O debate sobre os direitos e segurança da população LGBTQ+ no Brasil está cada vez maior. Segundo a ONG Transgender Europe, o país lidera disparado o ranking mundial de assassinatos de transgêneros e travestis, com 123 mortes entre outubro de 2015 e setembro de 2016, quase três vezes o número do segundo lugar, México, com 52 casos. O livro “Gênero, Diversidade Sexual e Direitos Sociais” (Eduff, 2018) tem o propósito de debater sobre a segurança dessa comunidade, os riscos aos quais estão expostos e, além de refletir sobre possíveis formas de lutar contra a LGBTfobia, a fim de diminuir casos de violência e assegurar direitos básicos a todos.
Organizada por Nivia Valença Barros, Rita de Cássia Freitas e Luciana Bittencourt, a obra é resultado do curso de extensão homônimo oferecido pelo Programa UFF Mulher em 2015. Com apresentações e artigos de palestrantes do evento, o livro aborda a realidade da comunidade LGBTQ+ sob a perspectiva de diversas áreas, como direito, educação, mídia e saúde.
Segundo as autoras, discussões sobre orientação sexual e identidade de gênero ainda são muito debatidas sob a lente de valores tradicionais, com conceitos fechados, compartilhados por instituições sociais como a família, escola, religião e mídia. O preconceito e estigma propagados aumentam a violência e exclusão daqueles indivíduos que não se encaixam no padrão social, contrariando até mesmo o princípio de dignidade, liberdade e igualdade da Constituição Brasileira de 1988.
Esse debate se mostra cada vez mais relevante para a sociedade brasileira, já que, de acordo com os dados do Grupo Gay da Bahia, o número de homicídios de homossexuais bateu recorde em 2017, com 277 casos até setembro do mesmo ano – maior média desde que os dados começaram a ser coletados, há 38 anos. “Gênero, Diversidade Sexual e Direitos Sociais” visa proporcionar o diálogo e pensar em estratégias para promover o exercício da cidadania para todos, além de ir contra atos e pensamentos LGBTfóbicos, como forma de “retirar da invisibilidade essa população tão cerceada de seus direitos”.