Diagnóstico precoce auxilia no tratamento do câncer de boca e pode salvar vidas, destacam especialistas do Huap

Ambulatório de diagnóstico oral do Huap

Além do atendimento aos pacientes do hospital, equipe de estomatopatologia realiza pesquisas sobre a doença, que muitas vezes passa despercebida

Você sabia que uma mancha indolor na mucosa oral pode ser sinal de câncer de boca? Com objetivo de prevenir e realizar o diagnóstico precoce da doença, a equipe de estomatopatologia, formada por profissionais das especialidades de Estomatologia e Patologia Oral do Hospital Universitário Antônio Pedro (Huap-UFF), vinculado à Empresa de Serviços Hospitalares (Ebserh), realiza pesquisas sobre o tema.

“O câncer de boca (carcinoma de células escamosas) é uma doença multifatorial, ou seja, existe a participação de alterações genéticas e fatores ambientais no seu desenvolvimento. Entre os principais fatores de risco estão o tabaco e o consumo crônico de bebida alcoólica”, explica a professora Rafaela Rozza-de-Menezes, coordenadora do ambulatório de Diagnóstico Oral do Huap.

A professora detalha que o exame de citopatologia (análise das células da mucosa da boca) é uma ferramenta útil no rastreamento de lesões suspeitas. O diagnóstico é feito por meio de biópsia, e as amostras são coletadas por profissionais do ambulatório de Diagnóstico Oral e avaliadas por patologistas orais que atuam na Unidade de Laboratório de Análises Clínicas e Anatomia Patológica do Huap.

Inovações no diagnóstico

O ambulatório de Diagnóstico Oral do Huap realiza, anualmente, cerca de 1.800 atendimentos, 400 exames citopatológicos e 200 biópsias de diversos tipos de lesões, sendo o único serviço de atenção terciária e quaternária de alta complexidade na Região Metropolitana II do Rio de Janeiro. Em 2023, a equipe foi contemplada com um edital fruto de parceria entre a Prefeitura de Niterói e a Universidade Federal Fluminense, angariando mais de R$ 300 mil reais para a realização de um projeto sobre a prevenção e diagnóstico precoce do câncer de boca. O recurso permitirá a construção de um novo espaço para o atendimento estomatológico e a aquisição de um equipamento inovador no rastreamento precoce do câncer de boca.

“Trata-se de um equipamento que utiliza a técnica da análise da autofluorescência para a detecção de células cancerígenas, o que nos ajuda a suspeitar de lesões que podem se tornar um câncer”, informa Rozza-de-Menezes.

Também serão investigados casos em que o vírus HPV (papilomavírus humano) pode estar associado ao câncer de boca. “Atualmente, tem-se visto jovens que não fumam e não bebem e que desenvolvem doença, por isso a possibilidade da participação do vírus HPV nestes casos tem sido levantada e investigada por diversos pesquisadores pelo mundo”, comenta a professora Karin Gonçalves, que atua no Serviço de Patologia Oral do Huap.

“Sabemos que o vírus HPV está claramente associado a outros tipos de câncer, como o de colo uterino, mas a relação com o câncer de boca ainda é não compreendida. Nesta pesquisa, também vamos investigar o papel do HPV no câncer de boca”, destaca.

Agentes multiplicadores

Além das inovações no atendimento, o projeto também tem como objetivo capacitar profissionais do Sistema Único de Saúde (SUS) da Região Metropolitana II do Rio para atuarem no diagnóstico precoce do câncer de boca ainda na atenção básica em saúde. “Quanto mais rapidamente identificamos, mais simples é o tratamento e melhor o prognóstico. No início, muitos pacientes apresentam apenas uma mancha branca ou vermelha totalmente indolor, e se não houver um dentista fazendo um exame e identificando essa lesão, ela pode passar despercebida”, explica a professora Karin Gonçalves.

A equipe de estomatopatologia do Huap conta com cinco professores do Departamento de Patologia da Faculdade de Medicina da UFF, que atuam nas especialidades de Estomatologia e Patologia Oral, além de alunos de graduação, especialização scricto sensu, mestrado e doutorado do Programa de Pós-Graduação em Patologia da UFF.

O engajamento na pesquisa viabilizou a aquisição, ao longo de décadas, de diversas tecnologias que permitem oferecer aos pacientes laserterapia de baixa potência, terapia fotodinâmica, citopatologia em meio líquido, videocâmera oral e o microscópio oral que possibilita a obtenção de imagens clínicas em aumento de 225 vezes.

Segundo a professora Rafaela, o câncer de boca pode, ainda, se apresentar de diferentes formas clínicas. “Em casos mais avançados, observa-se destruição do tecido, formando grandes úlceras, evoluindo para um quadro onde o paciente sente muita dor, não consegue mais falar direito, se alimentar. Em alguns casos, não consegue mais abrir a boca normalmente, o que reduz bastante a qualidade de vida, por isso quanto mais rápida a identificação, é possível melhorar o prognóstico do paciente”, conclui.

Sobre a Ebserh

O Hospital Universitário Antônio Pedro (Huap-UFF) faz parte da Rede Ebserh desde abril de 2016. Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Ebserh foi criada em 2011 e, atualmente, administra 41 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência. Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) ao mesmo tempo que apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas e inovação.

 

Fonte: Coordenadoria de Comunicação Social do Huap

Compartilhe