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Acesso e permanência na universidade em debate na Agenda

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No primeiro dia de mesas-redondas da Agenda Acadêmica 2005, a palestra “Movimentos sociais e políticas públicas de acesso às universidades” deu destaque aos pré-vestibulares populares e às questões pertinentes a interiorização. A mesa transformou-se em lugar de debate e trocas de experiências e acabou com a proposta de criação de um Fórum de defesa e manutenção de estruturas que levam ao acesso e permanência da universidade.
O mediador foi o professor da Escola de Engenharia Plácido Barbosa, coordenador do PreVestEngenharia. Ele defendeu a consideração do componente sócio-econômico para o acesso dos alunos à universidade, como fazem os pré-vestibulares populares na seleção de seus alunos. “O objetivo dos pré-vestibulares”, enfatizou Barbosa, “é ampliar o acesso ao público e diminuir a reprodução das desigualdades”. De acordo com o professor, no Projeto PreVestEngenharia, onde são abertas 140 vagas todos os anos e cerca de 50% evade por falta de condições no decorrer do curso, a aprovação dos alunos que concluem é de cerca de 70%, número superior ao das grandes redes de pré-vestibular pago.
Luis Barbosa, representante do projeto de extensão Oficina do Saber, tem números semelhantes a apresentar. O projeto com cinco anos de existência, um a menos que o da engenharia, recebe 120 alunos anualmente e também possui ótimos níveis de aprovação. Juntos, graças aos índices, os dois projetos foram classificados pelo MEC para receberem apoio da Unesco de R$ 150 mil por ano. Em exame semelhante ao Enem realizado pela Cesgranrio em agosto, os pré-vestibulares apoiados pela UFF obtiveram a melhor pontuação do país.
O Oficina do Saber se empenha em mostrar aos alunos que eles têm papel ativo na sociedade, que são pólos difusores de conhecimento e de que devem aprender e se desenvolver sem se distanciarem-se de suas comunidades. “Nossos alunos terão diferenciais quando chegarem à universidade: aprendem a ser engajados no curso e na comunidade”, disse Luís. O professor de História do Brasil enfatizou a importância de se repensar as políticas de ensino apontando que menos de 10% dos alunos da universidade são provenientes de escolas públicas de acordo com o IBGE.
A formação diferenciada foi testemunhada por Rita de Cássia, aluna de Serviço Social na UFF que estudou no Oficina do Saber e hoje é voluntária. Segundo ela, as aulas a fizeram perceber que tinha uma posição passiva diante da sociedade. Rita afirma que a conscientização e a experiência solidária que os alunos de pré-vestibulares têm os faz crescer como cidadãos. Ela também participa do projeto de extensão Conexão de Saberes, que pensa a inclusão social através do acesso a universidade e também formas de permanência.
Trabalhando na perspectiva da formação de qualidade, a professora Inês Patrício, da Faculdade de Economia, contou sua experiência como coordenadora da Faculdade de Economia da UFF em Nova Iguaçu. O curso na Baixada Fluminense funciona por meio de um consórcio de professores que trabalham em regime de voluntariado. De acordo com Inês, houve um concurso para professores doutores que ainda não foram chamados. “Faço questão de que não seja uma escola para pobre. Fazem escolas assim, que não têm qualidade. Eu quero a melhor escola, com os melhores profissionais. Quero uma escola em que eu possa matricular a minha filha. Esses alunos têm que ser tão bem formados quanto os economistas da PUC, para poder concorrer pelas mesmas vagas que eles”, afirmou a professora, que teme pelo fim do curso como o que aconteceu em São João de Meriti. A fala da professora levou ao questionamento dos problemas da interiorização e ao debate com a platéia, que contava com alunos de pólos do interior. A partir daí surgiu a proposição de um fórum para a discussão e levantamento de soluções dos problemas enfrentados pelos alunos.

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