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Da Angústia ao Ato

Da Angústia ao Ato

A impossibilidade de o adulto administrar sua própria sexualidade somada ao recrudescimento de uma sociedade autoritária desencadeia um estado de anomia, em que a angústia não faz mais “sinal” e eclode sem marcadores representacionais plausíveis. Aquilo que deveria surgir como “ansiedade sinal” no sentido de estruturar a subjetividade e preparar o sujeito para uma ação intuitiva, reflexiva ou simbólica, parece falhar. O mais singelo “sinal” de angústia tende a ser abundantemente substituído por fórmulas e figuras autoritárias que prometem proteger o sujeito, mas que parecem paradoxalmente participar de sua alienação e entorpecimento. O objetivo deste colóquio é apresentar o status da angústia na economia psíquica e suas possíveis ramificações na clínica, na política e, mais particularmente, na educação. No paradigma disciplinar, tudo deve ser resolvido e ensinado: toda falta, seja cognitiva, comportamental, moral ou mesmo presencial, deve ser eliminada. Os profissionais da educação são chamados a manter uma posição exemplar em relação a crianças e adolescentes, como se fossem capazes de “gerenciar” a ansiedade compartilhada, caso contrário precisam de especialistas, sobretudo os que ingenuamente fazem uso de medicação para tentar eliminar a angústia. Até que ponto se consideram as relações entre sexualidade e os preconceitos subjacentes, como algo produtor de ansiedade entre os próprios sujeitos? Uma vez que a angústia está situada entre desejo e gozo, estando intrinsecamente ligada ao impossível da sexualidade, como acompanhar o florescimento da sexualidade no outro e enfrentar suas diferenças angustiantes? A autoridade educacional é capaz de lidar com a ansiedade estudantil tendo em vista os mecanismos de dominação subjacentes? Partindo das diferentes abordagens freudianas da angústia articuladas à noção de “inquietante estranheza”, revisitaremos as leituras dessa noção em Ferenczi, Winnicott, Lacan e outros autores do campo psicanalítico. Há importantes pontos de ruptura e aprofundamento teórico em relação ao aporte freudiano: ao passo que Ferenczi acentua o aspecto traumático do terror ligado à angústia extrema, Winnicott explora a questão da ansiedade e seus efeitos psicossomáticos. Já a leitura lacaniana de Freud manteve a tríade inibição, sintoma, angústia incrementando-a com a invenção do objeto pequeno a. A conexão aos conceitos de “trauma”, “inibição” e “passagem ao ato” parece profícua nesse debate, já que surgem como resultado sintomático de uma angústia insuportável diante das polissêmicas dificuldades relacionais e de aprendizagem. EVENTO GRATUITO COM DIREITO A CERTIFICADO DE PRESENÇA.

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