A disciplina de Perspectivas sócioantropológicas em saúde do Curso de Graduação em Enfermagem da UFF Rio das Ostras, coordenada pela professora Hayda Alves, recebeu no dia 06 de junho, lideranças da Comunidade Quilombola Botafogo - que fica localizada entre os municípios de Cabo Frio e São Pedro da Aldeia (RJ) para uma roda de conversa intitulada “Resistência da Comunidade Quilombola Botafogo”.
Entre os convidados estava o senhor João dos Santos, um Griô que partilhou a memória de formação e luta da comunidade, que é certificada pela fundação Palmares desde 2004. A atividade contou com a organização de sua neta, Sara dos Santos, estudante do Curso de Graduação em Enfermagem da UFF-Rio das Ostras. Participaram Claudete dos Santos ( filha de Sr. João) e Mirinho do banjo que destacaram a importância da educação, da cultura e da escuta dos mais velhos para a identidade quilombola como estratégia de fortalecimento da luta por direitos.
O evento contou com a participação de Rafaela Quilombola, que é uma liderança jovem da Comunidade e também Diretora da Juventude junto a Associação Estadual das Comunidades Quilombolas do Estado do Rio de Janeiro (ACQUILERJ).
Rafaela destacou a necessidade de superação do racismo estrutural que dificulta o ingresso, além de limitar a permanência e a vivência da juventude quilombola na Universidade. Ela destaca que o Rio de Janeiro possui 58 comunidades quilombolas, sendo 11 na região dos Lagos. “Contudo, ainda há um longo caminho a se trilhar junto às instituições de ensino superior para o acesso dessa juventude à universidade pública e que as comunidades quilombolas não querem mais ser apenas “objeto de estudo”, afirmou Rafaela. Ressaltou, ainda, que” não há tempo para resignação ou invisibilidade, as comunidades quilombolas estão cada vez mais organizadas para buscar seus direitos”.
A professora Hayda Alves ressalta que essa luta não é só dos povos remanescentes de quilombo, exige solidariedade e apoio de toda sociedade como parte da luta antirracista. “A identidade quilombola é uma identidade de resistência. Entender a história e o protagonismo dessas comunidades é parte de um processo de reconhecimento e visibilidade dos saberes, das lutas e das resistências dos povos remanescentes desde os tempos de cativeiro. Como parte de políticas de reparação, a universidade tem um papel importante em assegurar a entrada e a permanência de estudantes quilombolas e indígenas, mas também, em possibilitar espaços de aprendizagem e diálogo” enfatizou a docente.