Informe

"Estranhas catedrais", da Eduff, ganha Prêmio Jabuti

“Estranhas Catedrais – as empreiteiras brasileiras e a ditadura civil-militar”  

Vencedor do Prêmio Jabuti 2015, divulgado nesta quinta-feira, 19 de novembro, o livro “Estranhas Catedrais: as empreiteiras brasileiras e a ditadura civil-militar, 1964-1988”, da Editora da Universidade Federal Fluminense (Eduff), ganha nova tiragem, que chegará às livrarias nos próximos dias.

Primeiro colocado na categoria “Economia, Administração, Negócios, Turismo, Hotelaria e Lazer”, o livro discute as relações entre empreiteiros, governos e estados. O autor Pedro Henrique Pedreira Campos se utiliza do instrumental teórico do socialista Antonio Gramsci para chegar a camadas profundas da presença das empresas brasileiras de construção pesada na arquitetura do regime ditatorial vigente entre 1964 e 1988.

“Essa é uma conquista coletiva na construção do texto que virou livro. Devo a qualidade do trabalho também aos meus colegas. Por outro lado, fico satisfeito que esse tema tenha sido contemplado. Temos que aproveitar para discutir a situação dessas empresas e suas responsabilidades inclusive pelo período da ditadura militar”, disse Pedro Henrique Campos.

Historiador e professor da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), Campos analisa as maneiras como esse segmento industrial brasileiro se organizou, articulou-se no interior da sociedade civil e se inseriu em setores do aparelho de Estado para melhor atuar na promoção de seus interesses. No período pesquisado, as empresas de construção civil obtiveram condições para um expressivo desenvolvimento. Camargo Corrêa, Andrade Gutierrez, Queiroz Galvão, Norberto Odebrecht e Mendes Júnior são algumas das que se tornaram gigantes no setor.

–> Leia entrevista com o autor.

De JK a Lula – O governo Juscelino Kubitschek foi um momento fundamental na consolidação de um mercado nacional de obras públicas. Durante a ditadura, o nível de atividades do setor chegou a um patamar ainda superior e inédito na história nacional, com a realização de grandes projetos em áreas como transporte e energia. “Estranhas Catedrais” captura um aspecto fundamental da modernização capitalista que a ditadura propiciou: a combinação entre o movimento rumo à monopolização doméstica e o início da internacionalização de empresas brasileiras.

Nos últimos dez anos, ocorreu a retomada de vários projetos encetados no período ditatorial, além de empreendimentos novos que reproduzem certas características daquele modelo de desenvolvimento. A retomada da construção da hidrelétrica de Belo Monte, as usinas do rio Madeira, as tentativas de implantação do trem-bala entre Rio e São Paulo-Campinas, a ferrovia Norte-Sul, a transposição do rio São Francisco e usina de Angra 3 são alguns exemplos.

Apesar de não fazer tábua rasa entre os dois períodos políticos, o autor aponta que tais projetos não evidenciam apenas a inspiração e a admiração dos líderes atuais ao modelo de desenvolvimento posto em prática naqueles tempos. Eles também revelam um determinado arranjo político que guarda elementos de semelhança com a sustentação do regime dos anos 1970, com a projeção dos grandes grupos privados nacionais de engenharia e todos os seus interesses, projetos e valores. 

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Dados do informe

19/11/2015


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