Professor da UFF publica artigo na Nature sobre crise hídrica no Brasil

Em parceria com o pesquisador da Nasa, Augusto Getirana, e com a professora da UFRJ, Renata Libonati, o professor do Departamento de Engenharia Agrícola e Meio Ambiente da UFF, Marcio Cataldi, publicou na revista Nature, uma das maiores publicações científicas do mundo, um artigo de opinião a respeito da atual crise hídrica pela qual o Brasil está passando no momento. Publicado no mês passado, o artigo se intitula “Brazil is in water crisis — it needs a drought plan” (em tradução livre: “Brasil está em crise hídrica — precisa de um plano de seca”).

Apesar de o Brasil possuir a maior reserva de água doce do mundo, sendo dois terços somente no rio Amazonas, as pesquisas científicas recentes estão alertando para o risco de enfrentarmos problemas na agricultura e aumento dos custos de energia. No artigo, os pesquisadores ressaltam que, nesse cenário, o Brasil precisa diversificar as fontes energéticas, monitorar a umidade do solo, modelar a dinâmica hidroclimática local e tratar a água como prioridade de segurança nacional.

Os autores explicam que em 2021, entre março e maio, o clima seco na região centro-sul do Brasil levou a uma escassez de 267 km³ de água de rios, lagos, solo e aquíferos, em comparação com a média sazonal dos últimos 20 anos. Muitos reservatórios importantes chegaram a menos de 20% de suas capacidades. Nesse contexto, a agricultura e a geração de energia foram atingidas e tivemos uma alta de 30% no preço do café, 67% no preço da soja e as contas de eletricidade subiram 130%.

As causas para esse quadro são diversas, mas o artigo enfatiza os efeitos colaterais causados por décadas de desmatamento da Amazônia. Os autores argumentam que a derrubada de árvores, bem como a redução da quantidade de umidade transportada da floresta tropical para o centro-sul do Brasil, é o principal causador de incêndios. Por sua vez, o material liberado no ar por conta desses incêndios altera a formação de nuvens de chuva e o uso inadequado da terra acaba também por piorar as secas e até fazer com que os rios sequem.

Além disso, Cataldi alerta já há algum tempo para o fato de que é importante informar amplamente a sociedade sobre a necessidade de diminuição do consumo elétrico. “Só assim é possível evitar um apagão. Infelizmente, os órgãos governamentais estão descartando a possibilidade de racionamento de energia, o que é temerário, já que o apagão é um risco real levantado por estudos científicos. É preciso que abandonem a postura política, priorizem e discutam o tema em um nível técnico adequado para evitar de fato o racionamento. Para a população, fica o alerta: observem as bandeiras na conta de energia elétrica e percebam como as tarifas estão aumentando. Junto com elas, cresce também o risco de desabastecimento”, conclui o professor.

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A atualização mais recente deste conteúdo foi em 21/01/2022 - 15:47