Informe

Sentimento de injustiça e em defesa da universidade pública

A triste e estarrecedora notícia do falecimento do Professor Luiz Carlos Cancellier, Reitor da Universidade Federal de Santa Catarina, nos remete imediatamente à solidariedade e ao abraço aos familiares e, claro, a uma dor e um profundo sentimento de injustiça feita a um estimado colega dirigente de uma das mais importantes instituições de ensino e pesquisa do País.

Atualmente, vivemos momentos muito difíceis, não somente pela crise econômica, moral e ética que passa o Brasil, mas pelos efeitos devastadores de ações de polícia em nome da justiça. Primeiro, prende-se, destroem-se reputações construídas com muito trabalho durante anos, arrasa-se a moral da família, a parte irresponsável da mídia faz um espetáculo sem fundamento, para só então investigar-se com seriedade e respeito às regras constitucionais e todas as garantias do devido processo legal.

O dano é irreparável!!!

Somos intransigentes defensores da aplicação correta, justa e responsável dos recursos públicos, sempre na forma da lei e no exercício da missão constitucional da Universidade Pública Federal. Todavia, há que se fazer uma necessária e profunda reflexão sobre o papel dos órgãos de controle e na sua forma de atuação, visando zelar pelo bem público e pelo cumprimento das leis.

A imposição de afastamento do Prof. Cancellier no exercício de seu mandato de reitor feriu de forma violenta a autonomia universitária, já muito debilitada na realidade brasileira. Parece mesmo que ele nos deixou com um grito de basta de arbitrariedades, quem sabe, com a consciência de que há um ataque deliberado aos dirigentes e às instituições públicas em sua sustentabilidade e patrimônio.

Esse lamentável e trágico acontecimento não pode ser mais uma página obscura virada na vida brasileira, pode porém, reforçar fileiras na defesa do Estado Democrático de Direito e da Universidade Pública, que correspondem a um alicerce fundamental na construção de uma sociedade independente, mais inclusiva e mais justa.

Sidney Mello
Reitor da Universidade Federal Fluminense

Dados do informe

03/10/2017


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