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Interação com humanos favorece adoção de cães de abrigos

Pesquisa constatou que cães de abrigo que passam por treinamento e interagem com humanos têm mais chances de adoção efetiva.

Ana Lucia Baldan é bióloga, médica veterinária e mestre em Ciências pelo programa de Psicobiologia da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto, da Universidade de São Paulo (FFCLRP-USP). Em seu mestrado, feito com bolsa do Programa de Excelência (Proex) da CAPES, ela estudou o efeito que o treinamento e a interação humano-cão têm sobre o bem-estar e a adoção de animais de abrigo.

Fale sobre o seu projeto de pesquisa e objetivos.
Desenvolvi meu trabalho no abrigo municipal de Pirassununga (SP), que na época acolhia 300 animais, sendo 200 cães e cem gatos. Meu objetivo foi entender se os cães de abrigo que tinham mais contato com humanos – com carinho, brinquedos e passeios – e que passassem por treinamento de comandos básicos, como saber andar junto na guia, sentar, deitar e ficar no lugar, teriam mais sucesso na adoção e se essa seria permanente, sem devolução ao abrigo ou novo abandono nas ruas. Os resultados foram surpreendentes! O grupo de cães que participou da interação, do treinamento e foi adotado, não foi devolvido. Ou seja, a adoção permanente foi de 100%.

Além da parceria com a CAPES, tive a ajuda da prefeitura Municipal de Pirassununga (SP), do Instituto PremieRpet e da fábrica de petiscos PETITOS®. A pesquisa foi feita sob a orientação da professora Patrícia Monticelli, responsável pelo Laboratório de Etologia e Bioacústica (EBAC-USP) e com a coorientação do professor Adroaldo Zanella, responsável pelo Centro de Estudos Comparativos em Saúde, Sustentabilidade e Bem-estar (CECSBE-USP), focada em duas áreas de muito interesse para mim: a etologia e o bem-estar animal.

Quais os próximos passos?

Hoje sou doutoranda pelo Programa de Pós-graduação em Ciências Veterinárias da Universidade Federal do Paraná (PPGCV-UFPR) e pretendo dar continuidade ao que desenvolvi no mestrado, mas estendendo a vários abrigos de cães do Brasil. Além disso, quero incluir a capacitação de colaboradores e voluntários desses abrigos para que o alcance dos resultados seja em nível nacional.

Como o seu trabalho pode contribuir para a melhoria da vida das pessoas?
O abandono animal, cães e gatos, é um problema multifatorial que gera impacto negativo no bem-estar desses animais e riscos à saúde pública. Cães na rua significam riscos de acidentes de trânsito, de mordeduras, contaminação do meio ambiente e de zoonoses – doenças transmitidas de animais para pessoas, como a leishmaniose e a raiva, por exemplo. A minha pesquisa pretende fazer com que os cães de abrigo, que foram resgatados das ruas por terem sido abandonados, não retornem para lá e tenham uma adoção bem-sucedida e permanente.

Qual a importância do apoio da CAPES para o desenvolvimento do seu projeto?
A CAPES foi muito importante para o desenvolvimento da minha pesquisa. Sem esse apoio não teria sido possível me dedicar integralmente como deveria e não teria obtido esses resultados maravilhosos. É necessário se envolver dia e noite para colher bons frutos e foi esse apoio que a CAPES me proporcionou, colhermos juntos esses frutos.

Legenda das imagens:
Banner e imagem 1: Ana Lúcia Baldan constatou que treinamento e interação com humanos favorecem a adoção de cães de abrigo (Foto: Arquivo pessoal)
Imagem 2: A bolsista analisou os animais de abrigo municipal de Pirassununga (SP) para chegar ao resultado da pesquisa  (Foto: Arquivo pessoal)

A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) é um órgão vinculado ao Ministério da Educação (MEC).
(Brasília – Redação CCS/CAPES)

Dados do informe

12/05/2022


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