HUAP volta a realizar transplantes de rim, paralisados até então por conta da Covid-19

Desde o início da pandemia de Covid-19, vários procedimentos médicos foram temporariamente suspensos em diferentes unidades hospitalares. Mas a cada novo passo dado, temos que comemorar! Esse é o caso do primeiro transplante de rim do ano, que aconteceu no Hospital Universitário Antonio Pedro-HUAP. Essa retomada veio com uma grande novidade, pela primeira vez o hospital realizou dois transplantes renais no mesmo dia.

- Isso ocorreu porque um de nossos pacientes cadastrados estava entre os dois primeiros da lista de compatibilidade, e o outro era do Hospital de Bonsucesso, que ainda não voltou a transplantar. Existe uma solidariedade entre os hospitais para socorrer aqueles que, por algum motivo, não estejam transplantando. Isso evita que o doente cadastrado acabe perdendo sua oportunidade na fila. Como era a nossa vez na lista do rodízio, nos responsabilizamos pelo transplante do doente de Bonsucesso -, explica o Chefe da Nefrologia e responsável técnico pelos transplantes de rim do HUAP, Jocemir Ronaldo Lugon.

Assim como o HUAP se responsabilizou pelo transplante de um usuário de outro hospital, o mesmo aconteceu no tempo em que o HUAP precisou suspender seus procedimentos. Durante o período, os pacientes em espera não saíram da lista. Jocemir afirma que a necessidade de parar com os transplantes no Antônio Pedro foi por uma questão de proteção aos pacientes. Segundo o médico, considerando que o paciente imunossuprimido se defende menos contra possíveis infecções, seria mais cuidadoso e conveniente não fazer transplante nesta época.

- Não fomos apenas nós que paramos, outros hospitais também. Nossa equipe conversou e entendeu que seria melhor suspender, por ficarmos receosos com o contágio de Covid-19, por ter uma taxa de transmissão alta no ambiente hospitalar e por, naquela época, termos muitos pacientes internados com coronavírus no HUAP. Imunossuprimir sem saber quais vão ser as consequências nessas condições é perigoso. O transplante de rim não é emergencial, já que o doente pode ficar em diálise e esperar. O procedimento permite que o indivíduo fique sem o órgão até que apareça um compatível para o transplante -, comenta Jocemir.

O único órgão vascularizado que o HUAP transplanta é o rim. O outro tipo não é vascularizado, que é o de córnea. O primeiro registro de transplante feito no hospital data de 1995, após grande revitalização no setor, ocorrida em 1988. Deste ano para cá, houve uma organização mais sistematizada e com regularidade. Hoje, há dois leitos para transplantes dentro da unidade de diálise do HUAP.

Em relação à doação de órgãos, quem capta é o programa estadual. São eles que têm a equipe de cirurgiões para a retirada. Já o implante é feito por cada hospital. Jocemir reforça a importância de haver uma mobilização para que se estimule os doadores. Segundo o médico, “a doação de órgãos é o grande motor do transplante. Se não houver doação, não há transplante. Com a morte cerebral, você retira os órgãos vascularizados. Isso tudo é organizado no programa estadual de transplantes, que têm equipes para fazer eventos de divulgação, conscientização da população”.

Transplante de rim é o mais antigo e mais realizado no mundo

O transplante renal é o tipo mais realizado no Brasil e no mundo, além de ser o mais antigo. Todo o procedimento para que o transplante ocorra não é simples, já que envolve diversos especialistas toda a infraestrutura do hospital inteiro. É o nefrologista quem prepara o paciente antes do transplante e cuida no pós operatório. Mas quem implanta o rim é o cirurgião urologista. De acordo com Jocemir, entre a retirada do órgão do falecido e o transplante no paciente, são cerca de 20 horas. Ele esclarece como funciona o processo:

- Por exemplo: uma pessoa tem os órgãos doados pela família em um hospital. Ao mesmo tempo em que são retirados, é coletado o material do tecido do doador para ser comparado aos dos que estão na fila para receber o transplante. É feita uma lista dos dez primeiros mais compatíveis. Se o HUAP tiver algum nome de paciente, eu sou contatado para dizer se aceito. Porque, às vezes, o doador tem alguma condição que coloque em risco a cirurgia do meu paciente. Com o aceite, ele vem ao hospital e é examinado para avaliar se há algum anticorpo que destrua o rim. Dos dez, os dois primeiros mais compatíveis com tecido e sistema imunológico, vão receber os rins. Quanto menor o tempo entre captação e implantação, melhor para o procedimento.

Além do transplante de rim, o HUAP também realiza o de córnea. O retorno deste último também ocorreu este ano, já sendo realizados alguns procedimentos desde então. Com o retorno dos transplantes, todo candidato a receber um rim ou uma córnea precisa fazer o teste rápido, o PCR e uma tomografia de tórax. O processo de transplantar durante a pandemia ficou mais complexo e cuidadoso. Apenas se o paciente passar por essa triagem e confirmar que não há coronavírus, ele pode realizar o transplante.

Fonte: Unidade de Comunicação Social (UCS) - https://bit.ly/3CLiviy

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A atualização mais recente deste conteúdo foi em 28/09/2021 - 14:16