Com o tema “Vozes do Brasil”, a Bienal da União Nacional dos Estudantes (UNE) retorna ao Rio de Janeiro em sua nona edição. Do dia 1º a 6 de fevereiro são esperados mais de dez mil estudantes no bairro da Lapa, sede do evento, que terá participação da UFF em sua realização. Como parte das comemorações dos 450 anos do Rio de Janeiro, a bienal alcançou o recorde de mais de 1,5 mil trabalhos inscritos e mais de dez mil inscrições de participantes. Neste ano, são esperados estudantes de todo o país. Coordenador de Programação da bienal, o aluno de Direito da UFF Thiago José Silva afirma que o evento é um catalisador da produção cultural acadêmica brasileira. “São sete mostras universitárias que ocorrem todos os dias: música, audiovisual, artes cênicas, artes visuais, literatura, extensão, ciência e tecnologia.”Segundo o professor de Artes da UFF Leonardo Guelman, “Vozes do Brasil” é um tema relevante por dar força ao estatuto da pluralidade e apontar para as disputas das identidades, com uma contínua atualização da construção do Brasil. Guelman também constatou a importância da escolha do bairro carioca como principal cenário do evento. “A Lapa é tradicionalmente um espaço de efervescência e, por estar no Centro do Rio de Janeiro, ocupa lugar de influências. Levar o evento para esse local é trabalhar com o contexto de ebulição e trocas entre indivíduos.”Em meio a uma nação com dimensões continentais, “Vozes do Brasil” objetiva debater as línguas faladas no país como elemento de sua grande diversidade cultural. A discussão em torno dessa questão abrange a grande variedade linguística do Brasil, além da relação da fala e da escrita com as diferentes características sociais de um país marcado por desigualdades. “Entendemos que a língua é uma consonante para a formação de identidades. Portanto, a ideia é discutir sobre a língua portuguesa brasileira e refletir sobre as linguagens e as diversas maneiras de expressá-las”, afirmou a diretora de Cultura da UNE, Patrícia de Matos. Ela ressalta, ainda, a importância das redes sociais nesse contexto, pois vêm cumprindo um enorme papel no surgimento de novidades no campo artístico e literário.Esporte terá voz no eventoA importância do esporte, principalmente o futebol, como elemento da construção da identidade nacional, também será um dos temas debatidos no evento. O reitor da UFF, Sidney Mello, participará de uma mesa para debater os desafios do desporto universitário brasileiro. Patrícia de Matos explica a importância do debate esportivo dentro da bienal. “A intenção é refletir sobre os possíveis legados que o evento vai trazer para a definição de uma política esportiva mais bem definida para a universidade, além de dialogarmos sobre a questão dos equipamentos esportivos.”As vozes do Profeta GentilezaSegundo a diretora de Cultura da UNE, as ruas têm sido um lugar de manifestação política e artística, um espaço cada vez mais disputado e discutido. Um exemplo desse tipo de expressão urbana é a obra de José Datrino, popularmente conhecido como Profeta Gentileza,pregadorconhecido por fazer inscrições em um viaduto situado naAvenida Brasil, Rio de Janeiro. Leonardo Guelman, autor do livro “Brasil: tempo de Gentileza” e coordenador do movimento “Rio com Gentileza”, propõe ações de preservação e estudo dos trabalhos do “profeta”. “O Gentileza parte do ponto de vista religioso para fazer uma crítica socioeconômica e política do Brasil ao contestar o capital”, concluiu.A programação do evento está disponível emhttp://bienaldaune.org.br/hs/no-ar-programacao-completa-da-9a-bienal-da-une/