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Debate Virtual – Teatro e consciência negra

Debate Virtual – Teatro e consciência negra

Integrado às ações referentes ao Mês da Consciência Negra, o debate on-line Teatro e consciência negra, é organizado e promovido pelo Centro de Artes UFF, que convidou três importantes representantes da militância negra teatral da atualidade, principalmente no Rio de Janeiro. São eles, Tatiana Henrique, Rodrigo França e Henrique Vieira (currículos abaixo), que serão mediados por Robson Leitão, diretor do Teatro da UFF.

Tatiana Henrique – Mãe e Artista da Presença. Pesquisadora de tradições orais e contação de histórias há 20 anos. Doutoranda em Artes pela UERJ. Atriz em audiovisual e espetáculos teatrais: 12 pessoas com raiva, Os desertos de Laíde, Balé Ralé, Salina – a última vértebra, Gineceu. Diretora de Terra sem acalanto, Dulce Ìyá mi, Coco Verde e Melancia, e experimentações rituais: Òrò, Blues em preto e branco, Vera Crucis, sobre todos os dias e A cura ou Améfrica.
É também professora no curso de Teatro da Faculdade Cesgranrio, RJ. Participou de eventos sobre teatro, narratividade e cultura negra nas instituições: National School of Drama (New Delhi/India), Casa de la Literatura Peruana (Lima/Peru), e em diversas outras brasileiras. É coautora do livro Propostas pedagógicas para o ensino de história e cultura africana e afro-brasileira (Outras Letras), e Ei, Mulher!, registro cênico e crítico da performance homônima (Metanoia).
Henrique Vieira – Pastor da Igreja Batista do Caminho, ator, poeta, professor, ex-vereador e militante de direitos humanos, Henrique Vieira nasceu em 1987, em Niterói. Formado em teologia, ciências sociais e história, estuda a arte da palhaçaria e é membro do conselho deliberativo do Instituto Wladimir Herzog.
Sobre seu livro O amor como revolução, transformado em peça teatral co-produzida por Lázaro Ramos, o pastor Henrique Vieira reflete sobre o poder renovador do amor, que se traduz em atitudes generosas com o próximo e que pode ser uma força poderosa na construção de uma sociedade mais justa e livre de preconceitos.
“O amor não é destino, sorte e não pode ser uma idealização, ele é acima de tudo um caminho que se percorre, uma decisão e uma forma de se viver”, diz ele que, aos dezesseis anos, percebeu que a vida nem sempre segue o planejado. Uma inesperada e significativa perda visual alterou radicalmente sua rotina e expectativas para o futuro. “Do encontro com a dor, vieram as primeiras reflexões sobre o sentimento de desamparo e de solidão do ser humano. Expectativas ilusórias, frustrações cotidianas, desejos reprimidos, tudo isso pode alimentar o ódio, e impedir uma vivência mais plena e feliz”, percebeu ele. “Aceitar que os conflitos fazem parte de quem somos pode, paradoxalmente, nos tornar capazes de ações potentes de amor. Para isso, é necessário um exercício de autoaceitação”, completa.
Acreditando no potencial revolucionário dos pequenos gestos e das ações cotidianas, Henrique compartilha suas experiências com o leitor: a prática pastoral desde muito jovem, a arte da palhaçaria, a atuação como vereador na cidade de Niterói, as brincadeiras da infância, as lembranças dos avós, a escola. Para tal, também recupera histórias dos Evangelhos, utilizando as palavras e a trajetória de Jesus como inspiração e meio de comunicação. “O amor como revolução é um desafio necessário em nossos tempos, é um chamado para transformarmos o amor em atitudes concretas que ultrapassam nossa própria existência”, afirma.
Rodrigo França – Ator, dramaturgo, filósofo e cientista social, Rodrigo França não se incomoda com o fato de ser ex-BBB. O reconhecimento do seu trabalho no campo artístico e social, levando para os palcos a força do teatro negro, faz com que ele lide de maneira tranquila com o passado de exposição diante das câmeras.
“Quando fui convidado para participar do reality, eu já batia recordes de público com a peça ‘O Pequeno Príncipe Preto’. Então, não pensei em entrar para divulgar meu teatro. Topei entrar para furar uma bolha. Me lembro que minha mãe, quando viu que eu estava na dúvida, disse: ‘Militar para os seus é fácil’. Essa frase me causou uma inquietação e resolvi encarar”, diz o autor do livro infantil e da peça “O pequeno príncipe preto”, que teve enorme sucesso de público, no ano de 2019.
A militância, segundo Rodrigo, não serve só para lutar e fortalecer movimentos, mas também para provocar incômodo, gerar desconforto. E isso deve valer para ambos os lados. Em 2019, no Big Brother Brasil, Rodrigo foi alvo de racismo dentro e fora da casa, vítima de intolerância religiosa e ataques nas redes sociais.
“O racismo no Brasil é na sutileza, é um racismo velado. Um reality show mostra, de alguma maneira, uma parte micro dessa estrutura que vai se desdobrar em nossa sociedade de uma maneira muito maior. Lá dentro da casa eu percebia o racismo em questões muito simbólicas. Gente que me abraçava e depois ia limpar a roupa, gente que não queria comer da minha comida porque achava que tinha feitiço. E aqui eu nem digo intolerância religiosa, é racismo religioso mesmo, porque é sempre com a cultura afro, sempre com a negritude”, completa Rodrigo, que é também diretor dos espetáculos teatrais “Oboró – masculinidades negras” e “Amor como revolução”, entre outros.
24 de novembro de 2020
Terça | 17h
Transmissão:
https://www.facebook.com/centrodeartesuff/
https://www.youtube.com/CentrodeArtesUFFOficial/

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