A partir da reunião de dados de órgãos nacionais e internacionais de aviação, o professor e veterinário Sávio Freire Bruno e a bióloga Júlia Rodrigues Barreto abordam os riscos e os desafios enfrentados pela ciência e pela sociedade diante do risco aviário, em “Aves e aeronaves” (Eduff, 2016), disponível gratuitamente em formato de e-book, no site www.eduff.uff.br.
Definido como risco potencial de colisão de uma aeronave com uma ou mais aves, o perigo aviário foi registrado antes mesmo do primeiro voo automotor realizado por Alberto Santos Dumont, em 1906. A primeira colisão aviária a causar perda humana ocorreu em 1912 com o norte-americano Calbraith Rogers, morto após um voo sobre Long Beach, na Califórnia. De lá para cá, estima-se que acidentes desse tipo tenham levado à morte mais de 270 pessoas e, no mínimo, 25 mil aves são perdidas a cada ano.
Agravado ao longo do tempo, o perigo aviário é hoje encarado como uma ameaça para a aviação mundial e tem chamado a atenção após incidentes recentes, como o do Airbus atingido por uma revoada de gansos em 2009. O caso foi retratado no filme “Sully” (2016), em que Tom Hanks interpreta o piloto Chesley “Sully”, famoso por conseguir pousar o avião no rio Hudson, salvando a vida dos 150 passageiros que estavam a bordo do voo que seguia de Nova Iorque para Charlotte, na Carolina do Norte.
Mas, como salientam os autores de “Aves e aeronaves” (Eduff, 2016), nem sempre as histórias acabam bem. Dados do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos apontam que, entre 1996 e 2012, foram contabilizados 9.423 colisões com a fauna silvestre, no Brasil. O Sindicato Nacional das Empresas Aeroviárias (Snea) calcula que grandes empresas aéreas têm prejuízos superiores a US$ 4 milhões todo ano.
No livro, Sávio Bruno e Julia Barreto destacam a necessidade de se avançar nas pesquisas sobre o tema, especialmente no Brasil, para o aprimoramento de estratégias eficazes de mitigação dos acidentes aviários. Os autores também chamam atenção para a necessidade de se aproveitar dados e resultados de países que já avançaram nesses estudos, para que seja possível compor uma visão do panorama da colisão aviária no Brasil.
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