A pró-reitora de Assuntos Acadêmicos, Esther Hermes Lück, anunciou no dia 11 de maio a publicação da portaria nº 35.041, assinada pelo reitor Cícero Mauro Fialho Rodrigues, que autoriza o Núcleo de Documentação da UFF a liberar o acesso aos documentos referentes ao período da ditadura militar. A portaria desclassificou os documentos da Assessoria de Segurança e Informação (GAR/ASI), do período de 1960 a 1988. Desta forma, o Arquivo Central da UFF passa a dar acesso às informações e documentos referentes a esse conjunto documental, respeitando à imagem e privacidade dos indivíduos.
O comunicado foi feito na cerimônia de lançamento do livro “Afasta de mim este cale-se”, uma coletânea de 11 trabalhos resultantes de um projeto realizado pelos alunos de jornalismo da universidade.
A revelação da abertura dos arquivos foi recebida com entusiasmo pelos presentes, entre os quais, o presidente da Associação Brasileira de Imprensa, jornalista Mauricio Azedo, o professor emérito da UFF e especialista no período da ditadura militar, Antonio Theodoro de Magalhães Barros, a representante do Grupo Tortura Nunca Mais, Victória Lavínia Grabois, e o professor João Baptista de Abreu, um dos organizadores do livro.
A cerimônia marcou o início do projeto de extensão dos alunos da graduação do curso de Jornalismo. O livro, que reúne relatos de pessoas comuns que viveram ou tiveram suas vidas afetadas pela ditadura, foi o pontapé inicial do projeto.
Theodoro ressaltou a importância de uma iniciativa como essa para que os episódios ocorridos naquela época não caiam no esquecimento. Além disso, destacou a relevância de mostrar que “muitas pessoas comuns sofreram com a repressão durante o regime e não somente as cabeças importantes como artistas e intelectuais”.
Segundo João Baptista, a idéia de transformar a coletânea em projeto de extensão partiu dos alunos que também foram responsáveis pela apuração e texto final da publicação.
O projeto prevê a criação de uma página na internet que será utilizada como um canal aberto para a exposição de entrevistas, produções acadêmicas relacionadas ao tema e contribuições espontâneas daqueles que quiserem apresentar seus depoimentos sobre a violação dos direitos humanos. Além disso, pretende distribuir o livro em escolas da rede pública e fazer sua exposição em espaços virtuais.