Informe

Ação Extensionista da UFF leva professor do INFES (Pádua) ao Reino Unido

A CAPES tornou público em março/2015, o Edital nº 06/2015 – STEM (Programa de Cooperação Internacional STEM), com o objetivo de selecionar coordenadores de projetos e subprojetos em andamento do Programa Novos Talentos da Capes (financiamento de ações extensionistas 2013/2014) para participarem de atividades relacionadas à STEM – Science, Technology, Engineering, Mathematics (Ciências, Tecnologia, Engenharia e Matemática) no Reino Unido.

As propostas contempladas são oriundas exclusivamente do Edital Programa Novos Talentos da Capes e possuem cunho extensionista, pois aproximam os cursos de graduação e pós-graduação das escolas públicas, contemplando o currículo da educação básica e articulando-o com perspectivas educacionais, científicas, culturais, sociais ou econômicas, contribuindo para enriquecer a formação dos professores e alunos da educação básica. Trata-se de exemplo inquestionável da indissociabilidade ensino-pesquisa-extensão.

Os coordenadores das propostas selecionadas participam no Reino Unido, no período de 13 a 28 de junho de 2015, de oficinas sobre as temáticas: “Introdução do ensino do STEM – Ética e Ensino do STEM”, “Desafios comuns para ensino do STEM no Brasil e no Reino Unido”, “O Sistema escocês para treinamento dos professores de STEM – O que é novo?”; Visita ao Institute of Education UCL, Royal Society, Science Museum (Londres), Imperial College London, National Science Learning Network e National STEM Centre (Universidade de York), além da Escola Técnica “Heathrow Aviation Engineering UTC” e da Escola de Ensino Médio “Kettlethorpe High School”; Oficinas no Science Museum e no National STEM Centre – York; Reunião no York Museum Trust; Atividades pedagógicas; Visitas a escolas.
Trata-se de uma parceria da CAPES e o Britishi Council, onde cada parceiro financia uma parte do projeto. O British Council, por meio do Newton Fund, patrocina a parte da viagem de imersão e toda a logística envolvida. A CAPES financiará, no Brasil, as propostas de cunho extensionistas que foram selecionadas, repassando o valor de R $ 24.000,00 para cada uma.

A UFF dá mais um passo na direção da internacionalização da extensão universitária

Tal Edital, além de dar continuidade ao apoio à extensão, veio trazer um importante suporte à política de internacionalização da extensão universitária, preconizada pelo FORPROEX (Fórum de Pró-Reitores de Extensão das Universidades Publicas Brasileiras) e abraçada pela UFF.

A proposta da UFF contemplada foi “O uso da Astronomia como elemento didático no ensino de Ciências e de Física”, coordenada pelo prof. Tibério Borges Vale, do Instituto do Noroeste Fluminense de Educação Superior (INFES), localizada em Santo Antonio de Pádua./RJ.

Entrevista com o prof. Tibério Borges Vale:

1- Comente sobre a importância desse Edital ((Programa de Cooperação Internacional STEM)) para a produção de conhecimentos pela via da extensão universitária.

O Edital de Programa de Cooperação Internacional STEM entre CAPES e British Council, através do Newton Fund, se mostrou como uma oportunidade única de imersão de docentes brasileiros para conhecer como são desenvolvidos vários dos projetos relacionados ao tema de Educação Científica no Reino Unido. Nessa atividade de imersão nós visitamos várias universidades, faculdades, museus de ciência, escolas, tais como o Imperial College of London, Royal Society, Institute of Education, Science Museum de Londres, Yorkshire Museum e National STEM Center. Ainda conversamos com representantes do Departament of Education de Inglaterra e Escócia (equivalente ao Ministério de Educação, do Brasil). Todos esses órgãos estão relacionados ao ensino de Ciências no Reino Unido e participam como parceiros no processo educacional do país. Pudemos ter contato com sua atuação e entender um pouco mais sobre sua forma de atuação, tanto para inspirar novas ações a serem realizadas no Brasil quanto para estabelecermos parcerias, dando continuidade ao processo de internacionalização das universidades públicas brasileiras.

2- Como está sendo sua experiência no Reino Unido?

Esta é uma oportunidade fantástica, pois de outra forma não teríamos meios de visitar tantas instituições e conhecer tantos divulgadores, professores e pesquisadores no campo do Ensino de Ciências. Poder trocar experiências com eles e notar que temos muitas dificuldades similares é impressionante, uma vez que tendemos a achar que, por serem um país desenvolvido, não deveriam ainda ter esse tipo de problema. Naturalmente que o envolvimento institucional para melhorar o Ensino de Ciências é diferente, pois estamos lidando com uma estrutura de governo e um cultura diferentes das nossas. Mas também vemos muitas similaridades nos desafios a serem enfrentados. Além disso, é uma oportunidade única de conhecer museus e centros de Ciências de uma forma diferente, pois fomos recepcionados pelos seus curadores e pela equipe que trabalha neste locais, podendo tirar dúvidas sobre diversos assuntos e trocar experiências.

3- Qual a sua opinião sobre editais dessa natureza?

O edital Novos Talentos da CAPES é uma iniciativa realmente ímpar, que nos dá a possibilidade de trabalhar de forma desburocratizada com o financiamento dos projetos de extensão, bem como nos permite aquisição de materiais de consumo, serviço de terceiros, diárias e passagens, que são essenciais para projetos de extensão. Além disso, foi a partir desse edital que pudemos submeter projetos ao edital de colaboração internacional de STEM entre CAPES e Conselho Britânico, que além da viagem, também garante fundos adicionais aos projetos selecionados. Aos poucos surge a discussão sobre parcerias entre os projetos Novos Talentos já existentes e abre portas para a internacionalização da extensão universitária do Brasil. Portanto, vejo esses editais como excelentes oportunidades de crescimento das universidades e como ótima contribuição para a contínua melhoria da qualidade das escolas públicas brasileiras.

4- O que tem representado na sua formação acadêmica a articulação com a extensão?

A extensão universitária é uma paixão pessoal para todos que nela participam. É ótimo trabalhar devolvendo um pouco de nosso conhecimento para a sociedade através de ações extensionistas como as que desenvolvemos. No meu caso, o projeto que eu coordeno participa junto à escolas na região de Santo Antônio de Pádua, com professores e alunos da Educação Básica, trazendo um pouco mais do conhecimento de Astronomia e seus elementos interdisciplinares, para serem aplicados como motivadores aos alunos para que se interessem mais por Ciências (no Ensino Fundamental) e por Física, Biologia, Química e Matemática (no Ensino Médio). Por exemplo, explicamos como os processos e ritmos astrofísicos afetaram e permitiram o surgimento de vida na Terra. Explicamos também sobre a necessidade de se estudar propriedades de outros planetas, pois isto nos ajuda a entender o nosso próprio planeta e como protegê-lo. Por último, outro exemplo é a oficina de construção de telescópios artesanais que realizamos aos sábados, com professores de Educação Básica (nas quais estamos finalizando 10 telescópios que serão doados às escolas onde eles atuam). Esta é uma das atividades mais desafiadoras do projeto, mas ao mesmo tempo é uma das mais gratificantes, porque podemos explorar desde a óptica (ao falar sobre reflexão nos espelhos do telescópio), ou podemos falar sobre equilíbrio de forças (ao falar para os alunos como balancear a distribuição do peso dos objetos dentro do tubo do telescópio), ou ainda podemos falar de Química (ao explicar sobre o processo de espelhamento com sais de prata, feito na superfície dos espelhos do telescópio). Ao final esperamos que os alunos das escolas, quando virem os telescópios artesanais (feitos com material de baixo custo) percebam que é possível eles mesmo construírem seus próprios telescópios e montarem grupos de astronomia amadora nas escolas, para discutir sobre Astronomia e cultivar o gosto pelas Ciências na sua vida. Desta forma, poderão ter uma compreensão mais científica e crítica sobre o mundo que os cerca. Portanto, na minha formação acadêmica, a extensão universitária é a oportunidade de sair um pouco da pesquisa básica e devolver a empolgação pela Ciência para a sociedade, contribuindo para a sua melhoria.

Dados do informe

23/06/2015


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