O curso de Psicologia da UFF de Campos dos Goytacazes, no norte fluminense, oferece à população, desde agosto de 2014, atendimento gratuito especializado no Serviço de Psicologia Aplicada Elizabeth Chacur Juliboni (SPA). Nesses pouco mais de três anos, a iniciativa já contemplou cerca de 600 pessoas não só da cidade, como de municípios vizinhos.
Segundo as professoras Mayra Silva de Souza e Ana Lúcia Novais Carvalho, respectivamente, coordenadora e vice-coordenadora do SPA, o curso mantém, neste semestre, 17 projetos de estágio, nos quais participam 70 estagiários. Destes alunos, alguns estão inscritos em dois projetos de estágio, com diferentes frentes de atuação.
A coordenadora explica que há particularidades na forma como as interações ocorrem no trabalho de campo e isso representa de maneira evidente a diversidade das práticas psicológicas oferecidas. “Cada projeto tem características próprias, de acordo com o embasamento teórico do professor coordenador e da área de atuação, como, por exemplo, paradigmas profissionais, o papel do auxiliar de psicologia na educação, a necessidade de se manter atualizado, a conciliação do trabalho teórico e prático e a constante busca de soluções para problemas que envolvem essas mesmas questões”, explica Souza.
Os projetos focados em saúde mental desenvolvidos pela UFF vêm chamando atenção da população … que vê nessas iniciativas uma oportunidade de ter acesso a atendimento gratuito e de qualidade”, destacou Estácio Neto.
“Desde a inauguração do SPA, por exemplo, cerca de mil interessados já procuraram o serviço para realização de cadastramento e somente na última quinzena do mês de setembro foram realizados em torno de 100 novos cadastros”, informa o professor e coordenador do curso de graduação em Psicologia de Campos, Francisco Estácio Neto.
Carvalho ressalta que algums procuram o serviço por iniciativa própria e outros através de encaminhamentos de diversos setores e profissionais do município. “Do total de cadastrados, vários já realizaram ou estão realizando acompanhamento no nosso serviço. Atualmente, temos cerca de 400 pessoas aguardando atendimento”, destaca a professora.
“O interesse do aluno de psicologia nas atividades do Serviço de Psicologia se deve ao fato de que a teoria está intimamente associada à prática. Os estágios em clínica ou no SPA não são obrigatórios”, ressalta Mayra. Para se inscreverem nos projetos, os interessado passam por um processo seletivo. Inicialmente, eles recebem informações sobre os critérios de inscrição e sobre os projetos disponíveis no semestre. A coordenação de estágio, por sua vez, organiza toda seleção e o procedimento de avaliação, realizado de acordo com normas estabelecidas e previamente divulgadas pelo professor coordenador do projeto. Antes, porém, como pré-requisito o aluno deve, obrigatoriamente, realizar dois projetos de estágio, com duração de dois semestres cada, e ter concluído as disciplinas: Ética e Estágio Básico I e II.
Campos contra a LGBTfobia
No dia 17 de maio deste ano, quando foi comemorado o Dia Internacional contra a Homofobia, a cidade realizou o “Campos contra a LGBTfobia: Dignidade e Cidadania”. O evento, uma parceria da prefeitura municipal com a UFF e outras entidades locais, realizou uma série de atividades, entre elas, o aconselhamento sobre DST/HIV, com foco na importância da prevenção, distribuição gratuita de preservativos, aconselhamento jurídico para os que sofrem ou já sofreram algum tipo de violência física ou psicológica.
Na ocasião, também foi disponibilizado aos interessados um espaço de acolhimento com profissionais do departamento de psicologia da universidade, com encaminhamento para atendimento no SPA. Ações de promoção de cidadania, igualdade e conscientização são fundamentais, pois muitos membros da comunidade LGBT vivem em situação de vulnerabilidade e sem o apoio familiar e social.
De acordo com a coordenadora do Laboratório de Psicanálise, Política, Cultura e Estudos de Gênero (LPPCEG), da UFF de Campos, e também supervisora de estágio, Bárbara Breder, a linha adotada no SPA é a clínica psicanalítica. “Oferecemos atendimento psicológico para pessoas que sofreram violência de gênero – mulheres e/ou pessoas LGBT. Atualmente, a unidade tem 10 estagiários que atendem em média um total de 30 pacientes com esse perfil”, ressalta.
Entre as demais iniciativas também realizadas pelo departamento de Psicologia da UFF de Campos. Dentre elas, destaca-se o atendimento no presídio feminino pela equipe do Laboratório de Estudos, Pesquisas e Práticas em Educação, Sexualidade e Psicanálise (Lepesp), que proporciona atividades ocupacionais e de escuta clínica, dinâmicas de grupo e oficinas diversas às internas. Também ocorrem atividades em abrigos, na Associação de Proteção e Orientação aos Excepcionais (Apoe), no Centro de Referência da Assistência Social (Cras) da região, em hospitais, escolas e universidades, totalizando quinze instituições locais.
Segundo o coordenador Estácio Neto, “os projetos focados em saúde mental desenvolvidos pela UFF vêm chamando atenção da população não só de Campos, mas também dos municípios adjacentes, que vê nessas iniciativas uma oportunidade de ter acesso a atendimento gratuito e de qualidade”, conclui.