Evento
O Cine Arte UFF, em parceria com o Urubu Cine e o Departamento de Cinema e Vídeo da UFF prestará uma homenagem ao professor Antonio Moreno, falecido em junho de 2021.
A sessão irá exibir cinco filmes de curta-metragem, de linguagens diversas, roteirizados e dirigidos por Antonio Moreno. Após a sessão, participarão da homenagem ao ex professor do Departamento de Cinema e Vídeo da UFF, o professor de animação dos cursos de Cinema e Audiovisual Daniel Pinna; o cineasta, animador e pesquisador, Jansen Raveira; e o historiador, curador e cineasta Lucas Parente.
Nascido em Fortaleza no ano de 1949, Antônio do Nascimento Moreno foi um criador precoce e obstinado. Realizou filmes e animações experimentais, publicou livros oriundo de suas pesquisas e atuou como assistente de direção e montagem em diversos filmes, tal como Amor Maldito de Adélia Sampaio (1983). Ministrou disciplinas de animação no Departamento de Cinema e Vídeo da Universidade Federal Fluminense (UFF, Niterói, RJ) de 1983 a 2018. Chegou ao Rio de Janeiro em 1964 e fez parte da “geração Paissandu”, marco na formação da cinefilia na cidade do Rio de Janeiro. Também foi fundador do grupo Fotograma em 1968, oriundo do recém dissolvido CECA (Centro de Estudos de Cinema de Animação que havia surgido na Escola de Belas Artes), que acabou se dissolvendo em 1969 devido a perseguição da ditadura militar. Nos anos 70, junto a José Rubens Siqueira e Stil (Pedro Ernesto Stilpen), fundou o Grupo NOS.
Jansen Raveira é cineasta de animação e se dedica profissionalmente à produção audiovisual a duas décadas, tendo acompanhado desde o início o recente crescimento da industria da animação brasileira e efeitos especiais. Foi animador e videografista na Rede Globo, Conspiração Filmes, Labocine Digital, Copa Studio entre outras empresas. Fez composição e efeitos especiais em longas metragens animados como “Turma da Mônica e Uma aventura no Tempo”, além de séries de TV como “Tromba Trem” e “Historietas Assombradas” e em curtas metragens como “Acorda!” e “Cascudos”.
Pesquisador de animação, mestre e doutorando no assunto, desenvolveu trabalhos de video mapping e cenografia em projeção.
Seus trabalhos de direção incluem a série de TV “A Turma da Mônica” e o premiado curta metragem “Como Comer um Elefante”.
Lucas Parente é formado em história e filosofia. Dedica-se ao cinema e à escrita, realizando projetos em parceria com diversos artistas e cineastas. Dentre seus filmes, destacam-se Satan Satie ou Memórias de um Amnésico (2015), média-metragem realizado em parceria com Juruna Mallon, e Calypso, longa-metragem realizado em parceria com Rodrigo Lima (2018). Em 2019 trabalhou revisando e catalogando curtas-metragens na Cinemateca do MAM. Tal pesquisa está no cerne da curadoria e produção do Urubu Cine, cineclube que a cada mês exibia na cinemateca a obra de um curta-metragista brasileiro, convidado este para um debate após a sessão. Nos anos de 2018 e 2019 estabeleceu parcerias com a empresa Cinecolor, logrando digitalizar 9 curtas-metragens cujas cópias únicas estavam em vias de deterioração. Dentre os filmes digitalizados destacam-se Eclipse de Antônio Moreno, As Sertanejas de Elyseu Visconti e A Nativa Solitária de Francisco Almeida Fleming.
Daniel Pinna possui graduação em Desenho Industrial pela Escola Superior de Desenho Industrial e mestrado em Design pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. Professor adjunto do Departamento de Cinema e Vídeo da Universidade Federal Fluminense e de cursos de pós-graduação e de extensão em Design e Animação. Curador de mostras de Cinema de Animação brasileiro. Foi coordenador da Produtora Modelo do Centro Universitário da Cidade (2006-2008). Tem experiência profissional e acadêmica em Design, Animação e Comunicação, atuando principalmente nas seguintes áreas: Design Visual, Design Gráfico, Produção Gráfica, Produção Audiovisual, Cinema de Animação, Computação gráfica, Cinema, vídeo digital e multimídia, Roteiro e storyboard, Design de personagens, narrativa, Animação Brasileira, Animação Japonesa, Cinema de Animação japonês (Miyazaki, Oshii, Otomo, Kon). Animação no quadro-negro (Quadro-negro Animado), Animação sem câmera e flipbooks.
SESSÃO
Reflexos, de Antonio Moreno e Stil
Brasil, Animação, 1974, 5´47´´
Através da metamorfose de imagens os reflexos de duas músicas brasileiras na interpretação de Antônio Moreno (O Canto Negro do Cisne, de Heitor-Villa-Lobos) e Stil (Dança Brasileira, de Camargo Guarnieri).
Troféu Humberto Mauro, Coruja de Ouro/1975.
Ícaro e o Labirinto, de Antonio Moreno
Brasil, Animação, 1975, 7´16´´
Adaptação livre da lenda grega de Ícaro, vivendo no presente como um fantasma ou nos sonhos dos homens que imaginam voar. Realizado em 1975, refletia a desinformação e acuamento do jovem brasileiro alienando-se e se refugiando nas drogas por não encontrar no labirinto o caminho de busca pela liberdade de voar.
Menção Honrosa, Festival JB/Mesbla, 1975.
Vão-se os pais, ficam os filhos, de Antonio Moreno
Brasil, Animação, 1980, 5´26´´
A herança deixada para as crianças de uma geração a outra onde a violência grita mais alto, alcançando, cada vez mais, uma velocidade estonteante.
Curta exibido no circuito comercial como complemento de longa.
Eclipse, de Antonio Moreno
Brasil, Animação, 1984, 12´15´´
Diante de imagens que se transfiguram, dentro de um cogumelo de uma explosão já começada, a narração de um rude poema latino-americano conta ocorrências e impressões das décadas de sessenta, setenta e oitenta no Brasil e América Latina, com algumas falhas de memória. O filme foi realizado a partir da técnica de animação direta na película.
Menção Especial do Júri do Festival de Gramado/1985 “pelo ousado caráter experimental”.
O Olho amarelo do tigre, de Antonio Moreno
Brasil, Ficção, 1988, 14´07´´
Com Maria Helena Dias, Zózimo Bulbul, Hélio Tavares e Guilherme Cetto Vitor.
Indefesa, como diante dos olhos amarelos de um tigre, uma mulher, antes de se matar, fala a Cristo na cruz. Expõe o que a perturba: a fome, a miséria, crianças abandonadas, a relação homem-mulher, controle de natalidade e a sua própria crise de fé.
12 de agosto de 2021
Quinta | 19h
Transmissão no Facebook do Centro de Artes UFF