Laboratório de Microbiologia Experimental e Aplicada do campus de Nova Friburgo da UFF colabora com o desenvolvimento da ciência biomédica brasileira

Crédito da fotografia: 
medcentras
O projeto busca auxiliar no tratamento de doenças infecciosas e melhorias ambientais ao integrar nova rede de pesquisa

O Laboratório de Microbiologia Experimental e Aplicada do campus de Nova Friburgo da Universidade Federal Fluminense (UFF) possui linhas de pesquisa voltadas para o estudo da virulência bacteriana, ou seja, estruturas e substâncias produzidas por micro-organismos que, apesar de causarem danos ao seu hospedeiro, podem lhe conferir vantagens biológicas. Como, por exemplo, auxiliar nos processos de prevenção e tratamento de doenças infecciosas.

Criado com o objetivo de colaborar para a interiorização da ciência na região serrana do Rio de Janeiro, o Laboratório de Microbiologia Experimental e Aplicada trabalha com projetos de pesquisa na área de microbiologia e de educação científica. Este laboratório é utilizado por diversos especialistas, pesquisadores e professores tanto da própria UFF quanto da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), do Instituto Butantan, Palm Beach Atlantic University, da Universidade Estácio de Sá (UNESA), da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), e entre outras.

Os principais trabalhos realizados são derivados de projetos de pesquisa e de educação em microbiologia, que envolvem a avaliação do potencial de novas drogas antimicrobianas contra bactérias de interesse médico e odontológico. “No âmbito do ensino, estamos desenvolvendo modelos 3D para educação em microbiologia. Para o meio ambiente, desenvolvemos um bioproduto do metabolismo microbiano que irá auxiliar no controle dos deslizamentos de encostas que acontecem nos períodos de chuva em nossa região”, afirma o professor Helvécio Póvoa, coordenador do laboratório.

Estudantes no Laboratório de Microbiologia experimental e Aplicada do campus de Nova Friburgo da UFF

Além disso, o Laboratório é o primeiro laboratório da UFF a integrar a rede zebrafish do Instituto Butantan/SP, que tem o objetivo de promover comunicação, integração e fomentar colaborações entre os profissionais que trabalham com zebrafish, ou seja, o “peixe zebra” — nome que recebeu devido às linhas em suas escamas —. Trata-se de um animal de água doce que mede por volta de cinco centímetros quando adulto e é utilizado como modelo complementar de experimentação, em substituição ao uso de roedores. Por ocupar menos espaço, ter um custo reduzido e ser mais versátil, o uso do peixe está se popularizando na comunidade científica, porém, a UFF está trabalhando para suspender o uso de cobaias.

“Esse modelo apresenta muitas vantagens, como o seu ciclo reprodutivo rápido, de fácil manutenção, com necessidade de pouco espaço laboratorial, baixo custo, genoma totalmente sequenciado, embriões transparentes, capacidade de regeneração de órgãos e alta reprodutividade. Assim, em 2019, instalamos o BIOAQUA  — biotério para criação, manejo e experimentação com zebrafish — , integrando a rede desses equipamentos da UFF, onde podemos desenvolver estudo de virulência bacteriana, toxicidade e avaliação de novas drogas terapêuticas”, explica o professor.

Segundo Helvécio, em conjunto com outros laboratórios na UFF e outras universidades, espera-se, cada vez mais, praticar a redução, substituição e refinamento do uso de animais nos espaços científicos. Dessa forma, é estabelecido um banco de dados, com acesso à literatura especializada e estímulo à publicação de resultados negativos, qualidade genética, sanitária e ambiental dessas espécies.

A aluna de graduação em biomedicina na UFF e bolsista Iniciação científica (2022-2023) Isabel Pacheco afirma que, além do modelo de zebrafish, trabalha-se com modelos invertebrados como uma forma de consolidar a prática dos 3Rs —  reduzir, reutilizar e reciclar — no espaço científico acadêmico. “De forma geral, a microbiologia é muito importante para termos uma melhor qualidade de vida, podendo ser utilizada tanto para prevenção de doenças quanto para melhorias ambientais. Dessa forma, os nossos projetos evidenciam isso, bem como a importância de termos pesquisadores e cientistas dedicados a esse mesmo fim”.

De acordo com Helvécio, acredita-se que a manutenção, desde 2012, de projetos de pesquisa relevantes, com produção expressiva no panorama científico do país e sua constituição como centro de referência regional em microbiologia. Por esse motivo, o professor aponta que os projetos de pesquisa desenvolvidos no laboratório proporcionam aos estudantes de graduação e pós-graduação uma formação profissional contemporânea com técnicas e metodologias tradicionais e inovadoras na construção do conhecimento. “Buscamos proporcionar um ambiente criativo, equitativo e colaborativo, que permita o diálogo, a escuta, o respeito e estabeleça relações pessoais e profissionais permanentes e duradouras. Estimulamos as diferentes formas de expressão, de ensino-aprendizagem, de autoavaliação e autocrítica em um local que prima pela inclusão, justiça, equidade e partilha”.

Estudantes no Laboratório de Microbiologia experimental e Aplicada do campus de Nova Friburgo da UFF

O foco de implantar medidas de gestão sustentável dos resíduos laboratoriais a partir da redução e reutilização direta de materiais colabora com o desenvolvimento de ações para otimizar e reduzir os custos de energia e de água. Ademais, busca promover o diálogo permanente com a sociedade, atendendo às suas demandas locais, regionais e nacionais, e possíveis alternativas para as mesmas na promoção da saúde única.

Com os estudantes participando de todas as etapas dos projetos, desde a sua concepção, desenho, metodologia até sua execução e análise dos resultados, cresce o foco em tornar o laboratório um grande observatório para o monitoramento ativo de bactérias capazes de se multiplicar em um organismo e resistentes aos antimicrobianos. A partir dessas atividades, espera-se orientar as equipes de saúde da UFF na prevenção e no tratamento das doenças infecciosas que estão mais relacionadas à alta taxa de mortalidade no país, formando profissionais e levando o trabalho de forma transparente, aplicado e humanizado para a sociedade.

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