Passados cerca de dois anos desde a eclosão da pandemia de Covid-19 no país e dos esforços que se sucederam para aplacar o alastramento do vírus, ainda são presentes as preocupações em torno dos cuidados necessários relativos ao coronavírus; por exemplo, através da sofisticação e da multiplicação de mecanismos para a sua detecção.
Em sintonia com essas necessidades, a equipe chefiada pela professora do Departamento de Química Inorgânica da UFF, Célia Machado Ronconi, desenvolveu a pesquisa intitulada “Desenvolvimento de um nanoimunoteste rápido de antígeno SARS-CoV-2”. O trabalho foi um dos três selecionados, na Universidade Federal Fluminense, para participar do “Programa de Desenvolvimento da Pós-Graduação – Impactos da pandemia” (PDPG) lançado pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). A iniciativa tem como objetivo incentivar a formação de recursos humanos com foco nos estudos sobre os impactos sociais, econômicos, culturais e históricos da crise sanitária.
De acordo com Célia Ronconi, “trata-se de um reconhecimento das agências de fomento de que as pesquisas que a gente vem fazendo são importantes para o país e para a ciência brasileira. Caso seja validado, esse método poderá ter uma aplicação direta na sociedade, ajudando no diagnóstico de coronavírus”. A pesquisadora contou com a colaboração de uma equipe interinstitucional, com professores da UFF e também de outras universidades e organizações.
O objetivo do estudo, portanto, é o de resultar na produção de um novo teste rápido para a Covid-19. Na fase atual da pesquisa, especificamente, o intuito é conseguir realizar o teste com amostras de pacientes usando swab (cotonete) ou saliva, validando esse processo de acordo com critérios científicos para que ele venha a ser disponibilizado futuramente para a população. De acordo com a professora, “no momento, precisamos encontrar as condições adequadas para que o teste funcione de forma reprodutível. Estamos tentando trabalhar com a menor quantidade possível de manipulações das amostras, para que ele seja de simples realização”, explica.
O diferencial desse teste em relação aos demais, esclarece Célia Ronconi, é a possibilidade de a detecção ser viabilizada por um custo relativamente baixo e dentro de um curtíssimo espaço de tempo, com cargas virais muito baixas em pessoas infectadas pelo coronavírus. Além disso, uma das bolsistas da pesquisa, pós-doutoranda em Química pela UFF, Carolina Ligiero, complementa dizendo que o teste é de fácil realização e seus resultados, de fácil interpretação. Outro elemento inovador destacado pela bolsista é o fato de o equipamento usado (espalhamento de luz dinâmico), que ainda é pouco empregado com essa finalidade, poder vir a oferecer uma nova modalidade de testes laboratoriais.
A pós-doutoranda é uma das muitas bolsistas da pesquisa que o edital da CAPES financia atualmente por meio do Programa. No total, os auxílios recebidos contemplam quatro bolsas de mestrado, três de doutorado e uma de pós-doutorado. Célia Ronconi destaca que um dos maiores gargalos da pesquisa era justamente a obtenção das bolsas para os estudantes darem continuidade ao projeto, que já havia iniciado anteriormente com o apoio financeiro da FAPERJ. “A aprovação dessas bolsas está sendo fundamental para que consigamos dar continuidade aos estudos em andamento que poderão validar o método e tornar posteriormente esse produto disponível para a população”, conclui.