenta departamentos de ensino que, segundo ele, organizam quase 80 concursos distintos e que tem, de forma ágil, tomado uma série de providências em tempo bastante curto”. Por fim, ele aponta a atuação do Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (CEPEX), através de seu pleno e de suas câmaras, e do Grupo de Trabalho (GT) de Concursos da UFF, que tiverem ação decisiva na construção normativa e nas deliberações e homologações necessárias. “Em síntese, é fundamental reafirmar o intenso comprometimento de muitos servidores e gestores de todos os cantos da universidade, chegando facilmente a mais de uma centena de pessoas envolvidas nas diversas etapas desse processo”.

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