#ProexEmAção em parceria com o projeto de extensão DescartUff informam que no texto postado no site, do projeto comenta sobre o estudo publicado pela The Lancet para analisar a eficácia da cloroquina e da hidroxicloroquina como forma de tratamento para a COVID-19. A pesquisa envolveu 96.032 pacientes de 671 hospitais de diversos continentes. Além da comparação da taxa de mortalidade entre os grupos que utilizaram estas substâncias e o que não utilizou, foi analisado também os efeitos colaterais provocados pela cloroquina e hidroxicloroquina.
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Estudo retrospectivo: a eficácia e risco da cloroquina
Na semana passada, a revista The Lancet publicou um estudo envolvendo a técnica de meta-análise, uma técnica estatística desenvolvida especialmente para comparar os resultados de diferentes estudos, visando integrar e combinar os mesmos. Este estudo, através da meta-análise, buscou dados do uso de hidroxicloroquina e cloroquina, associados ou não a um macrolídeo, em pacientes confirmados com COVID-19. Macrolídeos são antimicrobianos muito utilizados em infecções respiratórias como pneumonias, sinusites e faringites. O estudo incluiu dados de 671 hospitais de 6 continentes, no período de dezembro de 2019 a abril de 2020.
Foram analisados 96.032 pacientes com COVID-19 hospitalizados neste período. Eles possuíam idade média de 53,8 anos dos quais 46,3% eram mulheres; 66,9%, brancos; 9,4%, negros; e 14,1% eram de origem asiática. O continente mais analisado foi a América do Norte, e as comorbidades mais observadas foram colesterol alto, hipertensão e diabetes.
O critério de inclusão utilizado foi: em até 48 horas de diagnóstico positivo para COVID-19, pacientes hospitalizados foram incluídos em um dos quatro grupos de tratamento – cloroquina isolada, cloroquina mais antibiótico, hidroxicloroquina isolada ou hidroxicloroquina mais antibiótico. Os pacientes que não receberam nenhum desses tratamentos formaram o grupo controle. Foram excluídos da análise os pacientes que receberam esses tratamentos após as 48 horas do diagnóstico, pacientes que receberam o tratamento durante ventilação mecânica ou pacientes que utilizaram Remdesivir antiviral como forma de tratamento.
Como resultado do estudo, comparando as mortalidades dos quatro grupos de tratamento com o grupo controle, percebeu-se que enquanto a taxa de mortalidade dos pacientes controle foi de 9,3%, a mortalidade do grupo que recebeu hidroxicloroquina isolada foi de 18%; hidroxicloroquina mais antibiótico foi de 23,8%; cloroquina isolada foi de 16,4% e cloroquina mais antibiótico foi de 22,2%. Logo, os quatro grupos de tratamento tiveram um maior risco de mortalidade quando comparados aos pacientes que não foram submetidos à cloroquina ou hidroxicloroquina.
Além das taxas de mortalidades observadas, também foram feitas comparações entre os grupos de tratamento e o grupo controle, analisando a frequência de arritmias ventriculares. O aumento dessa frequência foi observado nos grupos de tratamento que utilizaram cloroquina ou hidroxicloroquina, independente da associação com o antibiótico. Assim, a conclusão dos autores foi que o uso destas substâncias no tratamento da doença em questão não só pode levar a efeitos colaterais, mas também aumenta o risco de morte dos pacientes.
Após a publicação deste estudo, a OMS suspendeu os testes com a cloroquina e a hidroxicloroquina de pesquisas coordenadas pela organização com cientistas de 100 países. A suspensão será mantida até a reavaliação dos medicamentos para o tratamento da COVID-19. A OMS, que já havia declarado ser contra o uso amplo da cloroquina como forma de tratar a doença, ressalta que a mesma só deve ser usada dentro de ensaios clínicos e em pacientes com doenças autoimunes ou malária.
Autores: Luiza Sardinha, Vladimir Pedro, André Almo e Júlia Albuquerque
Figura: Nathalia Zauli
Referências:
https://www.thelancet.com/action/showPdf?pii=S0140-6736%2820%2931180-6&f…
https://www.bbc.com/news/health-52799120?fbclid=IwAR212aLRfIEXJq1PEqCO24…
https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0100-40422010000300035&script=sci_…