“Salve uma vida”: Projeto capacita população em suporte básico à vida

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Curso Salve uma vida no Centro de Medicina do Exercício Decordis. Créditos: Luiz Antonio dos Santos Diego
Programa do curso de Medicina da UFF ensina participantes a identificarem condições clínicas e prestarem os primeiros socorros

Problemas como ataque cardíaco e asfixia são causas de morte recorrentes: no Brasil, cerca de 300 mil pessoas morrem por causas cardiovasculares, segundo o Ministério da Saúde; já a asfixia é a terceira maior causa de morte de recém-nascidos no mundo inteiro. Visando ensinar pessoas a identificarem e agirem corretamente em casos como esses, a Faculdade de Medicina da Universidade Federal Fluminense (UFF) promove o projeto de extensão “Salve uma Vida”. Realizado em parceria com a Sociedade Brasileira de Anestesiologia (SBA), o programa oferece oficinas de capacitação para a população do estado do Rio de Janeiro estar apta a assistir enfermos com base nos primeiros socorros.

“Os alunos da graduação de medicina vão conosco em escolas, unidades hospitalares e academias para treinar a população leiga a prestar os primeiros socorros, em especial a manobra de reanimação, ventilação, boca a boca e desengasgo. A nossa intenção é que as pessoas saibam identificar e lidar com a situação até que o socorro especializado chegue ao local,” explica o professor de anestesiologia da UFF Estêvão Luiz Carvalho Braga, que faz parte da coordenação do projeto.

O “Salve uma Vida” nasce na UFF a partir de um projeto de extensão em 2023, mas é originário da Sociedade Brasileira de Anestesiologia, que tem parcerias com outras universidades e instituições para promover o ensino de primeiros socorros. Segundo o site oficial da organização, o curso “objetiva capacitação da população em geral (não médicos) para reconhecimento, acionamento imediato de serviço médico especializado e tratamento inicial de uma parada cardiorrespiratória, ou seja, o treinamento em Suporte Básico à Vida”.

A capacitação pode ser oferecida para pequenos grupos, como funcionários de uma empresa, professores, alunos e membros de sindicatos. Cada turma é composta por, no máximo, 50 alunos, e tem a duração de duas horas. Os participantes que realizam a capacitação aprendem as principais habilidades essenciais no primeiro socorro à vítima: reconhecer e tratar os sinais de obstrução respiratória; diagnosticar parada respiratória e parada cardíaca; saber como chamar o sistema de saúde especializado; aprender como fazer reanimação.


Curso Salve uma vida no Centro de Medicina do Exercício Decordis. Créditos: Luiz Antonio dos Santos Diego

Fora das aulas, participantes do curso conseguiram aplicar os conhecimentos em situações reais. É o que relembra Maria de Las Mercedes Azevedo, gerente executiva da SBA, ao citar os relatos de ex-alunos.“Um dos garçons que atuou no evento Jornada Sul-Brasileira de Anestesiologia em Florianópolis disse que, na jornada anterior, havia participado da capacitação de primeiros socorros. Certa vez, a empresa em que ele trabalha estava realizando um casamento e um rapaz da equipe de som, ao realizar instalação numa torre, levou um choque, caindo no chão em parada cardiorrespiratória. Com o que o garçom aprendeu no curso, realizado dois meses antes do acontecimento, conseguiu realizar massagem cardíaca até a chegada do SAMU”, diz a gerente.

Outro relato com final oposto reflete a importância de pessoas que não trabalham na área da saúde saberem o básico para impedir que vidas sejam perdidas. “Ao final do curso de capacitação feito no hospital universitário da Universidade Federal do Amazonas (UFAM), em 2019, uma senhora pediu um abraço. Quando a abracei, ela começou a chorar e disse ‘se eu tivesse esse treinamento, talvez a minha mãe não tivesse partido nos meus braços com parada cardiorrespiratória’. Claro, a morte pode acontecer, mas o pior é quando o fim chega num cenário no qual o outro, que está disponível para ajudar, não sabe o que fazer”, conta a  gerente executiva da SBA.

Segundo o presidente da sociedade e professor de anestesiologia da UFF, Luiz Antonio dos Santos Diego, a intenção do projeto é evitar que situações trágicas aconteçam por falta de conhecimento da população. Por isso, firmou parceria com a universidade a fim de trazer essa informação e conhecimento para a população de Niterói. Entretanto, o projeto enfrenta questões logísticas para realização do curso. “A gente não pode tirar os alunos de graduação da grade curricular para realizar a capacitação durante a semana, então normalmente realizamos aos sábados de manhã. Estivemos presentes no Centro de Medicina do Exercício Decordis, em Niterói, e no Hospital Municipal Evandro Freire, na Ilha do Governador, treinando pelo menos 40 pessoas. Estamos oferecendo esse trabalho gratuitamente, mas falta adesão dos estabelecimentos, como escolas, academias e hospitais, para disponibilizarem algumas horas no final de semana e o espaço para realização do projeto”, relata o presidente da SBA.

Para entrar em contato com o projeto de extensão Salve uma Vida, envie mensagem para o e-mail salveumavidauff@gmail.com.

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Estêvão Luiz Carvalho Braga é médico pela Escola de Medicina Souza Marques, Rio de Janeiro (2010). Residência médica com título de especialista em anestesiologia pelo Hospital Federal de Bonsucesso, Rio de Janeiro (2015). Possui o título superior em anestesiologia (TSA), desde 2016, sendo corresponsável pelo centro de educação e treinamento (CET) da residência de anestesiologia do Hospital Federal de Bonsucesso de 2016 até 2021. Título de Mestre-MSc (2017) e Doutorado-PhD (2022) em Ciências Médicas pela Universidade Federal Fluminense (UFF), Rio de Janeiro. Tem experiência em terapia intensiva, anestesia para politraumatizados, anestesia para ortopedia, anestesia para cirurgia geral e laparoscopia, anestesia para obstetrícia, anestesia para cirurgia plástica, anestesia para cirurgia cardiovascular, anestesia para cirurgia pediátrica e neonatal.

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