Evento
Hoje convidamos você, querido público da OSN UFF, a embarcar na diversidade de cores, timbres, ritmos e formas nas fases nacionalista, modernista e contemporânea da música brasileira de concerto.
Como abertura do nosso programa, apresentaremos a obra Psalmus do compositor João Guilherme Ripper. Carioca, nascido em 1959, é membro da Academia Brasileira de Música e um dos mais proeminentes compositores do cenário brasileiro. Ripper tem atuado como colaborador em diversas orquestras no Brasil e no exterior, tendo em seu catálogo obras sinfônicas, camerísticas, música vocal e mais de uma dezena de óperas. Psalmus, obra de 2002, foi dedicada pelo compositor ao maestro Henrique Molerembaum. A composição traz em sua construção o caráter de louvor judaico-cristão dos salmos do Rei Davi, revestida por uma linguagem musical contemporânea, em que o Salmo 96 serve de base para o desenvolvimento da obra. Nas palavras do compositor: “O misticismo ainda é possível na vida cotidiana? Psalmus, de maneira concisa, breve e intensa, procura descrever a música incidental das metrópoles: catedrais de concreto a céu aberto por onde passam diariamente insensíveis procissões.”.
Na sequência do programa, a orquestra interpreta a Suíte Vila Rica do compositor paulista Camargo Guarnieri (1907- 1993). Filho de um flautista imigrante siciliano com uma pianista de família tradicional paulista, deu os primeiros passos na carreira musical em casa. Em 1928, foi apresentado a Mário de Andrade, seu mestre intelectual. Da amizade surgiu também a parceria artística, que influenciou sua obra com o caráter modernista da época. Em 1957, Guarnieri foi convidado para compor a trilha sonora para o filme “Rebelião em Vila Rica” (para os cinéfilos, o filme está disponível no Youtube). Descrevendo um ambiente sonoro pitoresco, os temas musicais ilustram o contexto do filme com ideais inspirados na Inconfidência Mineira. Em 1958, a obra foi adaptada para a versão que recebeu o título Suíte Vila Rica, composta por dez curtos movimentos. Hoje ouviremos os movimentos: I – Abertura, II – Andantino, IV – Scherzando, IIV – Valsa e X – Baião.
Para a orquestra, é sempre um privilégio interpretar obras de compositores vivos, e este é o caso da próxima obra. Saber as nuances de cada acorde e a real ideia por trás das notas, torna a experiência ainda mais viva. Carioca, nascido em 1986, Anderson Alves tem se destacado como um dos mais importantes maestros e compositores da nova geração de músicos brasileiros. Escrito em 2019, o Concerto para Fagote e Orquestra é dedicado ao fagotista Jeferson Souza, primeiro fagote da Orquestra Sinfônica Nacional UFF.
Seguindo o modelo clássico da forma concerto, sua obra é dividida em três movimentos. O primeiro, Contemplativo, apresenta um tema lírico no fagote em diálogo com a orquestra. O segundo movimento, Paisagem Sonora, é lento e expressivo no início, seguido de uma linda valsa. O último movimento, Rítmico, é virtuosístico para o solista em diálogo com a percussão orquestral.Encerrando o programa, a orquestra interpreta a Bachianas Brasileira Nº 4, do compositor Heitor Villa-Lobos (1887-1959). Influenciado pela grandiosa obra do compositor alemão Johann Sebastian Bach, criou a série Bachianas Brasileiras, um conjunto de obras profundamente conectada ao projeto pedagógico-musical que Villa-Lobos elaborou após seu retorno da Europa para o Brasil. Alinhado aos objetivos culturais do emergente governo Vargas, que buscava construir uma “consciência nacional”, integrou referências da música popular brasileira, especialmente a música sertaneja, às formas musicais pré-clássicas de Bach. Escrita entre 1930 e 1941, a versão original da Bachianas Brasileiras nº4 foi composta para piano solo. Entretanto, em 1942, Villa fez também uma transcrição para orquestra sinfônica, versão que ouviremos hoje!
ANDERSON ALVES
Maestro, pianista e compositor Anderson Alves é um dos maestros mais conceituados de sua geração. É Regente titular da Orquestra Sinfônica Brasileira Jovem e da Orquestra Sinfônica de Barra Mansa. Tem regido como convidado importantes conjuntos sinfônicos no Brasil e no exterior, dentre eles: Orquestra Sinfônica Brasileira, Orquestra da Costa Atlântica, Orquestra Filarmónica de La Ciudad de Mexico, Orquestra Filarmônica de Minas Gerais, Orquestra Sinfônica Nacional, OSPA, OSBA, dentre outras. Em Portugal, estudou regência na Academia de Direção de Orquestra da Costa Atlântica, tendo como mentores os maestros Luis Miguel Clemente e Colin Metters (professor Royal Academy of Music em Londres). É pós-graduando em Gestão Cultural e Indústria Criativa pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro – PUC-Rio. Por 3 anos, aperfeiçoou-se em regência e música contemporânea com Felipe Cattapan (prof. da Musikprojektes an der Universität Bern e da Hochschule der Künste Bern, Suiça). Como compositor, tem obras para diversas formações, dentre elas: Divertimento para Trio (CD “Novos Ventos” do Trio Capitu); Fantasia para Orquestra Sinfônica; Paisagem Sonora (série de composições para duos e trios); Canções Lunares para oboé e piano (obra composta por encomenda do oboísta americano William Wielgus da National Symphony Orchestra – EUA).
JEFERSON SOUZA
Mestre em música e Bacharel em fagote pela Escola de Música da UFRJ na classe do professor Aloysio Fagerlande, integrou a Orquestra Sinfônica Brasileira Jovem, Orquestra Sinfônica de Barra Mansa, Banda Filarmônica do Rio de Janeiro e Orquestra Sinfônica do Theatro Municipal do Rio de Janeiro. Em 2013, estudou como aluno de intercâmbio na Hochschule für Musik Karlsruhe (Alemanha), na classe do professor David Tomás-Realp. Em 2021, estudou na Aaron Copland School of Music, em Nova Iorque, na classe do professor Frank Morelli, em curso de aperfeiçoamento. Como músico convidado colabora frequentemente com a Orquestra Sinfônica Brasileira, Orquestra Petrobras Sinfônica, Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo e Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo. Como solista, esteve em concertos junto a Orquestra Sinfônica Nacional – UFF, Orquestra Sinfônica de Barra Mansa, Banda Sinfônica de Barra Mansa, Orquestra USP-Filarmônica, Orquestra Sinfônica da UFRJ, Orquestra Jovem Carioca e Orquestra Rio Villarmônica. Atualmente é fagotista no Quinteto Lorenzo Fernandez, Duo Imudara e Orquestra Sinfônica Nacional – UFF.
Programa:
João Guilherme Ripper (1959) – Psalmus (2002) 6’
Dedicada ao maestro Henrique Molerembaum
Camargo Guarnieri (1907-1993) – Suíte Vila Rica (1957) 12’
I – Maestoso
II – Andantino
IV – Scherzando
VII – Valsa
X- Baião
Anderson Alves (1986) – Concerto para Fagote e Orquestra (2019) 14’
Dedicado ao fagotista Jeferson Souza
Solista: Jeferson Souza (Fagote)
I – Contemplativo
II – Paisagem Sonora
III – Rítmico
Heitor Villa-Lobos (1887-1959) – Bachianas N.º 4
I- Prelúdio (Introdução)
II – Coral (Canto do Sertão)
III – Aria (Cantiga)
IV – Dança (Miudinho)
25 de Agosto de 2024
Domingo | 10h30
Cine Arte UFF
Rua Miguel de Frias, 9 – Icaraí – Niterói
Ingressos: R$40 (inteira) – R$ 20 (meia)
Canais de venda: Guichê Web e Bilheteria