Com a perspectiva de atender outras demandas da sociedade, o Programa de Línguas Estrangeiras Modernas da UFF ( Prolem) amplia as possibilidades de comunicação com o recém-inaugurado curso de Língua Brasileira de Sinais. As aulas, ministradas pela professora Mariana da Cunha Teixeira, ocorrem às quintas-feiras, das 10h às 13h, na sala 316, Bloco B, Campus do Gragoatá.
Voltado para proficiência em Libras e para a modalidade intérprete, o curso tem duração média de quatro anos, dividido em módulos de aproximadamente quatro meses. O primeiro módulo já possibilita um diálogo bem básico com uma pessoa com deficiência auditiva, e a partir do terceiro, o aluno consegue ter uma conversa mais aprofundada.
Em 2012, o Módulo I, Introdução a Libras, passou a integrar obrigatoriamente a grade dos cursos de licenciatura da UFF. “Essa aula, que já era importante para a inclusão social, pode também despertar o interesse dos alunos pelo aprofundamento na língua de sinais e fazer uma ponte com o curso de Libras que estamos oferecendo no Prolem”, ressalta a professora Mariana.
O curso de Libras apresenta um diferencial dos demais oferecidos pelo programa de línguas da UFF: não tem necessidade de apresentar o conteúdo de forma sequencial. Por ser assim, os interessados podem fazer as inscrições para a língua de sinais durante o ano todo, mesmo com as aulas tendo sido oficialmente iniciadas no dia 10 de março. “Nas aulas da Língua Brasileira de Sinais não se ensina por capítulos e o aluno já poderá falar desde a primeira aula o que aprendeu”, enfatiza o assistente de coordenação do Prolem e também estudante de Libras, Alexandre Arco e Flexa.
A Libras é importante não só na área de comunicação em que atuo, mas também para qualquer ser humano.” Afirma Alexandre Arco e Flexa
A subcoordenadora do Sensibiliza – Divisão de Acessibilidade e Inclusão da UFF, Lucília Maria Machado, opina sobre a iniciativa do Prolem de abrir um curso de Libras: “É uma atitude muito importante, pois a quantidade de alunos surdos na universidade está crescendo e com isso cresce também a necessidade de intérpretes e de pessoas com quem eles possam se comunicar”. De acordo com os dados do Censo de 2014, a UFF não possuía estudantes surdos em seus cursos, mas no último Censo, de 2015, já indica o total de 15 pessoas com surdez estudando na universidade – duas na graduação e 13 na pós-graduação.
Professora de Libras há seis anos, Mariana da Cunha, aponta para a diversidade do público que tem interesse no curso: professores de instituições de ensino público, que trabalham com comunicação e pessoas que gostam de línguas têm bastante interesse. Além disso, os próprios familiares do deficiente auditivo também se interessam em aprender o idioma para melhor interagir com ele.”
Mariana, que iniciou seu trabalho com a língua de sinais na Coordenação de Educação à Distância (Cead) da UFF, explica por que ainda não teve nenhum aluno surdo em suas turmas. “Na UFF ainda não tive nenhum aluno deficiente auditivo, pois o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) não prevê a língua portuguesa como a segunda língua dos surdos. O Enem reprova este candidato porque a estrutura da Língua Brasileira de Sinais é bem diferente da Língua Portuguesa. Por exemplo, não há flexões de verbos, preposições e conectivos. Por isso, o deficiente auditivo aprende a Língua Portuguesa só na modalidade escrita, num processo de decorar as palavras e os significados, gerando uma dificuldade de aprendizado muito grande”.
Como aluno do curso, Alexandre Arco e Flexa conta sobre as suas motivações para aprender o idioma: “A Libras é importante não só na área de comunicação em que atuo, mas também para qualquer ser humano. Porque uma vez que você vem a se deparar com um surdo na rua, você pode até salvar uma vida”, afirma.
Na opinião de Alexandre, um empecilho que pode surgir no aprendizado de Libras é a timidez do aluno: “Eu percebo que muitos se interessam pelo curso, mas têm vergonha. A língua requer um sistema de comunicação gestual, e nem todo mundo tem essa desinibição”. Assim, para o ensino de Libras, não basta apenas o professor ser qualificado, também o aluno deve estar aberto para receber e praticar as informações da Língua Brasileira de Sinais.”
Libras é a primeira língua não oral oferecida pelo Prolem e integra o programa, que, atualmente, conta com outros seis cursos de idiomas: alemão, espanhol, francês, inglês, italiano e russo. As atividades estão abertas para todos os interessados com idade acima de 16 anos e Ensino Fundamental completo, independente de vínculo com a universidade.
Por ser um curso de extensão autossustentável, como todos os demais oferecidos pelo Prolem, é pago e possui o custo total de R$ 740, por módulo, dividido em cinco parcelas de R$ 148 mensais. As aulas são ministradas presencialmente e o material utilizado (textos e videosaulas) é fornecido pela universidade. Outras informações sobre o curso bem como dos demais oferecidos Prolem podem ser obtidas em atendimento_prolem@vm.uff.br e prolem.atendimento@gmail.com.