Tratada às vezes de forma banal, o controle da hipertensão arterial faz parte da rotina médica de muitas pessoas. No entanto, a médica e professora Lenita Claro, formada pela Universidade Federal Fluminense, acredita que a doença não interessa apenas ao campo biomédico. Em seu livro recém-lançado pela Eduff, “Diferentes olhares sobre a hipertensão arterial”, a pesquisadora propõe que a experiência individual é fundamental para compreender a enfermidade e seus desdobramentos.
Ainda desconhecida, a cura da doença é substituída por estratégias de controle. Isso faz com que a taxa de mortalidade da hipertensão seja uma das mais elevadas, já que seguir as orientações médicas torna-se uma escolha. De acordo com a autora, “os doentes, em geral, comportam-se como agentes reflexivos, que interpretam ativamente as recomendações, decidindo segui-las, ou não, totalmente ou em parte, segundo seus conhecimentos, suas crenças e experiências prévias e as situações de suas vidas diárias”.
A pressão alta também favorece o surgimento de outros males, como a obesidade, e afeta diariamente a vida dos hipertensos. Lenita Claro mostra a convergência entre o diagnóstico médico e o estilo de vida de cada um. “Esse conceito vinculou-se a uma perspectiva ideológica que enfatiza a responsabilidade pessoal do indivíduo na manutenção de sua própria saúde e prevenção de doenças, centrada na ideia de um ‘estilo de vida saudável'”, afirma.