Evento
“O esporte e a luta pela capitalidade do estado do Rio de Janeiro: Campos X Niterói”.
Victor Mello (UFRJ) http://lattes.cnpq.br/9730234823420258
Com o ato institucional de 1834, Niterói foi elevada à condição de cidade e tornou-se capital da Província do Rio de Janeiro. Tal decisão decepcionou outras lideranças políticas, especialmente as da Vila de São Salvador que, em 1835, tornara-se a cidade de Campos dos Goytacazes, mais poderosa economicamente em função de seu potencial agrícola. As lideranças de Campos sempre mantiveram o desejo de ter a cidade como capital. As lideranças de Niterói sempre lutaram para manter essa condição. Os conflitos desse “Fla x Flu” se fizeram sentir nas iniciativas do campo esportivo.
Victor Melo é professor da UFRJ e coordenador do Sport: Laboratório de História do Esporte e do Lazer.
“Eu vou pra ver a Charanga do Jaime tocar”: trabalhadores, associativismo e as torcidas organizadas de futebol nos anos 1940.
Em outubro de 1942, o servidor público e simpatizante do Clube de Regatas do Flamengo Jaime de Carvalho teve uma ideia que alterou definitivamente os padrões comportamentais do público que frequentava os estádios de futebol do Rio de Janeiro. Acompanhado de quinze músicos que portavam instrumentos de sopro e rítmicos, Jaime de Carvalho levou uma bandeira com os dizeres “Avante Flamengo” e organizou um grupo de torcedores para apoiar o Flamengo. Grandes assistências nos campos de futebol não eram mais novidade nos anos 1940. Desde os anos 1910, o interesse pelo football já era notável na cidade. Porém, havia uma diferença na atitude no grupo liderado por Jayme que marcava uma ruptura com o antigo espectador: o grupo dos músicos com a bandeira se identificava como parte atuante do espetáculo; Jayme e seus músicos não eram mais espectadores, e sim protagonistas do evento esportivo. O objetivo desta apresentação é analisar o surgimento da torcida “Avante Flamengo”, organizada por Jaime de Carvalho em 1942 e que posteriormente foi batizada por Ari Barroso como Charanga, associando as ações de organização do coletivo de torcedores feitas por Jaime de Carvalho com o processo de profissionalização do futebol e com o projeto de organização e tutela das classes trabalhadoras que norteavam a modernização autoritária do projeto nacional-estatista do Governo Vargas nos anos 1940.
Renato Coutinho (UFF) http://lattes.cnpq.br/4296542084953634
Professor Adjunto de História do Brasil Republicano e do Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal Fluminense. Pesquisador e coordenador do Grupo de Pesquisa “Brasil Republicano – Pesquisadores em História Cultural e Política” (BR-PHCP).