O coronavírus está alterando a dinâmica de vida no Brasil e no mundo. Todos os olhares se voltam para o controle da COVID-19. Neste momento, muitos pesquisadores do país se empenham na busca de soluções que possam ajudar na resolução do quadro. Com foco nessa realidade, a equipe do Departamento de Estatística da UFF está desenvolvendo o projeto GET-UF CONTRA COVID-19, que visa colaborar com a análise de dados estatísticos da epidemia. Além de docentes e discentes da área, o projeto conta com a participação da professora Begoña Alarcón, da Matemática Aplicada da UFF, de pesquisadores do Núcleo de Estudos Econômicos e Sociais (NEES-UFF) e também do professor Fábio Demarqui, do Departamento de Estatística da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
O estudo visa compreender ou mesmo antecipar a evolução da epidemia. Os pesquisadores esperam atingir a sociedade como um todo através da construção do portal do projeto. O professor do Departamento de Estatística da UFF, Wilson Calmon, explica que a análise desses dados pode ajudar a definir ou redefinir prioridades e formas de atuação frente aos órgãos de controle e aos governantes. “Queremos também que o cidadão comum possa ter um canal para buscar informações quantitativas respaldado por uma instituição acadêmica”, destaca o docente.
Wilson informa que a prioridade são os municípios do estado do Rio de Janeiro, mas a pesquisa pode expandir as análises para outras regiões do Brasil ou mesmo para outros países. Os docentes pretendem fazer uso de métodos quantitativos para descrever diariamente dados do desenvolvimento da epidemia e fornecer, em um segundo momento, estudos mais refinados e projeções. A proposta consiste em reunir as principais metodologias de estatística e matemática aplicada para modelar variáveis, como, por exemplo, do número de casos confirmados da doença.
“Combinaremos ferramentas de análise descritiva básica e de apresentação dinâmica dos resultados para oferecer informações atualizadas no portal. Para lidar com investigações mais sofisticadas, pretendemos associar modelos estatísticos e matemáticos usuais em saúde e epidemiologia. Os mapas e gráficos elaborados são do próprio grupo. É trabalhoso construir e incluí-los no site pela primeira vez. Mas uma vez que já estruturamos os primeiros dados, a partir de agora conseguiremos atualizar o portal com mais facilidade”, afirma o professor.
Juntos podemos fazer mais na luta contra essa epidemia – Wilson Calmon
O estudante do sexto período de Estatística, Rodrigo Dias, integrante do projeto, acrescenta que os discentes do curso também colaboram em diferentes frentes de trabalho. “Alguns estão desenvolvendo a coleta e o tratamento das bases de dados, enquanto os demais utilizam essas bases para gerar análises, gráficos e mapas acerca da situação do coronavírus”. Ele também enfatiza sua satisfação em poder ser útil à sociedade nesse momento difícil. “É um prazer contribuir da forma que for possível. Ressalto a importância de levar dados de qualidade às pessoas, especialmente neste momento em que todos estão recebendo um grande volume de informações e muitos não sabem que conclusão tirar a respeito da gravidade desse cenário”.
O projeto está em execução desde o dia 20 de março e a plataforma já está disponível. Segundo Wilson Calmon, um arquivo contendo as principais informações produzidas será mantido através do portal. “Um dos segmentos da equipe tem como prioridade equipar o site de uma estrutura que permita atualizar as informações disponibilizadas de forma automatizada. O outro está iniciando análises mais sofisticadas dos dados que já estão disponibilizados. Também estamos trabalhando no design, para que as informações fiquem bem didáticas e claras. Esperamos, em um momento posterior, enviar informes diretamente para canais de comunicação em massa e para os governos”.
O docente conclui convidando a comunidade acadêmica a participar da iniciativa. As contribuições podem ocorrer de muitas maneiras. “Nosso contato (departamentodeestatisticauff@gmail.com) já foi divulgado no site da UFF e os colegas das áreas quantitativas interessados em contribuir, bem como estudantes e especialistas de outras áreas como comunicação, engenharia e saúde, serão bem-vindos no grupo. Estamos abertos para estabelecer parcerias, trocar conhecimentos e até mesmo receber feedbacks através de perguntas ou sugestões. Gostaríamos de mobilizar outros departamentos, ainda que trabalhem em diferentes frentes. Juntos podemos fazer mais na luta contra essa epidemia”.