Professor da UFF se torna imortal da Academia Brasileira de Letras

Crédito da fotografia: 
Reprodução/Youtube/ABL
Ricardo Cavaliere é docente do Programa de Pós-Graduação em Estudos de Linguagem da UFF e ocupará a cadeira 8 da ABL

A Academia Brasileira de Letras (ABL) é uma instituição literária fundada em 1897, com sede no Rio de Janeiro, que tem como objetivo promover a literatura e a língua portuguesa, além de incentivar os estudos das letras e das ciências humanas em geral. A ABL é composta por quarenta membros vitalícios, chamados "imortais", que são escolhidos com base em sua produção literária e em sua contribuição para a cultura brasileira. Entre os membros da ABL, estão alguns dos maiores escritores e intelectuais do país, como Machado de Assis, Carlos Drummond de Andrade, Clarice Lispector e, mais recentemente, o músico Gilberto Gil e a atriz Fernanda Montenegro. A Academia Brasileira de Letras é responsável por diversas iniciativas culturais, como a realização de eventos literários, a publicação de livros e a concessão de prêmios literários. Além disso, a instituição mantém uma biblioteca com um acervo de mais de 100 mil obras.

Ricardo Stavola Cavaliere, escritor e filólogo - ou seja, estudioso da língua portuguesa através de textos escritos -, foi eleito no último dia 27 de abril para a cadeira 8 da ABL, lugar anteriormente ocupado pela escritora Cleonice Berardinelli, falecida em janeiro de 2023. Atualmente, Ricardo é professor aposentado da Universidade Federal Fluminense (UFF), onde atua no Programa de Pós-Graduação em Estudos de Linguagem (PPGEL). Também é membro da Academia Brasileira de Filologia e diretor da Revista Confluência. Foi, ainda, conselheiro do Liceu Literário Português, e do Real Gabinete Português de Leitura, que lhe conferiu o título de Grande Benemérito. Além disso, o docente é autor de mais de uma centena de trabalhos acadêmicos e integra diversas associações nacionais e internacionais em sua área de pesquisa.

Confira abaixo a entrevista com o mais novo imortal da ABL:

 

Fale um pouco sobre a sua carreira. Como o senhor começou a se interessar pelo estudo da Língua Portuguesa? Como decidiu se tornar escritor?

Descobri minha vocação para os estudos linguísticos ainda aos 15 anos, quando ingressei no curso clássico do Colégio Pedro II. Prestei o vestibular para o curso de Letras da UFRJ em 1971 e logo iniciei minha carreira de professor de língua portuguesa em 1972, como docente com autorização provisória da Secretaria de Educação. Nesse início, fui professor de ensino supletivo, passei por colégios particulares, assumi uma matrícula no magistério público estadual, até culminar com duas matrículas federais, uma no Colégio Militar e outra no Colégio Brigadeiro Newton Braga. Minha atividade de pesquisa iniciou-se em 1987, com o ingresso no curso de mestrado na UFRJ. Em 1991, prestei concurso para a UFF, onde não só pude desenvolver projetos de pesquisa mais avançados, como também tive oportunidade de concluir meu doutorado em Língua Portuguesa. São 51 anos de vida dedicados ao estudo e à docência da língua portuguesa.

Na sua concepção, qual a importância da ABL para a preservação e apreciação das literaturas brasileiras e da Língua Portuguesa?

A ABL é uma das instituições mais prestigiadas do Brasil em face da confiabilidade de suas posições nos vários temas que compõem a vida intelectual e social brasileira. No plano linguístico, é a instituição que historicamente representa o Brasil como interlocutor nos fóruns internacionais, mormente no âmbito das nações lusofônicas.

Como foi feito o convite para concorrer à 8ª cadeira da ABL? Qual o significado dessa eleição em sua carreira?

Há cerca de cinco anos, o professor Evanildo Bechara vinha incentivando-me a concorrer a uma vaga na ABL. O mestre, então com 90 anos de idade, via que suas forças já não eram as mesmas para dar conta das tarefas acadêmicas, entre elas o dicionário que está em elaboração, a atualização do VOLP, a administração do ABL responde, entre outras atividades. Minha proposta na ABL, assim, é de dar continuidade ao trabalho exemplar do professor Bechara, senão com a mesma competência, ao menos com o mesmo denodo e entusiasmo. Portanto, integrar hoje os quadros da ABL, para mim, implica uma responsabilidade imensa que só não é maior do que a honra e o prazer de estar entre os que compõem seus quadros.

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