A queda de marquises associa falta de planejamento, manutenção e vistoria, além de causas técnicas diretamente relacionadas ao envelhecimento dos materiais de construção. Na UFF, o assunto deu origem a um projeto (www.uff.br/refa) que tem como objetivo avaliar o desempenho dos revestimentos utilizados nas fachadas prediais. A pesquisa conta com o apoio da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), por meio do Programa Habitare, da Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj) e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
O projeto da UFF é de longo prazo. Teve início em 2001, e durante dez anos, a equipe que inclui engenheiros e arquitetos vai analisar os efeitos do sol, vento, chuva, poluição e maresia nos materiais de construção.
Experimento a céu aberto – Uma estação experimental foi montada a céu aberto no Campus da Praia Vermelha da UFF, entre a Escola de Engenharia e a Baía de Guanabara. Dez paredes foram construídas, inspiradas em instalação semelhante do Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC), instituição de Ciência e Tecnologia ligada Ministério das Obras Públicas, Transportes e Comunicações do governo de Portugal.
No Brasil, o conjunto é chamado de Estação UFF de Ensaio Natural de Revestimentos de Paredes. Os modelos estão posicionados para receber a maior incidência dos ventos e das chuvas dominantes na região. São paredes de alvenaria de tijolos cerâmicos e de blocos de concreto, têm dois metros de largura por dois de altura e são apoiadas sobre vigas de concreto armado e acabadas com diferentes materiais. Estão sendo testadas argamassas preparadas no canteiro de obras e argamassas industrializadas.
Acabamento – No acabamento final são analisadas tintas e texturas, materiais cerâmicos e pedras ornamentais. Nas superfícies das vigas que servem de apoio às paredes são estudados hidrofugantes e vernizes acrílicos, revestimentos protetores específicos para o concreto armado aparente. Os ensaios foram pensados para investigar, além da degradação visível por observação, o desempenho dos revestimentos em relação à penetração de umidade nas paredes, à penetração de dióxido de carbono e de cloretos na superfície do concreto aparente das vigas.
Com base nas resoluções da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), são verificadas características como permeabilidade, absorção e retenção de água, teor de umidade superficial e aderência dos revestimentos, entre diversas outras. As condições ambientais são monitoradas, com registros das chuvas, velocidade do vento, temperatura e umidade relativa do ar – dados obtidos na estação meteorológica da UFF, localizada nas proximidades.
Para os pesquisadores, os diferentes ambientes naturais do Brasil propiciam o estudo da intensidade e das deteriorações mais comuns em cada região. O esforço de pesquisa pode levar ao entendimento dos problemas e das particularidades. A expectativa da equipe é avaliar a qualidade dos materiais, as técnicas de execução e os procedimentos de manutenção, a partir do desempenho e das patologias e, além disso, comparar o tempo de vida útil de cada revestimento contemplado no projeto.
A pesquisa tem caráter multidisciplinar e mobiliza construtores locais, fabricantes de materiais de construção, arquitetos e engenheiros civis brasileiros e portugueses. Está sendo desenvolvida, além da UFF, com a parceria de mais duas instituições de ensino, a Uerj e a UFRJ. Tem também parceria de três construtoras: JM Construções Ltda., RG Côrtes Engenharia S.A. e Pinto de Almeida. A coordenação é da professora Regina Helena Ferreira de Souza, do Departamento de Estruturas e Fundações da Uerj e pesquisadora da Escola de Engenharia da UFF, e do professor de Materiais de Construção da UFF, Ivan Ramalho de Almeida.