Evento

Ciclo de Cinema – Nativas Narrativas

Ciclo de Cinema – Nativas Narrativas

Ciclo Nativas Narrativas
No contexto atual  tem se ampliado o interesse em nos voltarmos para as perspectivas e saberes dos povos nativos, embora de maneira tardia e mais lenta que o necessário, como que em busca de traçar outros caminhos frente à crise na qual a chamada “civilização” se encontra imersa. O cinema realizado pelos povos indígenas, há pelo menos três décadas, segue transformando as telas em janelas para outros mundos possíveis.
Narrar a si, narrar o outro. A diversidade do cinema indígena, com seus próprios modos de fazer e construir coletivamente, nos coloca diante de potentes questões.
Que narrativas sobre si se dão a ver nessas produções? Quais as suas relações e (cosmo)visões sobre a roça, a alimentação tradicional, a cura, os cantos, as danças, a língua, sobre tudo que permeia o dia-a-dia dessas comunidades?
Que olhar lançam para a sociedade envolvente, o seu outro? E que novas visões poderão ser acessadas por essa sociedade ao ser por eles colocada em perspectiva?
O Ciclo Nativas Narrativas, fruto da parceria entre o coletivo Ascuri e a Rede CineFlecha, traz um abrangente panorama da mais recente produção audiovisual indígena. A maior parte dos filmes aqui apresentados foram exibidos também na I Mostra CineFlecha (2020), trazida agora para o Centro de Artes UFF de forma itinerante.
Sobre os parceiros
ASCURI (Associação Cultural dos Realizadores Indígenas)  A Associação Cultural dos Realizadores Indígenas (ASCURI) é formada por jovens Guarani-Kaiowá e Terena, realizadores e produtores culturais indígenas do Mato Grosso do Sul, com o objetivo de discutir alternativas ao modelo predominante de se pensar e fazer cinema na América Latina, buscando o caminho de fortalecimento do jeito de ser tradicional utilizando ferramentas da linguagem cinematográfica e das tecnologias de comunicação. A ASCURI surge no âmbito da oficina Cine Sin Fronteras, realizada na aldeia Condor Iquiña, em 2008, e coordenada pelo documentarista quéchua Ivan Molina, diretor da então Escuela de Cine y Artes de La Paz (ECA, hoje IFAECA). Quatro anos mais tarde, a ASCURI passa a se configurar como uma associação sem fins lucrativos. Além de atuar na criação de filmes e documentários, o coletivo também se dedica à organização de mostras de cinema, à produção de filmes de jovens realizadores, à docência e à edição de livros, entre eles Mosarambihára, semeadores do bem viver, resultado de um programa formativo para jovens Guarani e Kaiowá em 2016.
Entre as principais mostras e festivais em que participam, estão a Mostra Vemeuxá – Territórios Audiovisuais Indígenas, durante o 51º Festival de Brasília, em 2018; Alakan, mostra realizada no âmbito do VII Colóquio de Cinema e Arte da América Latina (COCAAL), em São Paulo, em 2019.
Entre as mostras organizadas pela ASCURI estão o I Ciclo Cinematográfico de Temas Indígenas – Nhande Tape Porã, na Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD), em Dourados (MS), em 2017, e as edições de continuidade do Cine Sin Fronteras de 2016 (La Paz – Bolivia) e de 2016 em Niterói (RJ).  E o lançamento recente durante a pandemia de Covid-19 da webserie Nativas Narrativas, em parceria com a Rede Cine Flecha, que visa contar as perspectivas indígenas com relação a pandemia, que esta disponível no site do coletivo.
A produção audiovisual ASCURI mantém proximidade com a atividade dos rezadores tradicionais, em Guarani – Nhanderu e em Terena –  Koixomuneti das comunidades em que atuam, estando estes sempre presentes nos filmes, oficinas e nos encontros que realizam. Esse intercâmbio de conhecimentos entre os mais novos e os mais velhos, segundo os realizadores, contribui para o estreitamento da relação entre gerações, estimulando a compreensão pelos jovens indígenas de seu lugar na constituição sociocultural e política dos povos aos quais pertencem. As novas mídias são entendidas pelo coletivo como ferramenta para a luta em prol dos direitos originários e da garantia da participação indígena ativa na discussão de temas como a gestão de seus territórios, sua conservação ambiental, o uso de seus recursos naturais, e o desenvolvimento de políticas de segurança alimentar, além do alinhamento espiritual com seres, constelações dessa e de outras dimensões.
A produção ASCURI, majoritariamente documental, é de livre acesso, sendo mantido um canal na plataforma Youtube para sua divulgação.

Rede CineFlecha A Rede CineFlecha é formada por coletivos indígenas e articuladores que trabalham com cinema, comunicação e antropologia. A Rede tem o objetivo de fomentar e divulgar as produções audiovisuais de coletivos indígenas e colaboradores e conectar pessoas e coletivos de diferentes povos e lugares em torno da manifestação e criação de mundos possíveis.
As atividades facilitadas e promovidas pela Rede CineFlecha visam articular membros das comunidades indígenas, artistas, acadêmicxs e sociedade em geral a fim de promover um intercâmbio de cosmologias e saberes entre diferentes povos, contribuindo assim para uma co-existência cosmopolítica (plantas, animais, rios e demais seres humanos e não-humanos) mais harmônica e plural.
Dentre os coletivos e povos que formam a rede estão: o Pēnãhã – Coletivo de Cinema Maxakali do Pradinho (Maxakali/Tikmũ´ũn/MG); o Coletivo Beya Xina Bena (Huni Kuin/AC); o Coletivo Akubaaj Cinta Larga de Cinema (Cinta Larga/RO); o Coletivo Ijã Mytyli de Cinema Manoki e Myky (Manoki e Myky/MT); a Associação Cultural de Realizadores Indígenas (Guarani, Kaiowá e Terena/MS); realizadores Guarani Mbya (SP/RS); entre outros.

01/04
Sessão 1 – Encontros e Caminhos de (Re)Existência
Viagens e encontros podem traçar também caminhos de resistência. Por cosmopistas ancestrais atualizadas em percursos e cantos, mantendo e transformando tradições de festas, jogos e visitas, ou ainda (re)ocupando cidades e lidando com aqueles que impõem o encontro como invasão, o cinema propõe formas possíveis de encontros e existências.

Virgem dos Desejos (La Virgen de Los Deseos)

New York: just another city

Ãjãí: o jogo de cabeça dos Myky e Manoki

Nativas Narrativas: Mirando Mundos Possíveis

Yvy Reñoi, Semente da Terra

Os espíritos só entendem nossa idioma

08/04
Sessão 2 – Alianças e Saberes de Cura
Compartilhando e produzindo saberes e memórias, o cinema produz, atualiza e multiplica alianças. Com aliados encantados dos tempos antigos, ou mesmo aliados não-indígenas, práticas de cura se consolidam e se transformam.

Mãtãnãg, a Encantada

Vende-se Pequi

Tecendo nossos caminhos

Pawaat – os segredos da medicina tradicional Cinta Larga

Pirakuá – Os Guardiões do Rio Ápa

Panambizinho – o fogo que nunca apaga

15/04
Sessão 3 – Olhares e Escutas entre Mundos
O filme-ritual como produção de mundos, a produção de mundos como partilha do sensível. Através de olhares e escutas, experimentam-se relações que se propõem na própria atividade xamânica: vendo menos, não vendo, sendo vistos de modo ativo, vendo o que se escuta e o que está além, somos convidados à relação cinematográfica e xamânica que constituem o cinema.

Jakaira, o dono do milho branco

Kipaexoti

Festa do Porcão

Tatakox Vila Nova

22/04
Sessão 4 – Ditadura, violência e memória
Sabemos e falamos pouco sobre a violência da ditadura militar no Brasil, e desse pouco, muito é dito sobre as cidades, mas e a ditadura no campo no interior? E o que sabemos sobre as práticas autoritárias e violentas da ditadura contra os povos indígenas? Recuperar e debater essas memórias é fundamental para o nosso presente e futuro.
GRIN – Guarda Rural Indígena, Brasil, 2016
Um cineasta maxakali resgata memórias sobre a formação da Guarda Rural Indígena (Grin) durante a ditadura militar, com relatos das violências sofridas pelos seus parentes.
No processo de realização do filme, entrevistas coletadas pelos diretores​ foram repassadas ao Ministério Público de MG ​em pedido de indenização​ ​aos povos originários ​pelo sofrido durante a Ditadura Militar. ​Essa ação auxiliou em processo jun​t​o aos Krenak; seguimos agora​ ​tentando​ ​​reconhecimento​ ​junto aos Maxakali.
“Hãmxomã’ax hitap xop yãgmũg putox kopa pip apia xaxok putup’ah. Kutex ũgmũyõg nõ’õm apxaxok putup’ah.”
“​O passado ainda é. O passado insiste em ser. ​ ​Cantamos e o que é nosso não é esquecido​.​”

29/04
Sessão 5 – Nativas Narrativas – o modo  indígena de fazer cinema

Mokoi Kovoé

Nhaderu

Ao final da sessão ocorrerá um debate.

01, 08, 15, 22 e 29 de abril de 2021
Quintas-feiras | 19h
Transmissão:
Facebook do Centro de Artes UFF
Youtube da Ascuri Brasil

Pular para o conteúdo