Dados do Censo 2017 da Educação Superior divulgados no último mês foram motivo de muita comemoração na UFF. No ano passado, a universidade registrou mais de 6 mil alunos concluintes no ensino de graduação, superando com uma margem significativa de diferença os números relativos ao ano de 2015, quando cerca de 3900 alunos se diplomaram. O resultado, ao contrário do que muitos podem imaginar, não é consequência apenas das ações do Reuni: reflete a ação conjunta e sistemática das pró-reitorias da universidade nos últimos anos para aperfeiçoar seus sistemas internos de organização e, consequentemente, os serviços oferecidos à comunidade pela instituição.
A Pró-Reitoria de Planejamento (Proplan) é um dos setores que vem encabeçando essas mudanças. De acordo com o seu coordenador de Gestão de Informação José Márcio, algumas medidas vêm sendo adotadas, como a adequação na matriz curricular de determinados cursos e a transformação de cursos integrais em turnos únicos. Dessa forma, segundo ele, aumenta-se a possibilidade de os estudantes que precisam trabalhar permanecerem na instituição e, com isso, diminui-se a evasão.
Para o coordenador, que recentemente presidiu uma comissão de estudos sobre a evasão e a diplomação nas IFES, “a universidade precisa entender que os cursos são diferentes e as soluções também. No caso das licenciaturas, por exemplo, as razões que explicam a não permanência nos cursos muitas vezes estão relacionadas a questões externas, como mercado de trabalho. Os salários são muito baixos”.
“Em situações como essa, mas não apenas”, relatou o pró-reitor de Graduação (Prograd), José Rodrigues Farias, “temos buscado aperfeiçoar o acolhimento dos alunos, tornando os campi mais receptivos e oferecendo boas condições para que consigam permanecer na instituição”. No entanto, são muitas as direções de trabalho. Segundo ele, o setor disponibiliza uma grande quantidade de bolsas para os alunos. Busca-se, com isso, não só oferecer uma experiência profissional, mas contribuir também para a diminuição das taxas de evasão. Um exemplo é a bolsa de tutoria, na qual estudantes da pós-graduação oferecem apoio acadêmico aos ingressantes.
Além de estimular que o aluno fique na universidade, explicou o pró-reitor: “estamos buscando potencializar a ida do estudante para o mercado de trabalho, diminuindo a retenção e aumentando o fluxo de entrada e saída na instituição. E também estamos conscientizando as pessoas da comunidade acadêmica, criando programas e estabelecendo parcerias com outros setores da universidade”.
Um parceiro da Prograd nesse processo é a Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis (Proaes), que atualmente oferece cerca de 2900 bolsas e auxílios, voltados a estudantes de baixa renda da graduação. São onze modalidades, dentre as quais se destaca o Auxílio Alimentação, que passou a ser disponibilizado em maior quantidade nos últimos anos. Além do aumento significativo em seu valor, ocorreram mudanças no processo de distribuição que o readequaram à realidade do graduando. “Antes a prestação de gastos estava restrita a restaurantes e agora passaram a valer notas fiscais de outros estabelecimentos alimentícios, como mercados”, destaca a assistente social da Divisão de Programas Sociais, Jaqueline Brum.
“As iniciativas não são implementadas aleatoriamente, mas sustentadas em informações objetivas e mensuradas. Desta forma, temos maior eficiência e, portanto, maior chance de êxito, além de economia de recursos”, Antonio Claudio da Nóbrega.
Satisfeito com as conquistas da Proaes relativas à assistência estudantil, o Pró-Reitor Leonardo Vargas explicou que recentemente foi aberto um edital, que oferecerá cerca de 500 bolsas extras. O intuito é zerar a demanda reprimida e, assim, diminuir a evasão. Leonardo reforça também que, além das bolsas e auxílios, a Pró-Reitoria tem oferecido apoio aos estudantes sob a forma de cuidados preventivos, voltados à sua saúde.
A Divisão de Saúde do Estudante é um dos braços do Proaes Itinerante, e faz incursões nas diferentes unidades e campi da UFF no estado do Rio. Inaugurado esse mês, o projeto estruturou uma equipe formada por um psicólogo, um psiquiatra, um profissional de enfermagem e outro de serviço social, para atender às demandas de caráter psicossocial da comunidade estudantil. “Sem contar os serviços básicos que já oferecemos, como o restaurante universitário, o BusUFF, que atualmente está expandindo para algumas unidades do interior e também a moradia estudantil, que nos últimos anos, conta com duas novas alas no campus do Gragoatá”, ressalta.
Além dessas medidas para assegurar a permanência do estudante na instituição, a ocupação das vagas ociosas também é uma preocupação. Ela pode se dar sob a forma de transferências, reingressos, mudanças de curso e de localidade, o que, segundo José Márcio Lima, atende tanto à sociedade como às necessidades da universidade, tendo em vista o impacto gerado em sua matriz orçamentária. “As pessoas desconhecem o fato, mas o MEC bonifica a universidade a cada aluno que ingressa e a cada aluno que se forma. A preocupação da instituição não é diplomar a qualquer custo, mas assegurar que todas as vagas disponíveis possam ser preenchidas o mais rapidamente possível”, enfatiza.
A modalidade de Ensino a Distância (EAD) também tem favorecido a permanência do graduando. Através das possibilidades oferecidas por esse recurso, a aposta é tentar tornar os currículos mais flexíveis. “Temos estimulado a mobilidade, incentivando que o graduando da EAD faça cursos presenciais e vice-versa”, explica o Pró-Reitor da Prograd, José Rodrigues. “Porém, é necessário reduzir os estigmas relacionados ao ensino a distância para que possamos consolidar essas ações. Apesar de a UFF representar quase 40% do Consórcio Cederj, possuindo quase 20 mil alunos nessa modalidade, essa realidade é nova para nós”, esclarece José Rodrigues.
Ainda de acordo com ele, as pró-reitorias estão totalmente comprometidas com o crescimento da UFF: “Perseguimos uma taxa de sucesso de 70%, um índice muito superior aos 30% de alguns anos antes, quando demos início a todas essas ações”. A taxa, vale ressaltar, é medida pela quantidade de estudantes que saem da instituição em relação à quantidade que entra quatro anos antes; através dela, pode-se avaliar se o estabelecimento de ensino tem sido bem-sucedido em diplomar alunos. O trabalho árduo e conjunto de profissionais de diferentes setores da universidade está por trás do êxito alcançado pela universidade no Censo 2017. Com esse resultado, não só a comunidade acadêmica se beneficia, mas a sociedade como um todo.
O atual vice-reitor e reitor eleito para o quadriênio 2018-2022, Antonio Claudio Lucas da Nóbrega, reforça a visão de José Rodrigues de que a busca por um taxa de sucesso cada vez mais alta da UFF se baseia em múltiplas ações administrativas, acadêmicas e de assistência estudantil. “As iniciativas não são implementadas aleatoriamente, mas sustentadas em informações objetivas e mensuradas. Desta forma, temos maior eficiência e, portanto, maior chance de êxito, além de economia de recursos”, conclui.