Nada de pipoca e guaraná. Na próxima quinta-feira, dia 19, quem estiver nas dependências do Museu de Arte Moderna (MAM), vai ter direito a saborear aperitivos ao som de música latina. Isso é claro, após a exibição do filme “El Baldío”, produção que marca o retorno às atividades do Cineclube Sala Escura. Atividade de extensão desenvolvida pelo Laboratório de Investigação Audiovisual (LIA) da UFF, o Sala Escura conta com o apoio do MAM e do Cine Arte UFF e abre a temporada de 2006 apresentando um clássico do cinema político argentino.
O longa-metragem de 1952 é uma produção de Carlos Rinaldi e, segundo o professor do Instituto de Arte e Comunicação Social (Iacs), Antônio Carlos Amâncio da Silva, “talvez seja o único exemplo de um filme marcadamente ‘pró-justicialista’, cuja impor-tância histórica reside exatamente no fato de encarnar a defesa deliberada da política peronista”.
Com roteiro de José Maria Fernández Unsain e baseado em obra do escritor Jorge Mar, o filme desenha o contraponto do turbulento momento de guerra por que passa a Europa, ao privilegiar o retrato de uma Argentina onde reina a pax peronista, sob a égide do’‘reinado’ populista do casal Perón e Evita. Um outro casal – de refugiados europeus – emigra com seu filho em busca de um futuro melhor, livre das pesadas angústias do presente.
“El Baldío” será exibido no dia 19 de janeiro, quinta-feira, às 18h30, na Cinemateca do MAM, que fica na Avenida Infante Dom Henrique, 85, Centro, Rio de Janeiro.
A entrada é gratuita.
Do clássico ao latino
O Sala Escura é um cineclube universitário voltado para toda a comunidade. Depois de um ressurgimento em 2002 (o original foi criado em 1971) nas dependências da UFF da Rua Tiradentes, em Niterói, onde exibiu em dvd clássicos como “Alexandre Nevsky”, “Aelita”, “Outubro”, “Quanto mais quente melhor”, “Lolita”, “Era uma vez na América” e muitos outros, o Sala Escura passou a se dedicar a uma programação essencialmente latina. A mudança aconteceu em 2004, quando tiveram início as sessões mensais no MAM – na segunda quinta-feira de cada mês – em película, utilizando o acervo de filmes clássicos daquela instituição. Desde então, foram projetados, entre outros:
· El megano (Cuba, 1955), de Tomás Gutierrez Alea e Julio García Espinosa
· Now (Cuba, 1965), de Santiago Alvarez
· 79 primaveras (Cuba, 1969), de Santiago Alvarez
· La mujer del puerto (México, 1930), de Arcandy Boytler e Raphael J. Sevilla
· El enemigo principal (Bolivia,1973), de Jorge Sanjinés
· La muerte de um burocrata (Cuba, 1966), de Tomás Gutierrez Alea
· Martin Fierro (Argentina, 1968), de Leopoldo Torre Nillson
· El compadre Mendoza (México, 1933), de Fernando de Fuentes e Juan Bustillo Oro
· Elpídio Valdés (Cuba, 1979, Juan Padron) e Dois filminutos (Juan Padrón)
· Mi querido Tom Mix (México, 1991), de Carlos García Agraz
· Mecánica Nacional (México, 1971), de Luis Alcoriza e Maurice (Cuba, 1984), de Estela Bravo
· Dos Monjes (México, 1934), de Juan Bustillo Oro
Grande parte das sessões do Cineclube é precedida da apresentação do filme, como na exibição, em 2004, de “El Compadre Mendoza”, que teve como convidado o professor da Universidade de Puebla, no México, John Mraz.
Uma nova ‘tradição’
Após as sessões, no lugar do tradicional debate sobre o filme, o Sala Escura realiza um evento chamado “Tragos y Sonidos”, em que é possível trocar idéias ouvindo ou tocando música latina e ao mesmo tempo saborear bebidas e petiscos. “As pessoas experimentam um ambiente latino, descontraído. É muito interessante a convivência e a troca de experiências, numa confraternização completamente sui generis com a platéia, onde se discute informalmente o filme e outras questões latinas”, enfatiza o professor.
Na UFF
De acordo com Amâncio, o Cineclube Sala Escura voltará a realizar sessões no Cine Arte UFF em março. A programação ainda está sendo elaborada, mas o professor adianta que a mostra contará com produções variadas, que vão do cinema contemporâneo ao clássico, sempre voltado para a temática latina.