De 10 a 14 de novembro de 2024, o Centro de Artes UFF realizará o encontro Universidade de Ponta Cabeça, que busca um reexame do papel da universidade como espaço hegemônico da produção do conhecimento. A proposta deflagra ações e instrumentos no âmbito do reconhecimento e inserção de múltiplos saberes que embasam a sociedade brasileira.
O evento acontece no contexto da recente aprovação do Título de Notório Saber em “Saberes, Artes e Ofícios Tradicionais”, que possibilitará a participação de mestres e mestras dos saberes populares e de conhecimentos tradicionais, como indígenas, quilombolas, caiçaras, comunidades de terreiro, entre outros, no âmbito dos cursos de graduação e pós-graduação da universidade.
O Programa será lançado na abertura institucional do evento, no dia 11, quando ocorrem as homenagens a Cícero Franck (Cicinho), do reisado de Juazeiro do Norte (CE), Mãe Tetê, liderança espiritual do Quilombo São José da Serra, de Valença (RJ) e Nego Bispo, escritor e filósofo do quilombo Saco-Curtume, São José do Piauí (PI), lideranças em suas comunidades, falecidos nos dois últimos anos. Na sequência, acontece o show de Mateus Aleluia, cantor, compositor e pesquisador da musicalidade afro-brasileira.
Para o reitor Antonio Claudio Lucas da Nóbrega, “a institucionalização do Notório Saber é uma grande realização de uma universidade contemporânea e comprometida com a realidade social brasileira, pois é a entrada desses outros saberes que efetivamente legitimam a universidade e seu amplo papel de formação”.
O aspecto central da programação do evento é o caráter ritual de suas atividades, desde o dia 10, com a roda de indígenas da etnia Pankararu e a apresentação do rito dos Praiás, que celebra os Encantados, seres da natureza e ancestrais que compõem uma cosmologia própria. No mesmo dia, acontece o show do grupo pernambucano Mestre Ambrósio, uma das mais importantes bandas do movimento Manguebeat, celebrando 30 anos de existência e pesquisa contínua das tradições culturais do Brasil. Outros destaques dos shows são as apresentações das Filhas de Gandhy, seguidas da sambista Marina Iris, no dia 12, e de Luis Perequê, seguido do concerto para Violas Brasileiras do músico e compositor Roberto Corrêa e do grupo Música Antiga da UFF, no dia 13. A programação do evento é inteiramente gratuita.
O evento contará com a exposição “Guardiões: entre a terra e o céu”, da artista Pérola Santos, rodas de conversas que giram em torno dos eixos temáticos “Celebrações do tambor”, “Expressões caiçaras” e “Periferias urbanas e Dissidências” e um processo formativo para jovens lideranças de comunidades tradicionais do Estado do Rio, com o tema “Modos de fazer cultura: cuidar do território e da tradição”.
Para Leonardo Guelman, superintendente do Centro de Artes UFF, “a universidade precisa de fato se aproximar de outras matrizes de conhecimento para se alimentar de uma “vontade de beleza”, como diria mestre Darcy Ribeiro, reconhecendo em outros olhares uma fonte de sabedoria constituída ao longo de seguidas gerações no chão dos territórios, que demanda cuidado, visibilidade e cooperação efetiva”.
Dentre as vozes que irão tratar dos temas propostos, o encontro dá ênfase ao protagonismo de lideranças das comunidades de diferentes regiões do Estado do Rio, como mestra Marilda de Souza, do Quilombo do Bracuí (Angra dos Reis), mestre Cosme, do jongo de Barra do Piraí, mestre Nico, do Caxambu Sebastiana II, (Santo Antônio de Pádua) e mestre Kotoquinho, ogã e liderança das Filhas de Gandhy, além de Rodrigo Nunes, da Companhia de Aruanda (Madureira), Fernando de Alcântara, do grupo Cirandeiro de Parati e o grupo Fado de Quissamã.
Sob o olhar dos grupos que mantêm vivas essas práticas, mestre Kotoquinho destaca que a faculdade tem que estar inserida nesses saberes e que esses saberes têm que estar inseridos na faculdade. E acrescenta: “o terreiro é uma faculdade dentro da gente, nós já temos uma faculdade dentro do nosso conhecimento, só estava precisando a gente levar esse entendimento às universidades para que elas soubessem realmente, de fato, o que quer dizer tudo, todos os instrumentos, as indumentárias, nossos cantos, o que quer dizer de verdade”.
Universidade de Ponta Cabeça é uma realização da UFF, por meio do Centro de Artes UFF, e da Fundação de Arte de Niterói, com apoio da Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa do Rio de Janeiro.
Local: Centro de Artes da Universidade Federal Fluminense – UFF: Rua Miguel de Frias, 9, Icaraí, Niterói-RJ
Entrada franca
Realização: UFF/Centro de Artes UFF e Fundação de Arte de Niterói (FAN)
Apoio: Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa do Rio de Janeiro (SECEC/RJ)
Confira a programação:
10/11 – domingo
14h30 – Feira de vinil especial 30 anos Manguebeat
Varanda do Centro de Artes UFF
17h – Performance Praiás – Roda dos Pankararus
Jardim da reitoria
Apresentação dos Praiás – Povo Pankararu (SP)
Os Encantados, figuras centrais da cosmologia Pankararu, são “índios vivos que se encantaram” e que não devem ser confundidos com os mortos. Eles se manifestam pela primeira vez por meio das “sementes”, objetos sagrados com a forma de uma semente vegetal, que contém a imagem do Encantado. Essas sementes são entregues, em sonho, a uma pessoa escolhida, que se torna zeladora do Encantado. A semente deve ser guardada em segredo, e, por meio dela, até 25 Encantados podem se manifestar para um mesmo zelador.
O culto às sementes é realizado de forma “particular”, em cerimônias domésticas sem dança, onde se canta o “toante” do Encantado e se fuma ou toma garapa. À medida que o Encantado se manifesta plenamente, ele pode pedir para ser “levantado” e, então, ser celebrado também no Toré, o ritual coletivo. Nessa etapa, o zelador tece o “Praiá”, uma vestimenta de fibras que representa o Encantado, reforçando seu papel espiritual e político na aldeia.
Com a destruição das cachoeiras sagradas de Paulo Afonso e Itaparica, locais onde os Encantados viviam, os Pankararu enfrentam a dificuldade de manter viva essa tradição. A morada dos Encantados foi perdida, limitando o número de novas manifestações. A busca por um novo “segredo” é essencial para garantir a continuidade do culto e da identidade Pankararu.
19h – Show Mestre Ambrósio
Teatro da UFF
Mestre Ambrósio anuncia uma série de shows em celebração aos 30 anos de carreira com a formação original
Em clima de comemoração, a banda se encontra em apresentações que revisitam sua trajetória na música brasileira.
O Mestre Ambrósio ressoa como uma das mais importantes bandas do movimento Manguebeat, mas, há quase 20 anos, o grupo não se reunia nos palcos para dividir a imagética que marca a relação que mantém com o público. O marco de 30 anos de criação da banda inspirou um reencontro de Siba (vocal, guitarra e rabeca), Eder “O” Rocha (percussão), Helder Vasconcelos (fole de 8 baixos, percussão e coro), Cassiano (vocal e percussão), porém, inspirou um reencontro de Siba (vocal, guitarra e rabeca), Eder “O” Rocha (percussão), Helder Vasconcelos (fole de 8 baixos, percussão e coro), Cassiano (vocal e percussão) Mazinho Lima (baixo e coro) e Mauricio Bade (percussão e coro), que anunciam uma turnê para comemorar também os 30 anos da banda.
A banda nasceu em 1992, originalmente com Siba (Sérgio Veloso) na guitarra e rabeca, Eder “O” Rocha (Eder Rocha dos Santos-nascido a 19 de agosto de 1966) (percussão), Hélder Vasconcelos (teclados, depois percussão e fole de oito baixos). Mais tarde entraram Mazinho Lima (baixo elétrico e triângulo), Sérgio Cassiano (percussão e vocal) e Maurício Alves (percussão), a banda tem base na música nordestina, como o forró, maracatu, coco, baião, caboclinhos e ciranda. O nome do grupo é uma homenagem ao mestre de cerimônias do teatro folclórico popular Cavalo Marinho na Zona da Mata. Suas letras são inspiradas na tradição popular e ainda tem um pouco de rock, jazz e música árabe. O primeiro CD de 1996 foi produzido por Lenine, Marcos Suzano e Denílson Campos.
(Distribuição de ingressos 2hs antes)
11/11 – segunda-feira
16h – Abertura da exposição
Pérola Santos: Entre a Terra e o Céu
Galeria de Arte UFF
17h – Sessão de Abertura Institucional com performance Pião de Cabeça,
Sessão de Homenagens e Divulgação do instrumento de Notório Saber
Teatro da UFF
Sessão com Mestres, Mestras, representantes institucionais (UFF, MinC, MEC, SECEC-RJ, FAN)
Reitor Antonio Claudio Lucas da Nóbrega; Danielle Barros (Secretária de Estado de Cultura e Economia Criativa do RJ); Leonardo Guelman (Superintendente do Centro de Artes UFF); Micaela Costa (Presidenta da Fundação de Arte de Niterói); Mestra Marilda de Souza (Quilombo do Bracuí), Mestre Ogã Kotoquinho; Mestre Nico (Caxambu Sebastiana II, Pádua).
Homenagens a Mestre Cicinho (com a presença de Mestra Cícera Flatenara e Cícero Flaviermeson, filhos);
Mãe Tetê (com a presença de familiares e membros da comunidade do Quilombo São José da Serra);
e Nêgo Bispo (com a presença de Joana Maria, filha)
Entrega da distinção “Aquilombamento nas Artes” a Mateus Aleluia.
Performance Pião de Cabeça:
Oz Gêmeos Faisca e Fumaça
Mestre Dente
Dj Zanga
Homenagens
Nêgo Bispo, Mestre Cicinho e Mãe Tetê
Antônio Bispo dos Santos, popularmente conhecido como Nêgo Bispo (Francinópolis, 10 de dezembro de 1959 – São João do Piauí, 3 de dezembro de 2023), foi um filósofo, poeta, escritor, professor, líder quilombola e ativista político brasileiro. Considerado um dos maiores intelectuais do Brasil, refletiu sobre problemas contemporâneos a partir das experiências quilombolas.
Originário do Quilombo Saco do Curtume, no Piauí, ele é um dos principais porta-vozes da luta pela preservação das tradições, dos conhecimentos ancestrais e dos modos de vida dos quilombos, abordando temas como a relação entre terra, cultura e identidade para as comunidades negras no Brasil. Suas falas e escritos trazem uma crítica contundente ao racismo, ao colonialismo e à exploração dos povos tradicionais.
Com uma abordagem fundamentada no que chamou de “epistemologias do território”, Nego Bispo destaca a importância de reconhecer e valorizar os saberes locais, propondo um conhecimento que não se baseia apenas na academia, mas também nas vivências e experiências do povo quilombola.
Cícero Frank Severino da Silva, popularmente conhecido como Mestre Cicinho, conduziu o Reisado Manoel Messias, em Juazeiro do Norte (CE).
Mestre Cicinho não era apenas um guardião do reisado, mas um mestre que respirava vida em cada passo e que inspirava gerações de brincantes caririenses. Pai de quatro filhos, Cicinho passou adiante seus conhecimentos da tradição, a exemplo de sua filha, Cícera Flatenara, mestra do Reisado Santo Expedito.
Segundo os amigos do Mestre, Cicinho gostava muito de brincar nos reisados e tinha paixão pela tradição. Desenvolveu diversas atividades de formação e continuidade com seus brincantes, fortalecendo o vínculo com a comunidade e mantendo viva a tradição para as futuras gerações.
Terezinha Fernandes Azedias, a Mãe Tetê, foi liderança do Quilombo São José da Serra, em Valença (RJ).
Além de ter sido uma grande referência como matriarca do Quilombo São José, Mãe Tetê foi também a dirigente espiritual da comunidade. No Centro de Umbanda São Jorge Guerreiro e Caboclo Rompe Mato, acolhia pessoas das mais diversas origens em busca de consolo e auxílio espiritual, sempre guiada pelo amor e pela caridade.
Ao longo de toda a vida, Tia Tetê liderou a comunidade na luta pela preservação da terra, sempre destacando a história dos antepassados.
O Quilombo de Valença é um dos mais atuantes na região. É uma referência na preservação das tradições, incluindo as religiões de matrizes africanas, culinária e artesanato. Sua comunidade é formada por descendentes de pessoas escravizadas trazidas do Congo, da Guiné e da Angola, na África.
Como uma das guardiãs da memória do quilombo, Mãe Tetê dedicou-se a manter viva uma das mais importantes manifestações culturais da comunidade: o jongo, patrimônio cultural brasileiro. Essa tradição, nascida nas lavouras de café e que, ao longo dos séculos de escravatura, desempenhou um papel fundamental na formação das comunidades do Vale do Paraíba, teve na dedicação dela um apoio essencial para sua preservação.
19h – Show Mateus Aleluia
Teatro da UFF
Em formato intimista, o show solo de Mateus Aleluia transita entre clássicos da sua carreira, desde a época dos Tincoãs até o seu trabalho mais recente “O Afrocanto das Nações”que lhe rendeu indicação ao Grammy Latino em 2022.
Sobre Mateus Aleluia:
Brasileiro natural de Cachoeira, na Bahia. Cantor, compositor e pesquisador da musicalidade ritualística afro-brasileira, Mateus Aleluia se destaca no cenário da World Music Mundial, tendo seu trabalho destacado pela imprensa especializada na Inglaterra, França e Estados Unidos. Em 2020 ele comemorou 50 anos de carreira musical que se iniciou no trio vocal “Os Tincoãs”, o trio é considerado pioneiro em trazer à Música Popular Brasileira, de forma consistente, o universo poético- musical das religiões Afro-brasileiras como o candomblé e a umbanda. Com sofisticados arranjos vocais, a obra dos Tincoãs é considerada ainda hoje um capítulo singular na história da música brasileira. Em Angola, onde Mateus Aleluia viveu por 20 anos, ele desenvolveu, através da Secretaria de Estado da Cultura da República Popular de Angola, o trabalho de investigador cultural, sendo reconhecido pela sua dedicação à pesquisa acerca das culturas locais. Tornado comendador em 2019 pela Bahia, seu estado natal, ele é considerado uma das personalidades culturais mais importantes do Brasil atual. Em 2020 foi tema do filme documentário “Aleluia, o canto infinito do Tincoã” e em 2022 receberá o título de Doutor Honoris Causa pela Universidade Federal do Recôncavo Baiano.
12/11 – terça-feira
CELEBRAÇÕES DO TAMBOR
15h – Mesa: Roda de conversa Universidade de Ponta Cabeça: O que está em jogo? Cruzos da sabedoria afro-indígena e experiências do Encontro de Saberes na UFF
Espaço UFF de Fotografia
Com Mestre Nico (Caxambu Sebastiana II, Pádua), Mestra Marilda de Souza (Quilombo do Bracuí), Mestre Ogã Kotoquinho, Mestre Cosme (Jongo Sementes d’África), Mãe Marcia du Sàkpáta (Sacerdotisa Vodú), Júlio Tavares (Dep. de Antropologia UFF), Elaine Monteiro (FEUFF), Hebe Mattos (Labhoi UFF), Ana Paula Miranda (GingaUFF), Rodrigo Nunes (Cia de Aruanda), Fabiano Piúba (Sefli/MinC) e Leonardo Guelman (Ceart UFF).
17h – Roda coletiva, performance dos saberes e celebração do tambor
Jardim da Reitoria
Companhia de Aruanda
com participação do Jongo Sementes d’África e Caxambu Sebastiana II
A Companhia de Aruanda, criada em 2007, é formada por jovens provenientes de diversos projetos sociais, como o Jongo da Serrinha, o AfroReggae e a Companhia Brasil Mestiço. Esses jovens, moradores de comunidades do subúrbio e da Baixada Fluminense, trazem experiências em diversas áreas, como dança contemporânea, dança afro, danças populares, teatro e música, e se reuniram em torno de um ideal comum: pesquisar, divulgar e preservar as diversas danças e tradições da cultura popular brasileira por meio de oficinas, palestras e eventos.
Participam da roda o Jongo Sementes d’África, de Barra do Piraí, que tem à frente Mestre Cosme, e o Caxambu Sebastiana II, de Santo Antônio de Pádua (RJ), com Mestre Nico.
19h – Apresentação artística
Jardim da Reitoria
Apresentação Afoxé Filhas de Gandhy
O Afoxé Filhas de Gandhy, fundado em 1979 em Salvador, foi criado com o propósito de promover a inclusão e a religiosidade afro-brasileira. O objetivo do grupo é levar ao mundo os costumes e a musicalidade tradicional de terreiro, preservando a cultura afro-religiosa e honrando o legado deixado pelos ancestrais.
20h – Show Marina Iris
Teatro da UFF
Após reunir referências negras e dedicar um álbum a Marielle Franco, a cantora Marina Iris pretende movimentar o cenário musical do samba mais uma vez. A também compositora carioca já lançou 2 singles do próximo EP, com seis faixas destinadas a falar sobre relacionamentos amorosos.
“Nunca tive como ‘carro-chefe’ músicas que falassem sobre relacionamentos. Eu já queria fazer isso e fiquei mexida com relatos de diversas pessoas. Nesse período de isolamento social, todas relações ficaram impactadas de alguma maneira. É o momento ideal pra falarmos das questões do amor”, explica Marina Iris.
Conhecida no universo do samba carioca por participar de rodas como Balaio Bom (grupo responsável pela base sonora do disco), Marina Iris não quis distanciar o público da música mesmo durante a pandemia. A saída encontrada pela cantora foi a gravação do EP. “Além de tratar da questão do amor, o disco é uma *virada* no sentido de proporcionar às pessoas que estão em casa a sensação da roda de samba. É a possibilidade de levar um pouco da roda, do encontro, e aproximar disso tudo que a gente já tá há mais de um ano sem”, lembra Marina.
13/11 – quarta-feira
EXPRESSÕES CAIÇARAS
15h – Roda de Conversa: Salvaguarda das expressões e Defeso Cultural: tradição e tradução
Espaço de UFF de Fotografia
Com Com Luís Perequê, Fernando de Alcântara e Marcello Alcântara (Grupo Cirandeiro de Parati), Rodrigo Nunes (Companhia de Aruanda), Mestre Nico (Caxambu Sebastiana II, Pádua), Mestra Marilda de Souza (Quilombo do Bracuí), Amanda Hadama, Dibe Ayoub (TERESA-UFF) e Leonardo Guelman (Ceart UFF).
Numa conversa com Gilberto Gil realizada no Rio de Janeiro mediada por Cláudio Prado para o evento Virada Digital, Luís Perequê expôs sua ideia de “Defeso Cultural” como um conceito que, incorporado ao pensamento de políticas públicas, pode ajudar às cidades turísticas a protegerem e preservarem sua cultura.
Essa ideia foi apresentada pela primeira vez na FLIP de 2009, numa mesa com Ana Carla Fonseca que falou sobre economia da cultura. Esse conceito é facilmente entendido por relacionar a preservação da cultura como uma necessidade semelhante: a preservação de espécies marinhas ameaçadas de extinção. Para evitar isso foi estabelecido um período de proibição da atividade pesqueira, exatamente o período de reprodução das espécies e foi chamado de período de Defeso.
17h – Roda de Ciranda e Fado
Jardim da Reitoria
Grupo Cirandeiro de Parati e Fado de Quissamã
Grupo Cirandeiro de Parati, formado por jovens paratienses, surgiu da ideia de valorizar a ciranda, cultura tradicional de Paraty A música e dança, encanta residentes e visitantes e reflete a origem cultural caiçara com traços expressivos da colonização brasileira. Remete às danças europeias de salão e às palmas e batidas indígenas.
O grupo Fado de Quissamã é uma iniciativa cultural dedicada a preservar e celebrar o Fado, tradicional estilo musical português, no município de Quissamã, no estado do Rio de Janeiro. Formado por músicos e cantores locais, o grupo busca manter viva essa expressão musical de forte carga emocional e lírica, promovendo apresentações e eventos que valorizam a cultura lusófona e suas influências na região. Por meio de sua atuação, o Grupo Fado de Quissamã se tornou um importante ponto de referência para a comunidade, contribuindo para o intercâmbio cultural e a aproximação entre as raízes portuguesas e a cultura brasileira.
19h – Show Luís Perequê com Rafael Gandolfo
Teatro da UFF
Luís Perequê, batizado de Luiz Carlos Albino Veloso, nasceu e foi criado em um dos últimos grandes redutos de Mata Atlântica, entre o mar e a serra do mar, na região de Paraty, sul do estado do Rio de Janeiro. E por essa razão captou e traduziu, como ninguém, em suas canções a cultura e o modo de viver do caiçara, bem como as transformações sociais advindas da construção da BR-101.
o show Mar Revolto tem a proposta de apresentar novas composições de Luís Perequê e relembrar as mais marcantes de seu repertório.
Trazendo uma nova formação com o músico Rafael Gandolfo, os arranjos são enriquecidos com violoncelo, rabeca, bandolim e vocal. O show traz a marca da trajetória do artista Luís Perequê, sempre conectado com a cultura caiçara, mas com um olhar que alcança horizontes mais amplos com composições que conversam com outros sotaques da música brasileira.
20h – Concerto para violas brasileiras: Roberto Corrêa e Música Antiga da UFF
Teatro da UFF
Uma das maiores referências da viola caipira no Brasil, Roberto Corrêa lançou 20 discos dedicados à viola e já tocou em todo o Brasil e também em diversas partes do mundo como Áustria, China e Portugal. É músico, intérprete e tem seu trabalho ligado às tradições interioranas mas também associado à contemporaneidade e à erudição. Chamado pelo crítico Tárik de Souza de “Guimarães Rosa encordoado”, o mineiro Roberto Corrêa é descendente de uma família de violeiros de Campina Verde. Se dedica ao estudo, à composição e ao ensino da viola há mais de 40 anos.
O Música Antiga da UFF foi criado em 1981, tendo seu concerto de estreia no ano seguinte. Desde então vem realizando um sério trabalho de pesquisa e divulgação da música dos períodos Medieval e Renascentista. A qualidade do trabalho realizado durante todos esses anos, somado aos inúmeros concertos no Brasil e no exterior, adicionados às gravações de CDs, participações em festivais e oficinas, unido à longevidade do grupo, possibilitou ao conjunto se tornar uma referência no meio musical nacional. Com a aposentadoria de três músicos e a entrada de novos integrantes, o Música Antiga ganhou outra perspectiva musical com a adição de instrumentos de cordas dedilhadas (alaúde, vihuela, guitarra barroca e o violão) e da harpa, ao já variado acervo instrumental do grupo.
14/11 – quinta-feira
PERIFERIAS URBANAS E DISSIDÊNCIAS
15h – Conversa das rodas
Espaço de UFF de Fotografia
Com Ray (Batalha da UFF), Slam das Minas, Vênus Anjos (Rede Transvesti UFF), Érika Frazão (PROAES-UFF), Rodrigo Nunes (Companhia de Aruanda), Duda de Paula e Pedro Gradella (Ceart UFF).
17h – Cortejo
Jardim da Reitoria
com participantes do curso
18h – Roda do conhecimento
Jardim da Reitoria
Batalha da UFF convida Batalha da Marina e Batalha Marginow de Madureira
A Batalha da UFF é a primeira roda cultural da Universidade Federal Fluminense, fundada pelo estudante de produção cultural Mc Ray em 13 de setembro de 2023 no antigo IACS. Com encontros mensais, a batalha reúne estudantes e jovens da região para celebrar a arte do improviso e a cultura do hip-hop. A Batalha da UFF traz para o ambiente acadêmico uma manifestação cultural que fortalece o protagonismo dos jovens e permite que se expressem em rimas e versos, abordando temas que vão desde questões sociais e políticas até experiências pessoais. Com estilo livre, cada duelo de rimas é uma oportunidade de criar, refletir e interagir, além de celebrar a cultura hip-hop.