Informe

UFF integra Observatório Nacional de Saúde Mental e Trabalho

O Brasil está classificado como um dos países com maiores taxas de Transtorno de Ansiedade e Depressão e uma das razões para explicar esses dados está relacionada às condições a que os trabalhadores estão submetidos. Nesse sentido, surgiu o Observatório Nacional de Saúde Mental, que conta com a participação do professor Bruno Chapadeiro, vinculado ao Laboratório de Pesquisa em Psicologia, Organizações, Saúde, Trabalho e Educação da Universidade Federal Fluminense (Laposte/UFF).

O observatório, que teve início em dezembro de 2023, tem a finalidade de reunir esforços de pesquisadores, profissionais de saúde e segurança, sindicalistas e sociedade civil para ações de monitoramento de agravos à saúde mental das populações trabalhadoras, com destaque para os transtornos mentais relacionados ao trabalho (TMRT), suicídio e tentativas de suicídio, síndrome do esgotamento profissional (Burnout), violências e assédio.

O professor Bruno explica que, durante a pandemia, foi fundada a Frente Ampla em Defesa da Saúde dos Trabalhadores, unindo pessoas de diversos setores da sociedade no sentido de lidar com os desafios relacionados ao trabalho naquele momento. “Foram criados alguns Grupos de Trabalho (GTs) e ingressei no grupo Saúde Mental e Trabalho. Amadurecemos a ideia de criar um observatório e buscamos o nexo de causalidade entre adoecimento mental e trabalho, tentando demonstrar como o trabalho impacta nesse cenário. Ainda temos dados muito subnotificados por conta da desigualdade no Brasil, então podemos estar falando de um fenômeno muito mais grave do que podemos depreender a partir da observação dos dados atuais”, ressalta.

Na última semana, ocorreu em Curitiba o evento “Observatório Saúde Mental e Trabalho – reunindo esforços por direitos e pelo bem viver”, que contou com a participação do professor e de duas alunas da UFF e teve como objetivo tentar entender se em outros países do mundo e da América Latina existem iniciativas similares, utilizando essa metodologia de observatório, com o registro de dados mais consolidados. “Buscamos ser um observatório, fazendo uma vigilância constante sobre a questão da saúde mental e do trabalho, levantando dados mais reais e próximos da realidade, utilizando uma plataforma de gestão de dados, para termos uma melhor visão do problema, com classificação por categoria, tipo de patologia, etc.”, explica o professor.

Recentemente, foi atualizada a lista de doenças relacionadas ao trabalho e o professor Bruno Chapadeiro foi o responsável pela etapa nacional da parte de saúde mental. Ele explica que o adoecimento psíquico relacionado ao trabalho está ligado a diversos fatores psicossociais. Dentre os quais, podemos destacar questões como terceirização e precarização, trabalho intermitente, deficiência nas formas de comunicação e no clima das relações de trabalho, deficiência em aspectos físicos (temperatura, ruído, iluminação, ventilação inadequados); problemas na organização e duração da jornada de trabalho, violência e assédio moral/sexual, assédio psicológico e discriminação.

Sobre o observatório, o professor afirma que a UFF está entre uma das 19 universidades públicas do Brasil que são signatárias da proposta. “Além das universidades, estão 19 Centros de Referência em Saúde do Trabalhador (CERESTs/SUS) do país e diversas associações sindicais e movimentos sociais de trabalhadores, além da iniciativa contar com o incentivo de instituições nacionais como o MPT e a Fundacentro, e organismos internacionais tais como a OPAS/OMS, o ISTAS e a OIT”, conclui.

Dados do informe

14/12/2023

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