Com foco na construção das identidades regionais ante a miscigenação sociorracial da formação brasileira, o livro “Genealogias mazombas”, do historiador Bruno Silva, destaca as crônicas beneditinas da segunda metade do século XVIII. No livro, o autor pretende demonstrar que as identidades forjadas por ilustradores pernambucanos e paulistas não rivalizavam com a portuguesa e cristã. Além disso, resgata o passado colonial e os projetos de nação costurados por portugueses e brasileiros desde a chegada da família real ao Rio de Janeiro, em 1808.
Bruno Silva elegeu as capitanias de Pernambuco e São Paulo como locais de observação das construções identitárias. Por sua ocupação precoce, a capitania nordestina se destaca pelos acontecimentos ocorridos no século XVII e abre a possibilidade de analisar os processos de colonização e defesa da região. A economia açucareira, ao lado invasão holandesa e expulsão dos invasores pelos pernambucanos, tiveram como resultado o desenvolvimento de um orgulho regional entre os homens locais, de grande importância para os letrados formarem uma identidade regional.
Já São Paulo se mostra um espaço privilegiado de estudo ser uma capitania mais fechada em torno de si, com homens dispostos a derrubar barreiras geográficas e se lançar em terras desconhecidas e repletas de tribos hostis, e que acabaram por manter distanciamento do centro do poder, embora fiéis ao monarca português. Por isso, a capitania paulista apresenta como um espaço de desenvolvimento de cultura única e distinta.