Projeto da UFF promove bem-estar e cuida da saúde mental materna

Crédito da fotografia: 
Paula Land Curi/Logo do Projeto
Organização composta por estudantes de psicologia oferece assistência às mães durante a gestação

A saúde mental, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), é um estado de bem-estar no qual o indivíduo lida com o estresse normal da vida, trabalha de maneira produtiva e contribui com sua comunidade. Entretanto, quando se trata da realidade psicológica de mulheres na maternidade, o cenário é preocupante: uma em cada quatro mulheres apresenta sintomas de depressão pós-parto, de acordo com a pesquisa “Nascer no Brasil”. Visando mudar esse quadro, o projeto de extensão “Promoção de cuidados e assistência humanizada às mulheres em perinatalidade”, da Universidade Federal Fluminense, se propõe a dar suporte às mulheres em situação de vulnerabilidade psíquica e social.

O projeto foi criado pela docente do Instituto de Psicologia da UFF Paula Land Curi, que, antes de ser professora, já trabalhava com psicologia na maternidade. Quando passou a lecionar na universidade, ela sentiu a necessidade de incluir esse ramo de estudo nas práticas de extensão. A professora afirma haver “diversos trabalhos possíveis de serem desenvolvidos sobre maternidade, pois gestação, parto, puerpério e abortamento são vivências que se apresentam no cotidiano das mulheres e é necessário cuidar da mente dessas mães em cada uma dessas etapas”. O projeto teve início em 2019, com a preparação dos alunos para a entrada nesse novo campo.

O projeto de extensão faz parte do “Programa Mulherio: Tecendo redes de resistência e cuidados”, que compreende, além dos cuidados psicológicos na maternidade, estudos de gênero, políticas e direitos para mulheres, violências e seus efeitos no cotidiano das minorias.

Giovanna de Souza, discente do nono período do curso de Psicologia da UFF e bolsista do programa, explica como o projeto atua na promoção de cuidados a essas mulheres. “O projeto se dedica a contribuir para a assistência humanizada às mulheres em perinatalidade mediante a oferta de atendimentos psicológicos remotos. As mães, uma vez interessadas em usufruir de acompanhamento psicológico, são orientadas a endereçarem esta solicitação a nosso email de contato. Em seguida, agendamos sessões clínicas semanais. Os meios e as modalidades de comunicação utilizadas são definidos entre discente e paciente, conforme a disponibilidade de acesso de ambas, mas predominam as chamadas de vídeo por WhatsApp”, afirma.

Além dos atendimentos, o programa também engloba outras atividades. De acordo com a bolsista, “organizamos também grupos de estudos, rodas de conversa, palestras, cursos de extensão e outros eventos com nossas parcerias, voltados ao debate de temas relacionados aos direitos sexuais e reprodutivos, políticas públicas para mulheres e violências de gênero. Tecemos redes de cuidados que amparem e garantam o exercício da cidadania dessas mulheres”.

Vale lembrar que a pandemia da Covid-19 demonstrou ainda mais a necessidade de atenção e cuidado na maternidade, levando em consideração que, segundo dados do Observatório Obstétrico Brasileiro disponibilizados em 2021, a mortalidade materna no Brasil aumentou 94,4% devido a complicações no parto, na gravidez e no puerpério. Nesse sentido, a bolsista relata as condutas que corroboram essas complicações: “são práticas que configuram transgressões aos direitos sexuais e reprodutivos das mulheres, expressas nas violências e racismos obstétricos, nos entraves de acesso ao aborto legal, nos problemas de alcance e efetivação dos planejamentos reprodutivos. Além disso, no puerpério, a carência de políticas de amparo social à maternidade e de equipamentos públicos de cuidados, como creches, são outros pontos adversos nas realidades de vida destas mães”.

Frente ao cenário nacional no suporte de mulheres na maternidade, a estudante reitera a importância e a responsabilidade do projeto. “Há muitas precariedades nas condições de acesso ao serviço, elementos moduladores que dizem diretamente respeito às especificidades das demandas da população assistida. Portanto, entendemos que nosso compromisso ético-político com as questões endereçadas por estas mulheres mães nos convoca a sustentar a escuta clínica justamente no tensionamento entre os impasses apresentados e as possibilidades de promoção de cuidados”, finaliza.

Para conhecer mais o projeto, acesse o link: https://www.instagram.com/cuidardemulheres/.

Compartilhe