Evento
Fake Sciences e desinformação científica em tempos de crise
Thaiane Oliveira (UFF) http://lattes.cnpq.br/4073806576367509
Sabe aquela sua tia, que mesmo você falando quinhentas vezes que não existe comprovação científica de que uma determinada medicação muito aclamada por lideranças políticas, continua a acreditar nas informações que circulam no Whatsapp? E aquele seu primo que passa o dia assistindo vídeo no YouTube e acha que há uma grande conspiração global das indústrias farmacêuticas que fazem lobby com cientistas para não liberarem tratamentos para doenças? Nós vamos debater um pouco porque as pessoas acreditam em fake sciences, buscando entender o fenômeno da contestação epistêmica e a disputa de sentido de desinformação científica em diferentes esferas.
O jogo da ciência, trapaceiros e “bicões”.
Kenneth Camargo (UERJ) http://lattes.cnpq.br/3585073727110885
A atividade dos cientistas pode ser comparada a um jogo, que visa a solução de enigmas para produzir novo conhecimento. Esse jogo tem regras próprias e requer um certo treino para jogar, e a compreensão das regras também é necessária para os “torcedores” que querem acompanhar o jogo.
Uma característica única desse jogo, contudo, é que os jogadores são ao mesmo tempo parceiros, competidores e juízes uns dos outros, sempre zelando para que as regras sejam seguidas por todos e consequentemente que boas soluções sejam coletivamente encontradas.
Como em outros jogos, há trapaceiros que tentam sabotar o jogo ou forçar resultado, e “bicões”, tanto entre os jogadores quanto os torcedores, que não tem o conhecimento das regras e/ou a habilidade necessária para jogar direito, mas ainda assim se sentem no direito de “dar palpites”.
Diferentemente dos verdadeiros jogos, porém, essas interferências acabam tendo consequências muito sérias, dada a importância que as contribuições da ciência têm para a vida de todos.
Nossa conversa vai mostrar alguns exemplos de como o jogo mal jogado cria problemas para a saúde das pessoas, mesmo que por vezes quem acabou cometendo uma falta tivesse a melhor das intenções.
Kenneth Rochel de Camargo Jr concluiu o doutorado em Saúde Coletiva pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro em 1993, tendo realizado pós-doutorado na McGill University em 2000/2001. Atualmente é Professor Titular da Universidade do Estado do Rio de Janeiro e associate editor do American Journal of Public Health. Vice-presidente da Abrasco (Associação Brasileira de Saúde Coletiva) no mandato 2008-2010. Vice-presidente honorário para América Latina e Caribe da American Public Health Association, 2014-2015. Membro do Comitê Científico da World Association for Sexual Health (WAS), 2017-2019. Diretor do Departamento de Apoio à Produção Científica e Tecnológica (DEPESQ), Sub-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa (SR2), UERJ, 2016-2019
“Fake News e Pós-Verdade: aspectos sócio-jurídicos”
Eder Fernandes http://lattes.cnpq.br/3547672971050734
Doutorado em Ciências Jurídicas e Sociais pela Universidade Federal Fluminense (2013). Estágio de pós-doutoramento na Universidade Complutense de Madrid (2019-2020). Mestrado (2008) e graduação (2005) em Direito pela Universidade Estadual de Londrina. Atualmente é professor adjunto da Faculdade de Direito da Universidade Federal Fluminense e professor dos programas de pós-graduação em Sociologia e Direito e em Direitos, Instituições e Negócios. Tem experiência na área de Teoria do Direito, com ênfase em Fundamentos do Direito Privado, atuando principalmente nos seguintes temas: democracia, sexualidade (www.sdd.uff.br), direitos e tecnologia, filosofia do direito, relações privadas e relações de poder.
As plataformas digitais de relacionamento e de mídias sociais tornaram horizontais as dinâmicas de comunicação social. Hoje, todos somos destinatários e autores de nossas próprias verdades, nossos fatos e nossas histórias. As estruturas institucionais, como os grandes meios de comunicação, o saber científico, os especialistas nos mais variados assuntos, lutam por reafirmar a sua legitimidade em um mundo novo, o da arena digital. A construção de “verdades próprias”, o constante questionamento de consensos científicos por pessoas leigas, o compartilhamento de notícias falsas, são problemas significativos desse novo mundo. De que modo o Direito pode nos ajudar a enfrentar tais questões?
A construção de “verdades próprias”, o constante questionamento de consensos científicos por pessoas leigas, o compartilhamento de notícias falsas, são problemas significativos da arena pública digital. De que modo o Direito pode nos ajudar a enfrentar tais questões?