Em “Realidade Lacrimosa”, a professora de Cinema e Audiovisual da UFF Mariana Baltar reflete sobre o melodrama no documentário brasileiro contemporâneo. Para além de uma série de análises, a obra recém-lançada pela Eduff contempla “uma forma de ver o mundo e de ver-se no mundo que é amplamente presente no contexto latinoamericano e brasileiro”.
Mais do que histórias privadas, os documentários analisados trazem questões sintomáticas da contemporaneidade, como o debate do público e do privado. Por meio de conceitos-chave, como personagem, autoperformance, intimidade, memória e subjetividades midiáticas, o processo de autoexposição da intimidade é questionado. Como equilibrar o caráter documental e o excesso melodramático das performances?
Para isso, a autora buscou “narrativas em que a apropriação do melodramático pelo documental se faz desestabilizando lugares tradicionais de legitimidade”. Ela partiu da hipótese de que os filmes que mais chamam a atenção do público são aqueles que apresentam cenas de conversas e confissões de dramas íntimos que promovem a sensação de uma intimidade partilhada.