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Tecnologia avançada que cabe na palma da mão: UFF, em parceria com Fiocruz e Prefeitura de Niterói, realiza análise detalhada de sequenciamento genético do coronavírus

A pandemia de COVID-19 fez cientistas do mundo inteiro reunirem esforços para produzir conhecimentos que viabilizassem tanto o tratamento quanto a contenção da doença. Para isso, foi fundamental entender as formas de atuação do vírus, o que só foi possível após a compreensão da biologia molecular do Sars-Cov-2 e do funcionamento da sua genética. Em 2020, o estudo genético do novo coronavírus foi feito por pesquisadoras brasileiras no tempo recorde de 48 horas. Esse foi um trabalho de sequenciamento de genomas imprescindível para compreender a origem e a evolução do vírus, além de ter auxiliado frentes de pesquisa no mundo todo.

Na Universidade Federal Fluminense, o sequenciamento genético é destaque entre as diversas ações de enfrentamento à pandemia de COVID-19. Uma parceria com o Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) e a Prefeitura Municipal de Niterói possibilitou a implantação de uma tecnologia avançada que permite a análise detalhada de informações genômicas contidas nas moléculas de RNA ou DNA de vários microrganismos como vírus e bactérias. O grupo de trabalho da UFF, coordenado pelo professor Fábio Aguiar Alves do Departamento de Biologia, está realizando os sequenciamentos genômicos no Hospital Universitário Antônio Pedro (HUAP/UFF). “Minha parceria com o professor Alberto D’avila, da Fiocruz, começa em uma pesquisa sobre sequenciamento genômico de bactérias. Durante a pandemia, transferimos esse conhecimento para o sequenciamento do novo coronavírus”, ressalta o pesquisador.

O MinION é um equipamento fácil de ser transportado para diferentes setores do hospital e o resultado pode ser processado em cerca de cinco horas, o que aumenta a velocidade da resposta tanto para o paciente quanto para os médicos, bem como o processamento dos dados estatísticos das variantes em circulação – Fábio Alves

“A UFF, em parceria com a Fiocruz, está implementando uma tecnologia única no Rio de Janeiro, muito rara no Brasil, que é a genotipagem de vírus e bactérias realizada à beira do leito (point of care). Esta técnica já está em operação no HUAP e auxilia a detectar o nível de resistência bacteriana e viral para que a decisão de tratamento seja mais adequada e portanto qualifica o atendimento das pessoas. É mais uma iniciativa que transforma ciência em soluções para o paciente, salva vidas”, declara o reitor Antonio Claudio Lucas da Nóbrega.

Fábio Alves explica que os métodos comuns de testagem do Sars-Cov-2 identificam se há ou não a presença do vírus no paciente. Já o sequenciamento genético mostra as variantes virais. Assim, é possível saber com qual variação do vírus a pessoa está infectada. “Existem inúmeras sugestões, em diferentes publicações, de que alguns dos casos são mais graves de acordo com o tipo de variante que foi encontrada no paciente contaminado. Em um período em que o sequenciamento genômico tem sido um método bastante utilizado, a pesquisa possibilita a atuação do HUAP na identificação e no monitoramento dos casos graves de coronavírus, observando a quais variantes eles estão associados”.

Com as amostras que conseguimos de pacientes de diferentes regiões de Niterói, estamos acompanhando quais são as variantes circulantes no momento. No combate à COVID-19, é animador ter ferramentas que permitam traçar inicialmente um mapa de um hospital público com a dinâmica e a infraestrutura do HUAP e, com essa iniciativa, contribuir também para a ação nacional – Fábio Alves

O professor pontua que o sequenciamento genético serve também para indicar cada uma das partículas dos ácidos nucleicos dos microrganismos. “A técnica ajuda a revelar uma série de características desses seres vivos, o que contribui tanto para o tratamento de doenças quanto para a prevenção de patologias futuras. O Centro de Genômica, da Unidade de Pesquisa Clínica do Hospital Universitário Antônio Pedro, foi criado com o objetivo de ser um setor de diagnóstico que esteja à beira dos leitos dentro do ambiente hospitalar. Isso tornará possível o acompanhamento de diferentes enfermidades causadas por microrganismos, como vírus e bactérias, o que é chamado de vigilância epidemiológica”.

Segundo Fábio Alves, a grande novidade dessa parceria está na utilização do equipamento MinION, que é um sistema nanocore de sequenciamento. “A utilização de uma tecnologia que pode ser feita na beira do leito é uma inovação importante. O sequenciamento é feito com esse equipamento que cabe na palma da mão, juntamente com um computador portátil levado no local de coleta da amostra. O MinION é um equipamento fácil de ser transportado para diferentes setores do hospital e o resultado pode ser processado em cerca de cinco horas, o que aumenta a velocidade da resposta tanto para o paciente quanto para os médicos, bem como o processamento dos dados estatísticos das variantes em circulação”.

O pesquisador relata que o projeto vem detectando os casos positivos diários do HUAP, e ressalta que é de grande importância aumentar o número de sequenciamentos genéticos durante a pandemia. “Com as amostras que conseguimos de pacientes de diferentes regiões de Niterói, estamos acompanhando quais são as variantes circulantes no momento. No combate à COVID-19, é animador ter ferramentas que permitam traçar inicialmente um mapa de um hospital público com a dinâmica e a infraestrutura do HUAP e, com essa iniciativa, contribuir também para a ação nacional. Identificar variantes do novo coronavírus ajuda a delinear novas estratégias de saúde pública e o sequenciamento genético é fundamental nesse cenário”, conclui Fábio.

Confira também a matéria produzida pela Unitevê/UFF sobre o uso dessa nova tecnologia.

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