Evento

Cine Debate UFF – Homenagem a José Marinho

Cine Debate UFF – Homenagem a José Marinho

O longa-metragem potiguar Boi de Prata, de difícil acesso até sua digitalização em 2019, é considerado um representante do Cinema Novo de segunda geração, e um marco por ser o primeiro a mostrar um Nordeste brasileiro em que o colonizado derrota o seu opressor. A obra também é considerada a primeira produção genuinamente potiguar, gravada em Caicó, Rio Grande do Norte, com maioria da equipe do Estado. O filme se tornou um marco na política de regionalização da produção cinematográfica brasileira, tendo sido um dos primeiros filmes financiados pela empresa pública Embrafilme fora do eixo Rio-São Paulo. Por motivos não claros, o filme nunca estreou em circuito comercial. O diretor do filme, Carlos Augusto da Costa Ribeiro Júnior, nasceu em Caicó (RN) e mudou-se na adolescência para a Brasília, quando o pai foi transferido para o Banco do Brasil na recém-inaugurada capital federal. Lá, iniciou os estudos em cinema na Universidade de Brasília (UnB) e, com o fechamento do curso, retomou a graduação na Universidade Federal Fluminense. Boi de Prata foi seu único filme.
Um dos atores do filme, foi o também professor do departamento de Cinema e Audiovisual da UFF, José Marinho, interpretando o vaqueiro Antônio, o homenageado dessa sessão.
O pernambucano Marinho nasceu em 1933 em Olho D´Água de Dentro, município de Canhotinho, agreste de Pernambuco. Conheceu o cinema pela primeira vez no município de Sertânia, quando tentou retomar os estudos com a ajuda do padrinho. Adolescente, mudou-se para Recife para continuar os estudos, onde teve suas primeiras experiências com teatro, acabando por entrar para a Escola de Belas Artes na Universidade Federal de Pernambuco, se envolvendo nas atividades do Teatro Adolescente do Recife, Teatro Popular de Cultura e Movimento de Cultura Popular, viajando para diversas cidades com os espetáculos, na década de 1960. Com o Golpe de 1964 e o início das perseguições, Marinho se muda para o Rio de Janeiro e recomeça a vida como vendedor de livros até conseguir o papel no filme A hora e a vez de Augusto Matraga (Roberto Santos, 1965), além de realizar outros trabalhos no cinema, na TV e retomar suas atividades no teatro no Rio de Janeiro. É nesse período que Marinho conhece Nelson Pereira dos Santos, que o convida para lecionar no recém criado curso de Comunicação da UFF, além de realizarem parcerias em diversos filmes. Ao longo de seus 88 anos, José Marinho formou diversas gerações como professor e foi um ator multifacetado, tendo participado de muitos filmes desde o Cinema Novo até produções mais recentes de seus alunos. Seu trabalho no cinema pode ser visto em filmes como El Justicero (1966), O Amuleto de Ogum, Estrada da Vida, (1981), Brasília, 18%, todos de Nelson Pereira dos Santos; Terra em Transe (Glauber Rocha, 1968); O Bandido da Luz Vermelha (Rogério Sganzerla, 1968); Guerra de Canudos (Sérgio Rezende, 1997), Os Trapalhões no Auto da Compadecida (Roberto Farias, 1987); Parahyba, Mulher Macho (Tizuka Yamazaki, 1983).
SESSÃO
Boi de Prata, 1981.Brasil, Ficção, 1981, 88´
De Carlos Augusto da Costa Ribeiro Junior
Em Caicó, Rio Grande do Norte, Elói Dantas, o rico herdeiro de um fazendeiro, volta da Europa para ampliar os negócios do pai. Vem com a mulher Beatriz, sempre bêbada e louca para voltar para Londres. Associado a grupos estrangeiros, Elói quer explorar ouro e xelita e para isso tenta se apropriar do pequeno sítio de Antônio Vaqueiro, rico nos minerais. Antônio, que já não tem nada (até seu último boi morreu de fome), recorre a Maria dos Remédios, uma curandeira cigana, e a Tião Poeta, fazedor de versos e sonhador, para ajudarem-no a salvar o pedaço de terra que lhe resta. Ela transmite seus conhecimentos sagrados a Tião para que ele, armado com o sonho e a magia popular, enfrente a crueldade do fazendeiro. Em suas fantasias audiovisuais, o poeta sonha com o boi de prata, um boi brilhante e misterioso, símbolo da libertação do povo.

26 de agosto de 2021
Quinta | 19h
Transmissão no Facebook do Centro de Artes UFF

Pular para o conteúdo