Dentro da UFF e por trás das telas: quem são e como caminha o trabalho presencial e remoto das pessoas que mantêm a universidade pulsante após um ano de pandemia

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João Fanara

Faz pouco mais de um ano que nos jardins da Reitoria da UFF não se encontram mais estudantes deitados pelo gramado, pessoas sentadas nos banquinhos de madeira ou fazendo fila para algum lançamento de livro e de filme. O grande pátio, antes sempre enfeitado de gente, cedeu lugar a um silêncio outrora desconhecido no lugar. A quietude na porta de entrada de um dos principais prédios da instituição, no entanto, esconde toda a movimentação interna dos seus funcionários. De um dia para o outro, eles precisaram reinventar os espaços, os tempos e as formas de trabalho coletivo para manter a universidade viva, em meio à maior crise sanitária do século e às instabilidades no cenário político e econômico brasileiro.

O reitor Antonio Claudio Lucas da Nóbrega esclarece que, em função da pandemia, novas diretrizes tiveram que ser estabelecidas em toda a universidade. “De imediato, determinamos a interrupção do período letivo e inserimos o trabalho remoto como forma de proteger nossa comunidade e toda a sociedade. Entretanto, a universidade é um organismo de múltiplas atividades e serviços que precisam ser mantidos, que impactam diretamente na vida das pessoas, como manutenção da estrutura física, gestão orçamentária e financeira, os relacionados a pessoal e atividades acadêmicas de regulação e emissão de documentos. Dessa forma, vários profissionais da UFF precisaram manter o trabalho presencial, demonstrando profissionalismo e espírito institucional. Nossa preocupação foi sempre a de prover as condições de trabalho e a segurança para estes funcionários, adaptando os ambientes, disponibilizando o teste para COVID-19 gratuitamente, fornecendo materiais de proteção e álcool 70% e orientando continuamente sobre as recomendações sanitárias. Tenho muito orgulho da coragem e do comprometimento dos nossos servidores que estão sendo fundamentais para vencermos este momento tão delicado”.

Todas as rotinas foram modificadas. Novas necessidades foram acolhidas. Projetos foram reescritos. Para muitos, o trabalho, que se estendeu para o regime de home office em alguns setores, aumentou. De acordo com a pró-reitora de Pesquisa, Pós-Graduação e Inovação (PROPPI) Andrea Latgé, “Praticamente vivemos dentro de um computador e nos comunicamos via múltiplas telinhas. Em 2020, por exemplo, realizamos editais para auxiliar alunos carentes da pós-graduação no acesso à internet. Produzimos editais de monitorias e de projetos de pesquisa associados aos desafios da pandemia que tiveram uma grande adesão. Preparamos o Seminário de Iniciação Científica totalmente online de forma bastante eficiente. Além disso, procuramos nos manter alertas às dificuldades dos discentes e dos docentes para vencer os desafios impostos pelo momento”, explica.

Os obstáculos impostos pela situação são muitos. O comprometimento da equipe, no entanto, tem possibilitado o desenvolvimento de novas e inusitadas soluções para cada um dos problemas e dificuldades que surgem diariamente. Segundo a pró-reitora, “alguns setores, por envolverem atividades de ponta, continuaram a manter atividades presenciais, como é o caso do setor financeiro, que tem sido incansável no atendimento a várias demandas de compras e realização de licitações e apoios aos pesquisadores. Ademais, a entrega e confecção de diplomas teve que ser continuada por entendermos ser um serviço essencial à comunidade. Num processo de muitas mãos, temos sido capazes aqui na PROPPI, em parceria com a PROGRAD, de entregar muitos diplomas e certificados a estudantes de mestrado, doutorado e especialização. Isso só tem sido viável pela dedicação das equipes que combinam entre si os melhores dias, momentos e composições”, enfatiza.

Andrea ressalta que um grande motor para a dedicação, as parcerias e a imensa criatividade que tem atravessado as novas rotinas de trabalho dos funcionários tem sido o compromisso com a comunidade e a ciência, da qual a universidade é representante: “Podermos dar continuidade aos sonhos de milhares de estudantes e fazer disso nossa missão tem nos movido para frente. Estar aqui e contando com muitos tem sido essencial. A mensagem da força da ciência tem podido se propagar por conta da participação e da crença que temos no que fazemos”.

Assim como a maioria dos setores da UFF, a Pró-Reitoria de Graduação (PROGRAD) precisou reorientar os processos de trabalho e procedimentos administrativos para possibilitar o cumprimento das atividades de modo remoto, em virtude das medidas de restrição adotadas para o enfrentamento da pandemia. No início, em um cenário completamente novo, o grande desafio foi a adaptação e a resposta rápida a cada demanda que surgia diariamente. De acordo com a assistente da Pró-Reitoria de Graduação Débora Janoth, “transpusemos para o meio digital e o formato remoto desde os encontros e reuniões com segmentos da comunidade universitária, passando pela concentração do atendimento ao público por email, realização de colações de grau, matrícula de ingressantes e de processos administrativos envolvendo estudantes, de modo que em maio de 2020 já estávamos realizando as primeiras colações de grau remotas e, em julho, as matrículas de novos alunos. E como resultado de um grande esforço conjunto, o semestre letivo regular retornou em setembro de 2020”.

Segundo a pró-reitora Alexandra Anastácio, nesse contexto de pandemia, a PROGRAD reorganizou os procedimentos para a entrega de diplomas de graduação e de pós-graduação, passando a atender, desde junho, principalmente os casos excepcionais, de forma escalonada e mediante agendamento prévio feito por email. “A transformação digital, que já era tão necessária e estava dando grandes passos antes da pandemia, foi aprimorada e deverá ser mantida. A realidade futura aponta para atividades híbridas; porém, é importante começar a reflexão sobre os novos desafios que surgirão na pós-pandemia, dentre eles, o de como dar continuidade ao percurso acadêmico do estudante e como consolidar e ampliar as ações da PROGRAD no novo cenário que começa a se descortinar”, analisa.

Podermos dar continuidade aos sonhos de milhares de estudantes e fazer disso nossa missão tem nos movido para frente. Estar aqui e contando com muitos tem sido essencial. A mensagem da força da ciência tem podido se propagar por conta da participação e da crença que temos no que fazemos”, Andrea Latgé, pró-reitora de Pesquisa, Pós-Graduação e Inovação. 

A chefe da Divisão de Registro e Acompanhamento de Discentes, do Departamento de Administração Escolar (DRA/DAE) Adriana Arrojado Correia Pereira é uma das servidoras da PROGRAD que viveu na pele as transformações descritas por Débora Janot ao longo desse último ano. Para ela, “repensar todas as atividades de um setor com uma demanda tão volumosa e diversificada de trabalho, como o nosso, para o formato remoto não foi tarefa fácil. E, pessoalmente, foi, no mínimo, desafiador para uma pessoa que assumiu a chefia menos de um mês antes do agravamento da pandemia e o consequente estabelecimento do trabalho remoto na UFF. Foi necessário um esforço grande de reflexão, bateria de reuniões e construções coletivas de materiais escritos”.

Adriana, assim como Débora, enfatiza o quanto a conjuntura excepcional catalisou o processo que já estava se desenrolando há um tempo de mudança para o formato digital de algumas atividades, a exemplo dos processos de transferência, reingresso, rematrícula, disciplina isolada e cancelamento de matrícula: “outro grande desafio foi a mudança da matrícula dos ingressantes do SISU, antes presencial e envolvendo uma grande logística e quantitativo de pessoas, para o modelo totalmente digital, o que envolve trabalho árduo de muitas pessoas antes, durante e depois do processo. Consciente também da importância da ação do setor e de seu impacto na vida dos discentes, desde o início do segundo semestre, mantive uma rotina semanal de idas à reitoria, para atendimento de demandas emergenciais que só poderiam ser resolvidas presencialmente”, destaca.

Enquanto grande parte dos setores da UFF se adaptou para a realização de atividades em regime de home office, alguns outros, pela natureza do trabalho, tiveram que se manter quase que exclusivamente com funcionamento presencial, como é o caso da Superintendência de Operações e Manutenção, a SOMA. De acordo com o Superintendente de Operações e Manutenção Mario Augusto Ronconi, o fato de agregarem setores e atividades que, em sua maioria, requerem o exercício presencial das funções, fez com que as equipes se adaptassem desde o início da pandemia para garantir a continuidade das atividades essenciais, adotando os cuidados necessários ao desempenho das tarefas de modo a se evitar o contágio pela COVID-19. “Adquirimos álcool em gel, sanitizantes e máscaras para servidores e colaboradores terceirizados que exercem as atividades presencialmente. Além disso, os servidores com mais de 60 anos e os com idade inferior a 60 que são portadores de doenças crônicas encontram-se afastados dos trabalhos presenciais e/ou executam suas rotinas, quando a atividade exercida assim o permite, em home office”.

Segundo o Coordenador de Manutenção da SOMA Julio Rogerio Ferreira da Silva, houve a implantação de serviços estratégicos para a universidade através de contratos implementados. Alguns exemplos são: a reformatação do contrato de manutenção predial, reforma e reparos em bombas d’água, serviços de poda de árvores, manutenção de áreas verdes e roçada, renovação do contrato de manutenção de elevadores com redução do custo final para a universidade, manutenção em sistemas de ar condicionado central, manutenção preventiva constante nos aparelhos de refrigeração tipo split e de janela, combatendo a proliferação de ácaros e fungos, devido ao longo período sem uso, manutenção de extintores e limpeza periódica de caixas d’água.

Já para o Vice-Superintendente de Operações e Manutenção e Coordenador de Transporte, Segurança e Logística da UFF Carlos Alberto Belmont, a pandemia de COVID-19 impactou numa série de transformações nas rotinas da SOMA. E mesmo com a suspensão de algumas atividades, muitas outras foram implantadas. “Com a interrupção das aulas presenciais de graduação em março/2020, tivemos que suspender os serviços de BUSUFF e de transporte de alunos para trabalhos de campo e aulas práticas. Em contrapartida, utilizamos a nossa frota de ônibus e vans para garantir o transporte dos profissionais do HUAP no período em que a disseminação do novo coronavírus impôs restrições à circulação de ônibus intermunicipais no estado do Rio de Janeiro. Ainda no tocante à àrea de transporte, foram mantidas as tarefas essenciais, como a entrega de alimentos nas moradias estudantis, a entrega de chromebooks para estudantes contemplados nos editais de política de assistência estudantil e a colaboração na fabricação de faceshields em parceria com a Escola de Engenharia, entre outras ações”.

A transformação digital, que já era tão necessária e estava dando grandes passos antes da pandemia, foi aprimorada e deverá ser mantida. A realidade futura aponta para atividades híbridas; porém, é importante começar a reflexão sobre os novos desafios que surgirão na pós-pandemia, dentre eles, o de como dar continuidade ao percurso acadêmico do estudante e como consolidar e ampliar as ações da PROGRAD no novo cenário que começa a se descortinar”, Alexandra Anastácio, pró-reitora de Graduação.

O Superintendente Mario Ronconi reforça que grande parte dos novos serviços inaugurados pela SOMA durante esse período de pandemia estão voltados não somente para a comunidade interna da UFF, mas para a externa: “as atividades realizadas pelos servidores e colaboradores da SOMA vêm garantindo o cumprimento da função social da universidade, tanto em assegurar a infraestrutura necessária ao ensino, pesquisa e extensão de seus alunos como em contribuir para os transportes e manutenções essenciais à instituição. Os trabalhos executados também geram uma relevante colaboração da instituição com a população de Niterói, garantindo vacinação e testagem para a COVID-19 em suas dependências”.

O funcionário Carlos Eduardo da Silva Ramos, lotado na Coordenação de Manutenção, exemplifica algumas das mudanças que viraram rotina de trabalho, grande parte delas voltadas ao enfrentamento da pandemia: “executamos diversas ações de combate à COVID-19, sendo a principal delas a abertura do campus do Gragoatá para receber um posto de vacinação que funciona diariamente e atende à população em geral. É gratificante a universidade poder contribuir de forma positiva para a eliminação do vírus e nós, como servidores da SOMA, podermos colaborar de forma efetiva para o resultado dessa iniciativa tão importante para a população”.

Assim como Carlos, o servidor Nilo José Ribeiro Pinto, diretor de Transporte da UFF, ressalta algumas modificações das funções por ele desempenhadas. “Inúmeras são as demandas executadas pela SOMA durante o período de restrição das atividades presenciais, observadas as normas de saúde para a preservação da vida de todos os servidores e colaboradores, como o transporte de profissionais da saúde do HUAP, com circulação da frota 24 horas por dia, sete dias por semana; o transporte de costureiras para confecção das máscaras para a Frente UFF, além de todo o suporte logístico nas ações da UFF em parceria com as instituições públicas e privadas no combate à COVID-19. Orgulho-me de fazer parte deste time de incansáveis e afirmo que a SOMA é a locomotiva da UFF, se colocando sempre à disposição de toda a comunidade acadêmica e da sociedade”.

A SOMA também se fez presente em muitas unidades da UFF, dentro e fora de Niterói, a exemplo do campus de Santo Antônio de Pádua, lugar em que muitas obras foram realizadas ao longo do ano de 2020. De acordo com o gerente operacional e administrativo do Instituto do Noroeste Fluminense de Educação Superior (INFES) Benício Jorge Brasil Neto, a presença da SOMA por meio de visitas técnicas foi fundamental para que fossem realizados consertos dentro do instituto que vinham sendo solicitados há muito tempo. “A universidade comprou doze containers para os laboratórios; fizemos obras para mudar teto, calçada... O reitor colocou no circuito todo o seu pessoal, cooperando para que as melhorias fossem feitas no espaço. Com todo esse apoio, a gente se anima. É um prazer trabalhar desse jeito. Somos muito gratos ao Antonio Cláudio e a todos os pró-reitores e superintendentes; em especial ao Mario Ronconi, que cuida muito bem desse lugar com a gente. A SOMA não deixa nada aqui parar”, comemora.

O gerente operacional complementa dizendo que foram tomados todos os cuidados possíveis ao longo desse processo. “Todas as semanas, por exemplo, fazíamos reuniões com os terceirizados para saber como estavam as famílias. Se houvesse qualquer problema, solicitávamos que retornassem para casa. Além disso, o município aqui é pequeno, com 40 mil habitantes e a prefeitura conseguiu controlar bem a pandemia, o que facilitou nosso trabalho presencial. Nunca tivemos um grande número de pessoas com COVID-19 na cidade. Além disso, a reitoria também nos abasteceu com máscaras, álcool em gel e materiais de limpeza”.

Benício é um dos muitos funcionários que têm mantido a universidade funcionando a plenos pulmões, em seus diferentes campi, localizados em Niterói e nos municípios de Campos dos Goytacazes, Nova Friburgo, Rio das Ostras e Volta Redonda, Angra dos Reis e Macaé, além de em Santo Antônio de Pádua, que sedia a UFES. Cuidando de atividades essenciais que não podem ser interrompidas e que exigem o acompanhamento presencial das tarefas, a exemplo da manutenção de prédios, obras diversas, área verde e terceirização, o gerente operacional se vê parte de uma grande rede humana comprometida com a instituição : “o instituto praticamente não parou. As coisas funcionam porque há um conjunto de pessoas querendo o bem da UFF”. Nesse contexto, o servidor cita também outros setores da unidade de Pádua que, pelo teor de suas atividades, vêm realizando suas funções não somente online, mas também semipresencialmente, como a gerência de patrimônio, de TI e de finanças.

Durante esse período de pandemia, outra unidade que não interrompeu suas atividades nem por um dia foi o Hospital Antonio Pedro (HUAP). Pelo contrário, além de toda a parte de atendimento médico e ambulatorial e das rotinas de prevenção e controle durante a assistência aos casos suspeitos ou confirmados de infecção pelo novo coronavírus, outros serviços essenciais continuaram ativos. A arquiteta e urbanista do HUAP Carla Cristina da Rosa de Almeida explica que, ao longo de toda a pandemia, cuidou-se da estrutura física do hospital para que a edificação tivesse condições de atender, da melhor forma possível, os seus usuários (profissionais, pacientes, acompanhantes e alunos). Para isso, foram desenvolvidos projetos, orçamentos, contratações de serviços e executadas adequações e manutenção com equipe local.

As atividades realizadas pelos servidores e colaboradores da SOMA vêm garantindo o cumprimento da função social da universidade, tanto em assegurar a infraestrutura necessária ao ensino, pesquisa e extensão de seus alunos como em contribuir para os transportes e manutenções essenciais à instituição. Os trabalhos executados também geram uma relevante colaboração da instituição com a população de Niterói, garantindo vacinação e testagem para a COVID-19 em suas dependências”, Mario Ronconi, Superintendente de Operações e Manutenção.

Na Divisão de Logística e Infraestrutura Física Hospitalar, por exemplo, onde a profissional é lotada, faz-se desde compra de soro fisiológico a tomógrafo, assim como conserto de válvula de descarga e obras de grande porte, cuida-se da limpeza dos ambientes e também do fornecimento de conjuntos cirúrgicos. “Somos uma equipe de base para dar suporte à assistência. E o hospital é um organismo vivo! Temos que acompanhar as necessidades da assistência à saúde, da pesquisa e do ensino. Tudo aqui é muito dinâmico e precisamos agir de forma presencial e constante”, destaca Carla.

A arquiteta faz menção especial ao engajamento dos colegas de trabalho que, mesmo afastados, permaneceram ativos remotamente. “Sem esse suporte, não seria possível continuar enfrentando essa pandemia. Estamos trabalhando há mais de um ano. Fizemos muitas melhorias e ainda precisamos fazer mais. Estamos cansados, mas continuamos resistindo. Tudo é feito com muito esforço e dedicação da equipe que se compromete e veste a camisa. Quando atingimos o resultado esperado, vale a pena ter percorrido todo o caminho. Somos todos profissionais em saúde!”, ressalta.

Toda a necessidade de rápida adaptação ao novo contexto de trabalho e a alteração das rotinas não foi diferente para a Pró-Reitoria de Gestão de Pessoas (PROGEPE). E mesmo com a quase completa transformação de suas formas de execução, os serviços pelos quais o setor é responsável foram integralmente mantidos. O diretor do Departamento de Administração de Pessoal (DAP) Fabiano Alvares de Oliveira explica que todas as atividades do DAP continuaram sendo realizadas de forma ininterrupta, respeitando as legislações vigentes, atendendo as necessidades do servidor, como a execução da folha de pagamento, progressões, admissões, contratações, concessão de pensões, aposentadorias, afastamentos e demais demandas deste departamento.

Fabiano enfatiza que o trabalho presencial não foi inteiramente interrompido, em função da natureza das atividades do setor. Segundo ele, as tarefas realizadas no prédio da reitoria têm sido executadas de forma escalonada, com a presença fracionada da equipe em dias e horários alternados: “visando preservar a saúde do servidor que precisa se deslocar para realizar alguma atividade presencial, foi permitida a entrada em horários alternativos, com menor fluxo no transporte público”.

Para a diretora da Divisão de Admissão e Cadastro (DAC/CRL) Conceição Carvalho Teixeira, o trabalho remoto ganhou uma nova dimensão, fazendo emergir demandas e necessidades antes impensadas: “a necessidade de aderir às atividades profissionais de casa gerou demandas inéditas pelo ponto de vista da segurança digital, bem como para a gestão e o acompanhamento da força de trabalho. A mudança repentina para a execução das atividades remotamente gerou riscos de crimes cibernéticos, requerendo uma readequação dos processos e revisão das exigências visando resguardar o trabalho do servidor”. Além disso, ela sinaliza para o incremento do trabalho ao longo desse período de pandemia: “observei que minhas tarefas sofreram um acúmulo, pois além das demandas ligadas aos processos físicos, continuamos realizando algumas atividades remotamente, a exemplo da resposta e orientações por email, desbloqueio de senhas de acesso, sem contar a absorção das atribuições de servidores afastados por pertencerem ao grupo de risco”, enfatiza.

Conceição destaca alguns fatores que tornam o novo ambiente de trabalho único e também desafiador; dentre eles, o clima de tensão, as inseguranças e ansiedades pelas possibilidades de contaminação, as tristezas pelas perdas, o isolamento necessário, assim como o afastamento dos colegas de trabalho e do ambiente institucional. Segundo ela, no entanto, “a busca pela melhoria dos processos, do ambiente de trabalho, a recomposição das equipes e o incentivo à capacitação dos servidores têm sido fatores motivadores para que a equipe mantenha o comprometimento”.

Atenta a esse ambiente de trabalho singular que emergiu no contexto da pandemia e às novas necessidades de cuidado da comunidade dentro da UFF, a médica que está à frente da Coordenação de Atenção Integral à Saúde e Qualidade de Vida (CASQ) Fátima de Azevedo Loureiro aponta algumas das muitas mudanças que ocorreram ao longo desse período. “Criamos um ambulatório de Long COVID onde servidores que tiveram a infecção pelo coronavírus podem ser avaliados e acompanhados na presença de algum sintoma ou sequela. Criamos também a escuta psicológica pontual para que o servidor tivesse acesso mais ágil ao profissional psicólogo no momento de dificuldade. As atividades da Divisão de Promoção e Vigilância em Saúde (DPVS) foram reinventadas para o modelo virtual para atender às demandas do cenário de pandemia; fizemos aulas, vídeos e textos para dar suporte à saúde nesse momento de dificuldade”.

Outras atividades, fruto da criatividade e disponibilidade dos servidores, também merecem destaque, como a produção de vídeos educativos, de ergonomia, de relaxamento, entre outros temas. Semanalmente foram publicados textos de apoio ao enfrentamento do distanciamento social, dicas de relacionamento, dieta saudável, e também produzidos eventos online com temas diversos, a exemplo do suicídio. Também foi revisada a concessão de adicional de insalubridade para os profissionais do Hospital Universitário Antonio Pedro (HUAP) que trabalham diretamente e permanentemente com pacientes infectados pelo coronavírus.

Segundo a médica, “apesar de toda a dificuldade imposta pelo contexto da pandemia, a CASQ trabalhou muito e se reinventou. Novas modalidades de atendimento e de apoio ao servidor foram construídas. A adequação às novas normativas que surgiram durante a pandemia foram fundamentais para o desenvolvimento do trabalho seguro e objetivo. Como a universidade tem o saber como matéria-prima, vivemos um momento histórico de conhecimento, solidariedade, parcerias, troca de ideias, construções coletivas em prol do ‘outro’. Sou feliz por ser UFF”, finaliza.

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