A Universidade Federal Fluminense – UFF é uma das instituições Federais de Ensino Superior – IFES que mais cresceu e ainda cresce no Brasil. Não se trata apenas de um aumento nominal em área construída e em número de estudantes ingressantes, mas principalmente de um vigoroso crescimento acadêmico a partir da pesquisa científica referenciada e de um ensino de graduação e pós-graduação qualificados, bem como de programas e projetos de extensão consistentes.
A UFF, além de apresentar o menor índice de evasão estudantil dentre as Universidades Públicas do Estado do Rio de Janeiro, teve recentemente aprovados cinco Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia – INCTs, o que corrobora a força da ciência produzida em nossa Universidade. Nossos egressos em todas as áreas do conhecimento têm alto índice de empregabilidade e de acesso à pós-graduação, pois estudar na UFF é um cartão de visita de qualificação docente e formação discente. São 56 anos de notáveis avanços institucionais, que permitem à UFF hoje figurar entre as melhores Universidades do País e do mundo.
É incrível perceber que ainda há aqueles que insistem em atacar o esforço institucional de gestores, docentes, técnico-administrativos e estudantes, sublinhando apenas negativamente a finalização de obras e de manutenção e serviços nos campi, sem contextualizar propriamente fatores da qualidade dos serviços, recursos humanos e financeiros no Brasil. Esses agentes, em particular, não só alimentam, mas se alinham com a imprensa global pró-privatização do Ensino Público Superior ou, quem sabe, com as doutrinas do Banco Mundial que pregam o pagamento de taxas escolares nas Universidades Públicas Brasileiras.
A crítica fácil sobre esse tema no Brasil é quase irresponsável, pois não contribui para a melhoria das dificuldades e omite os valores intrínsecos das nossas Universidades Públicas com altos índices acadêmicos e que alcançaram muitos recantos do nosso País, antes esquecidos pela educação superior. Esses críticos puramente destrutivos desconhecem, ou querem apenas omitir, que o sistema público de educação superior é um dos pilares para a formação de uma inteligência nacional e construção de uma sociedade mais justa e soberana.
Insistem, por exemplo, em apontar a não conclusão de obras, fazendo ilações sobre gestão ineficiente e deixando de apresentar avanços neste tema, que incluem uma série de prédios construídos entregues e funcionais. O fato é que na UFF assumimos a reitoria em novembro de 2014 com um déficit em obras e custeio da ordem de 78 milhões de reais, o que juntamente com cortes do MEC causou paralisação de quase todos os serviços e obras em 2015. Renegociamos de forma responsável as dívidas com fornecedores e construtores, colocando a UFF de pé em meio a incertezas políticas e financeiras no País. Entre 2010 e 2015, foram investidos cerca de 270 milhões de reais em 122 obras e reformas já concluídas; este ano será inaugurado em definitivo o complexo do Instituto de Computação com dois prédios, o Instituto Biomédico e uma Unidade Multiuso em Rio das Ostras. Em 2016, foram retomadas as obras dos Institutos de Biologia, Geociências, Química e Artes e Comunicação Social. Negociações estão adiantadas para retomada também da obra do Instituto em Campos dos Goytacazes. Serão ainda necessários do MEC cerca de 180 milhões de reais para a conclusão de todas as obras restantes, inclusive das Faculdades de Farmácia e Medicina.
A UFF realizou o maior projeto de popularização da Universidade Pública do País, dobrando o número de vagas na graduação, que hoje chega a cerca de 11 mil novas vagas por ano, e ainda ampliando sua área construída em 180 mil m², representando com isso a necessidade de mais segurança, limpeza e iluminação, o que exige uma gestão mais moderna e eficiente. Este é um novo retrato de uma Universidade historicamente comprometida com a inclusão no ensino superior em todo o Estado do Rio de Janeiro e agora mais bem equipada e instalada para promover ensino, pesquisa e extensão.
Expandir o ensino superior público e universalizar o acesso nas Universidades tem sido uma luta e uma meta no Brasil e no mundo. Em especial no Brasil, este tema deve compreender maior percentual de investimento público do PIB em Educação, ao invés da cobrança de taxas escolares de pais e alunos. Não se explica, por exemplo, como que, teoricamente, a cobrança de taxas escolares aumentaria o acesso das classes menos favorecidas à Universidade. O efeito mais óbvio é, ao contrário, elitizar o acesso e restringi-lo a uma casta de privilegiados. O ensino superior de qualidade em todo o mundo é financiado pelo Estado e governos em geral com proporção de até 80%; a indústria contribui com aproximadamente 8% e o restante provém de doações, recursos próprios e taxas escolares, quando cobradas. A cobrança de taxas para os nossos alunos não resolveria em nada o nosso custeio e representaria uma despesa excessiva para uma família. Dizer que as nossas IFES atendem em sua maioria a uma classe privilegiada é coisa do passado e, com certeza, ainda residual em alguns poucos cursos. Na UFF rompemos este paradigma, pois levamos a sério o sistema de ações afirmativas e o Plano Nacional de Assistência Estudantil.
O maior paradoxo é que o Brasil carece sobremaneira de adolescentes nas escolas e os índices nacionais de formação em ensino fundamental e médio são pífios, se comparados com os do resto do mundo. Todavia, o ensino superior público e gratuito, que coloca o País em destaque no mundo cientifico e acadêmico, é que parece estar sempre na berlinda com temas sobre ineficiência, produtividade e custo. O foco das críticas não parece ser o de melhorar o sistema, mas menosprezar os verdadeiros avanços e, quem sabe, voltar aquela Universidade para as elites.
Sidney L. M. Mello – Reitor
Antonio Claudio Lucas da Nóbrega – Vice-Reitor