O Colégio Técnico-Agrícola Ildefonso Bastos Borges (Ctaibb), em Bom Jesus do Itabapoana, interior do Estado do Rio, desenvolve o projeto de extensão Plantas Medicinais na Comunidade, coordenado pelo professor de Química Luiz Roberto da Silva. O objetivo é revalorizar as plantas medicinais na vida e no cotidiano pedagógico de professores, alunos e comunidade. A proposta, que alia ensino/pesquisa/extensão e funciona desde 1991, visa executar uma intervenção real e de forma participativa para resgatar os saberes dos “mateiros” e “benzedeiros” da região.
Segundo Silva, esse conhecimento deve ser preservado em seus aspectos cultural, socioeconômico, científico e de segurança nacional. É um projeto multidisciplinar, pois deve ser confrontado com saberes de outros campos, como botânica, química, farmacotécnica, farmacodinâmica, etc. Como resultado, pretende-se a aquisição de conhecimento e de práticas novas, tanto para a comunidade quanto para a atualização no ensino e aprendizagem no Ctaibb.
O coordenador explicou que desde 1980 trabalho semelhante já era desenvolvido e orientado pela professora Marina Vanier. Hoje o projeto já ultrapassou as divisas do Estado do Rio e está sendo desenvolvido na cidade de Pedro Canário, no Espírito Santo, divisa com a Bahia, onde é coordenado pela professora Noeli Inês Forte. O curso Plantas Medicinais na Comunidade já foi ministrado no município de Pedro Canário, e 34 alunos receberam certificado da UFF. Há planos para o curso se estender para mais nove municípios do Norte Capixaba.
O projeto continua ganhando amplitude. O professor esteve em Miracema, norte do estado, para orientar os técnicos do município sobre o cultivo e processamento de plantas medicinais. Na cidade pretende-se desenvolver projetos na área de fitoterapia e, com isso, apresentar aos produtores rurais do município novas possibilidades de geração de trabalho e renda.
Esse trabalho surge da preocupação de se incentivar cada vez mais o uso das plantas medicinais e alimentícias por parte da população, assim como reforçar sua cultura. Com isso, estudantes, professores e a comunidade em geral recebem informações sobre esses vegetais, profissionais e representantes das comunidades são preparados para sua manipulação, e medicamentos naturais são produzidos em escalas semi-industriais para atendimento à população. A preocupação com a chamada medicina preventiva, que se dá gradualmente e é conseguida a partir de alimentos e práticas de vida saudáveis, surge com o entendimento de que o Brasil possui uma rica variedade de espécies vegetais medicinais. Espécies estas que vêm caindo em desuso devido ao crescimento da indústria farmacêutica multinacional e com a propaganda em massa de seus remédios.