Um ano já se passou e o trabalho remoto continua sendo uma realidade para grande parte  dos servidores da UFF e para muitos outros brasileiros. No início do ano passado, fomos surpreendidos com as notícias sobre a pandemia e nos vimos obrigados a alterar as nossas rotinas para o nosso bem-estar e segurança. O que dizer sobre esse longo período afastado das atividades presenciais e sem o contato físico com os colegas? Quatro servidores da Universidade aceitaram o nosso convite de compartilhar um pouco das vivências, apontando os pontos positivos e negativos desta experiência, os desafios impostos e as oportunidades de novas descobertas que ressignificaram, sobretudo, as suas relações com o trabalho. Confira os relatos abaixo.

Adriana Barbosa – Coordenadora de Comunicação Institucional da SCS

Estamos há mais de um ano com nossas vidas em suspenso. Essa pandemia nos pegou de uma forma arrebatadora, mexendo de repente com nossa rotina, com a nossa saúde física e emocional, com as nossas certezas, nossas relações familiares, sociais e com nossas rotinas de trabalho.

No meu caso, como servidora da SCS, tenho trabalhado de maneira remota  desde março de 2020. Um longo período de muita adaptação, aprendizados, tentativas, acertos e erros, para conseguir me adequar a essa nova realidade que é trabalhar em equipe, longe de toda a equipe. Para fazer dar certo esse formato, que nos foi imposto de um momento para o outro, tenho certeza, que isso só está sendo possível, graças ao espírito de equipe e a garra de todos nós, que não “soltamos as mãos”, mesmo que virtualmente.

Acredito que não está sendo fácil para ninguém, estamos todos amedrontados e inseguros. E no meu caso particular, tive a perda do meu pai ano passado para a Covid-19, o que me abalou profundamente. Porém, faço questão de dizer que o trabalho remoto me salvou, me fez pensar, planejar e ter outros objetivos, me ajudou a tirar o foco da minha tristeza e me movimentar, quando muitas vezes, queria mesmo era chorar. 

Em meio a tantas notícias tristes, quero dizer que também tivemos inúmeras conquistas nesse período, nosso trabalho tem evoluído muito bem. E isso me trouxe segurança, na certeza que estamos agindo com responsabilidade e dedicação e assim, colhendo bons frutos. Além disso, acho fundamental destacar que nossa universidade, mesmo com tantos desafios impostos, não parou um só minuto, encarando de frente todos os obstáculos nesses tempos tão difíceis que nossa sociedade está vivendo e isso me enche de orgulho.

No mais, peço a Deus todos os dias que estejamos logo vacinados, para que possamos ter nossas vidas de volta, numa UFF pulsante, repleta de alunos e servidores (professores e técnicos) circulando e interagindo fisicamente e de portas abertas para toda a sociedade. Talvez num modelo, um novo normal? Que assim seja.


Giovani Carlo Veríssimo da Costa – professor do Instituto de Saúde da unidade de Nova Friburgo

Na minha opinião, a pandemia de COVID-19 tem permanentemente acarretado significativas mudanças em nossa vida pessoal e profissional. A rápida tentativa de adaptação à nova realidade estruturalmente deficiente, atualização profissional emergencial em novas tecnologias da educação, percepção do docente das necessidades do discente realizada à distância, acolhimento, compreensão da realidade dos alunos, e tantos outros fatores têm se tornado a tônica de nosso trabalho durante a pandemia e podem ser destacados como os pontos positivos nesse momento tão difícil.

A percepção de diferentes necessidades, não só de caráter individual, mas também coletivas a respeito do processo de ensino-aprendizagem universitário que, de fato, alcança os mais diferentes seguimentos da sociedade representados pela heterogeneidade psicossocial dos alunos, tem demonstrado que o distanciamento social e a pressão pela aplicação emergencial da atividade remota revelaram a importância do acesso à internet para fins educativos para os discentes e da necessidade de desenvolvimento e utilização de plataformas virtuais de aprendizado, até então, não difundidas de maneira mais ampla nas práticas do ensino público universitário. Esses mesmos aspectos têm revelado, sem sombra de dúvida, que o ensino híbrido passará a fazer parte de forma definitiva da realidade da educação pública no ensino superior.

Vale ressaltar, que nesse mesmo contexto também como ponto positivo, a universidade teve que se tornar ainda mais acolhedora para enfrentar tais problemas, visto que muitos estudantes enfrentam dificuldades com habilidades de aprendizagem autodirigida, com questões relacionadas ao gerenciamento de seu tempo disponível e automotivação para aprender. Tudo isso tem representado e continuará representando um universo de desafios que teremos que superar ao longo dessa jornada.


Isabella Cristo – Gerente Operacional de Produção Cultural e Comunicação do Centro de Artes.

O trabalho do Centro de Artes UFF foi totalmente reformulado durante este período de trabalho remoto, especialmente para a Comunicação. Muitos foram os desafios encontrados pela Gerência e pela equipe ao longo deste último ano, o principal deles foi justamente a distância e a mudança no perfil do público, que agora é totalmente virtual.

As redes sociais, que antes serviam exclusivamente como ferramentas de divulgação dos eventos ganharam vida própria, com a criação de uma intensa programação de conteúdo pensado e produzido para atrair e manter este público engajado. Tudo isso refletiu principalmente no volume e na carga horária de trabalho, que durante a atividade remota tem sido  notoriamente maior.

A distância do público, dos colegas, o excesso de tempo on-line e o grande volume de atividades impactaram intensamente na nossa rotina na Comunicação do Centro de Artes. Por outro lado, tivemos a oportunidade de descobrir novas formas de interagir com o nosso público, conhecendo melhor seus gostos, preferências e acessando que tipo de conteúdo cultural ele de fato quer consumir. O momento é difícil, mas felizmente temos conseguido manter a esperança.


Fernando Mendes – Assistente em Administração do Departamento de Engenharia de Telecomunicações

Com o surgimento da pandemia e a modificação do trabalho presencial em remoto na UFF, de forma análoga aos demais colegas, passei a vivenciar uma outra dinâmica, procurando, então, me adaptar à mudança brusca de rotina. Inicialmente, imaginei que a nova realidade duraria no máximo um ou dois meses. Entretanto, com o passar dos dias, percebendo a gravidade da situação médico-sanitária, concluí que ela perduraria por muito mais tempo.

Com relação aos aspectos negativos da atividade remota, o primeiro foi a necessidade de ter que organizar, às pressas, uma infraestrutura minimamente adequada ao trabalho residencial, o que me levou a providenciar mesa e cadeira mais ergonômicas, computador e acesso estável à Internet. Outro traduziu-se pela necessidade de precisar conviver com o barulho diário de marteladas e poeira, pois moro em apartamento e um vizinho resolveu fazer uma reforma completa no seu imóvel! Mas o aspecto negativo que mais me incomodou foi, sem dúvida, a perda do convívio diário presencial com os colegas de trabalho, algo que nenhum aplicativo de comunicação consegue substituir em sua integralidade.

Já entre os aspectos positivos, de imediato deixei de gastar de 3 a 4 horas diárias, de segunda a sexta-feira, no trânsito caótico, em estressantes deslocamentos da minha residência para a UFF e vice-versa, pois sempre morei na cidade do Rio de Janeiro. Com isso, ganhei mais qualidade de vida, pois passei a fazer pelo menos uma hora de atividades físicas diariamente. Além disso, pude realizar algo absolutamente inimaginável para mim : almoçar em casa, preparando pratos mais saudáveis. Por fim, termino lembrando que devemos ter em mente o fato inexorável de que, um dia, a pandemia irá terminar e tudo tenderá a voltar novamente ao que sempre foi. Ou não.

 

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