O Ministério da Educação (MEC), em parceria com a Secretaria da Comissão Interministerial para Recursos do Mar da Marinha do Brasil, concedeu à UFF a gestão do navio-escola Ciências do Mar III (CMIII), que proporcionará experiência prática de ensino e pesquisa embarcada para alunos, professores e pesquisadores das universidades do sudeste do país. A embarcação atracou na manhã dessa sexta-feira, 20 de fevereiro, na Diretoria de Hidrografia e Navegação (DHN) da Marinha, onde foi recepcionada com um evento preliminar de “Boas-Vindas”.
A previsão é que, no final de março, a UFF promova uma cerimônia de “Batismo”, reunindo autoridades envolvidas e comunidade, para inaugurar oficialmente o início das atividades do CMIII. A solenidade será realizada assim que o laboratório de ensino flutuante estiver totalmente equipado e pronto para ser utilizado em prol das pesquisas marinhas. O navio é uma das quatro embarcações que servirão de laboratório de ensino flutuante nas seguintes instituições de ensino brasileiras: Universidade Federal do Rio Grande (FURG) – coordenadora do processo de elaboração do projeto e construção dos barcos -, Universidade Federal do Maranhão (UFMA), Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e Universidade Federal Fluminense (UFF).
Teremos cooperação da Diretoria de Hidrografia e Navegação da Marinha e também faremos parceria com a Prefeitura de Niterói, disponibilizando o navio para visitação das escolas municipais. O intuito é a criação de uma cultura do mar através da aproximação de crianças e adolescentes de pesquisas relativas ao mar e, em uma perspectiva nacional, da Amazônia Azul”, Antonio Claudio Lucas da Nobrega, reitor da UFF.
Os pesquisadores Abílio Soares e Marcus Rodrigues, do Departamento de Biologia Marinha, e Arthur Ayres, do Departamento de Geoquímica fazem parte do comitê de gestão do barco. Eles estiveram em Fortaleza no último mês para formalizar a entrega do navio à UFF pelo estaleiro Indústria Naval do Ceará (INACE), responsável por seu projeto e construção. Lá, os professores acompanharam testes de comissionamento do navio (motor, gerador, os aparelhos de navegação, lâmpada) para que ele pudesse sair com segurança.
“Fizemos essa viagem para observar a dinâmica do navio, como era a convivência, e também questões diversas, como o funcionamento do ar condicionado, do banheiro, da cozinha, e do próprio desempenho de navegação, prevendo e entendendo os problemas que poderiam acontecer. A experiência foi positiva. Agora com a embarcação já na Baía de Guanabara, estamos finalizando um relatório para que o navio comece a funcionar da melhor forma e pelo maior tempo possível”, destaca Arthur Ayres.
A Formação de Recursos Humanos em Ciências do Mar (PPGMar), coordenada pelo MEC, reconheceu a relevância do projeto de navios-escola e investiu cerca de R$ 10 milhões na construção do CMIII, que visa principalmente à promoção do desenvolvimento científico, de inovação e tecnologia voltados às pesquisas marítimas. “A demanda dos navios é resultado de um estudo que constatou a relevância da experiência embarcada para os estudantes dos diversos cursos em Ciências do Mar”, ressalta Arthur Ayres.
O navio possui 32 metros de comprimento e está equipado com dois motores de 450 BHP de potência, podendo atingir velocidade de cruzeiro de até 10 nós, com autonomia para 15 dias no mar. A embarcação possui também três laboratórios, guinchos oceanográficos e geológicos, central de tratamento séptico e alojamentos com capacidade para até 18 pesquisadores e tripulação. Além disso, o navio terá outros equipamentos científicos, sendo parte deles instalados ainda no estaleiro cearense e outros após a entrega oficial à UFF.
O docente Abílio Soares destaca que o barco será tombado como patrimônio da UFF e irá sedimentar a importância da universidade para as Ciências do Mar no Brasil. A chegada da embarcação para compor os ‘laboratórios de ensino flutuantes’ reflete um grande avanço na formação profissional em ciências marítimas, viabilizando pesquisas sobre os oceanos para a preservação de ecossistemas, o desenvolvimento de inovações tecnológicas, a exploração de recursos naturais, bem como sobre as mudanças climáticas. “Sua importância está para os cursos de Ciências do Mar assim como os hospitais e clínicas estão para os cursos de ciências da saúde”, ressalta.
Além do desenvolvimento de estudos na área de Ciências do Mar, o laboratório flutuante servirá para aproximar pesquisadores de outras instituições e atrair recursos de outras áreas de fomento. “Teremos cooperação da Diretoria de Hidrografia e Navegação da Marinha e também faremos parceria com a Prefeitura de Niterói, disponibilizando o navio para visitação das escolas municipais. O intuito é a criação de uma cultura do mar através da aproximação de crianças e adolescentes de pesquisas relativas ao mar e, em uma perspectiva nacional, da Amazônia Azul”, declara o reitor da UFF Antonio Claudio Lucas da Nobrega.
A Secretária Municipal da Fazenda de Niterói, Giovanna Victer, reitera a relevância da parceria com a Prefeitura que proporcionará visitas educativas no navio às crianças das escolas públicas e privadas da cidade. “O objetivo é criar uma oportunidade para que esses jovens possam ter acesso a um equipamento extraordinário e moderno, despertando a curiosidade sobre essa ciência e o grande potencial que a cidade tem, que é nossa frente marítima”, comemora.