Na sexta-feira, dia 1º de junho de 2018, foi realizada a primeira das três sessões da OSN Cine, com a Orquestra Sinfônica Nacional da UFF executando a trilha sonora ao vivo do filme “O Tempo e o Vento”. A série marca também o início de uma parceria do Centro de Artes UFF com a Musimagem, associação que reúne os compositores de música para o audiovisual.
“Organizar um espetáculo como esse não é simples”, explica o compositor e presidente do Musimagem, Zé Neto. “As dificuldades são muitas, pois, para o compositor, não é só fazer uma música”, diz ele. A realização depende de uma relação de entrosamento entre compositor e diretor do filme ou série, que, por sua vez, já tem uma determinada visão da sua obra. Essa é talvez a principal característica deste trabalho. O compositor tem que entender e atender, pela música, o ponto de vista do diretor. “Não tem que ser só compositor, mas estar a serviço do diretor”, acrescenta. No entanto, ele afirma, a música traz emoções que não estão na imagem.
A segunda dificuldade de realização de uma trilha sonora original é o tempo. Segundo Zé Neto, nossa cultura do audiovisual considera a música por último. O compositor só é chamado quando já está tudo pronto. “Nós gostaríamos de participar mais ativamente desde o início”, pondera o compositor. “Em seguida, vêm as dificuldades financeiras, porque os orçamentos estão muito baixos. O que é destinado à música, no finalzinho, é o que sobra”, conta.
O presidente da Musimagem diz que o objetivo da associação é justamente dar visibilidade ao compositor, mostrando a pessoa que faz a música e a importância dela para se contar uma história. “Isso porque, curiosamente, nesses casos, um mais um, não são dois, mas três, porque é criado um terceiro espetáculo. A música potencializa a obra e as emoções do público”, afirma Zé Neto, lembrando que atualmente há 60 músicos vinculados a esta associação, que existe há dez anos no Rio.
A parceria UFF/Musimagem continua e, no segundo semestre, haverá nova edição com um filme ainda a ser definido. “Há ainda a questão técnica. É preciso que seja um filme com bastante música orquestral e, depois, que as produtoras liberem o filme e que as detentoras dos produtos nos enviem uma cópia sem a música”, completa Zé Neto.