Na semana passada, entre 03 e 07 de outubro, a UFF recebeu a Drª Karin Amos, Pró-Reitora de Ensino da Universidade de Tübingen, na Alemanha, para uma semana de atividades cujo objetivo maior foi a troca de experiências em relação às Políticas de Ações Afirmativas implantadas na UFF que se tornaram referência internacional.
A Universidade de Tübingen é considerada uma das mais antigas do continente europeu e, também, uma das melhores universidade do mundo, porém, segundo Karin, ainda precisa de exemplos práticos, principalmente com relação às Políticas de Acessibilidade e Inclusão, justamente por terem uma arquitetura muito antiga que impossibilita, muitas vezes, a instalação de equipamentos que facilitem a acessibilidade de seus estudantes.
Em seu primeiro dia na UFF, 03 de outubro, a Pró-Reitora se reuniu com o Reitor, Professor Antonio Claudio da Nóbrega; com a Pró-Reitora de Graduação, Professora Alexandra Anastacio; com a Superintendente de Relações Internacionais, Lívia Reis e com o Professor do Instituto de Letras, Johannes Kretschmer, que a acompanhou durante a semana. O encontro colocou em pauta uma série de possíveis colaborações entre as universidades para a inclusão de temas como cultura, inclusão, diversidade e combate ao racismo nos currículos de graduação.
No mesmo dia, foi realizada, no Auditório do Núcleo de Estudos em Biomassa e Gerenciamento de Águas (NAB), a palestra “Políticas de Inclusão na Alemanha e no Brasil”, ministrada pela Professora Karin Amos, pela Professora Alexandra Anastacio e pelo Professor da Universidade de Brasília, José Jorge de Carvalho, que é Coordenador do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia e Inclusão no Ensino Superior (INCT). O evento, aberto ao público, versou, principalmente, sobre os desafios da Universidade de Tübingen para implantar Políticas de Acessibilidade e Inclusão que promovam qualidade acadêmica com equidade.
Karin Amos também falou sobre a missão da universidade refletindo sobre a história da instituição baseada em um modelo mono-cultural, o qual já previa a exclusão de tradições do conhecimento, como, por exemplo, a judaica, e como a universidade toma como responsabilidade a Declaração da ONU dos direitos das pessoas com deficiência diante da diversidade.
A Pró-Reitora demonstrou interesse em discutir o legado de Paulo Freire, autores como Johnny Dewey e a filosofia africana de Ubuntu, abordagens que poderiam estimular um efetivo diálogo entre Tübingen e a UFF, entre a tradição alemã (fundada na autonomia individual) e a brasileira (focada nas relações humanas e no conhecimento coletivo).
A Professora Alexandra Anastacio falou sobre os projetos de acolhimento e inclusão de estudantes ingressantes e mostrou a evolução das Ações Afirmativas na UFF, desde o ano de 2007, quando foram implantadas, passando pela criação da Comissão Permanente de Ações Afirmativas, Diversidade e Equidade da UFF (Afide) e a inclusão de ações afirmativas em programas institucionais, como o Programa de Monitoria.
A Pró-Reitora de Graduação falou também sobre o trabalho de formação continuada docente que, através do Programa de Inovação e Assessoria Curricular (PROIAC), promove regularmente oficinas de capacitação para os docentes da UFF, visando o desenvolvimento do professor e a inovação pedagógica. Alexandra Anastacio ressaltou que não basta ter diversidade, mas mudanças efetivas no processo de ensinar e aprender. “Como a universidade se beneficia desses diversos saberes para a formação do estudante? O projeto pedagógico de um curso tem que refletir o projeto de nação que nós queremos. Nós precisamos sempre construir projetos pedagógicos que, de fato, reflitam a sociedade que nós queremos, mais justa e igualitária.”, encerrou a Pró-Reitora.
O Professor José Jorge de Carvalho falou sobre a experiência do Encontro de Saberes, um projeto que foi implantado em 2010 e alcançou mais de 10 universidades no mundo, sendo a maioria no Brasil. O movimento tem a proposta de descolonizar o pensamento e a prática acadêmica nas universidades, através da inclusão de docentes representantes dos povos tradicionais, indígenas, afro-brasileiros, quilombolas e das culturas populares em disciplinas regulares.
Ao longo da semana, Karin Amos, iniciou uma série de visitas às instalações da UFF, começando pelo Navio Escola Ciências do Mar III, atracado na Base Hidrográfica da Marinha, na Ponta da Areia, em Niterói. A Professora foi recebida pelo Professor Abílio Gomes, que apresentou as estruturas do Navio e contou que ele funciona como um laboratório flutuante multidisciplinar, com tripulação fixa e recebe estudantes de diversos cursos, tais como Geociências, Geografia, Engenharia e Nutrição.
A Professora também conheceu o projeto Barco Solar, o Laboratório Horto Viveiro e o Colégio Universitário Geraldo Reis (COLUNI UFF).
A visita foi encerrada na sexta-feira, 07 de outubro, na Reitoria da UFF em nova reunião com a Professora Alexandra Anastácio e com Professora Helena Castro, Vice-Diretora Instituto de Biologia e ex-Coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Diversidade e Inclusão, com a perspectiva da realização de diversos projetos de intercâmbio para estudantes e professores tanto da UFF quanto da Universidade de Tübingen.