Com um mercado de médicos no Brasil girando em torno de 650 mil, entre profissionais formados e estudantes, três egressos do curso de Medicina da UFF, que também participavam do programa “Minor em Empreendedorismo e Inovação”, ganharam destaque na edição de janeiro da Revista Forbes. O periódico publicou artigos sobre os empreendedores brasileiros mais influentes com idade abaixo de 30 anos.
Os ex-alunos Pedro Gemal Lanzieri, Bruno Lagoeiro e Eduardo Moura criaram o Whitebook, uma plataforma de apoio à tomada de decisão médica. O motivo do destaque do aplicativo, criado pela empresa PEBmed se deve ao fato de ele não só ter se tornado uma ferramenta amplamente utilizada em todo país, como também em diversos países da Europa, África e América Latina. De acordo com Pedro – aluno da edição 2017 do Minor -, a ideia surgiu da necessidade que os médicos tinham de acessar textos técnicos da área – que permitem ao profissional aplicar um determinado procedimento ou identificar o tratamento ou a cura de uma doença – durante as aulas de Semiologia do curso de graduação em Medicina da UFF.
Segundo o professor e coordenador do curso de Empreendedorismo e Inovação Gabriel Marcuzzo do Canto Cavalheiro, a PEBmed já existia antes da participação do Pedro Lanzieri no Minor, um curso gratuito de formação complementar semipresencial, com duração de um ano, que serviu para complementar a formação do novo empresário com um conjunto de ferramentas de gestão que apoiaram a estruturação do novo negócio.
Marcuzzo ressalta que, além de disponibilizar um ferramental de gestão alinhado às melhores práticas internacionais para a estruturação de novos negócios, a iniciativa também oferece um ambiente interdisciplinar, no qual alunos de diversas graduações e campi da UFF interagem em grupos para a realização de um plano de negócios dirigido a um novo empreendimento. Durante as sete disciplinas do curso, os estudantes incorporam novos elementos ao plano de negócios que será apresentado para uma banca externa na formatura do programa. “O acesso ao programa é realizado por meio de processo seletivo organizado pela Coordenação de Seleção Acadêmica (Coseac) ao final do segundo semestre”, esclarece.
Estímulo aos novos alunos
Para o coordenador, a sociedade passa por um processo de transformação digital com profundos impactos em diversas dimensões. “Nesse período é possível observar que grandes empresas de base digital vêm surgindo, criando e agregando muito valor. Dessa forma, esse fenômeno iniciado no Vale do Silício, Califórnia, se tornou mundial”, enfatiza. Esse processo, segundo ele, criou as condições para a criação da PEBmed, assim como outras startups que surgiram do ecossistema empreendedor da UFF, em Niterói, tais como a Edools (vencedora do Startup Awards e considerada a melhor startup brasileira de 2018), Displace, Cuponeria, Wpensar, entre outras. Nesse contexto, essas novas empresas poderão ter um impacto similar às gigantes da tecnologia do Estados Unidos, como a Google, Apple e Facebook, pois despertam o senso de urgência para o empreendedorismo e fornecem referenciais de crescimento para alunos brasileiros. Para Marcuzzo, o município de Niterói – por contar com a UFF e outras universidades – é um dos locais do Brasil mais propícios para a criação de startups.
Geração de empregos e royalties e o Observatório Digital
O Departamento de Empreendedorismo e Gestão também oferece uma graduação em Processos Gerenciais com ênfase em Empreendedorismo, assim como um MBA em Gestão Empreendedora, e empregam diversos egressos da UFF. Seus eventos são frequentados por fundadores das startups brasileiras, alunos de graduação e estagiários. Além disso, vale destacar que nos últimos anos diversos docentes da universidade depositaram pedidos de patentes por meio da Incubadora de Empresas da UFF (Agir) e, futuramente, poderão gerar royalties para a instituição através do licenciamento de novas tecnologias.
Somando-se às iniciativas acima, Marcuzzo ressalta a criação de um grupo de pesquisa dedicado a questões relacionadas ao impacto da transformação digital sobre novos negócios, com foco especial no ecossistema empreendedor da UFF, o Observatório Digital. “ Eu sou o coordenador do grupo que também inclui outros docentes do departamento de empreendedorismo, professores externos e empreendedores digitais. O objetivo do Observatório Digital é produzir pesquisa de alto impacto na área em âmbito internacional”, explica.
Atendimento ao público
O departamento está em fase de implantação do Escritório de Atendimento ao Empreendedor (EAE). O projeto – financiado por Emenda Parlamentar da bancada de Deputados Federais do Rio de Janeiro – tem por objetivo implementar uma nova interface entre a UFF e a sociedade através da criação de um escritório de atendimento para suporte ao microempreendedor individual (MEI) no Campus do Valonguinho. A iniciativa é motivada pela crescente dificuldade encontrada pelos pequenos empresários para atender às exigências administrativas decorrentes da obtenção de um CNPJ.
Segundo o coordenador, o projeto, que deve iniciar seus serviços em abril de 2019, poderá ser um piloto para algo já bastante comum em universidades dos EUA e Europa, chamado Centro de Empreendedorismo ou Entrepreneurship Center, onde os próprios estudantes de graduação prestam atendimento ao MEI.
Na entrevista a seguir, o ex-aluno da UFF Bruno Lagoeiro, CEO e cofundador da PEBMed divide sua experiência com aqueles que pensam em abrir o seu próprio negócio:
A PEBMED surgiu antes de vocês concluírem o curso de empreendedorismo, mas no que ele realmente pode auxiliar no posterior desenvolvimento da empresa ou do produto criado?
O curso de empreendedorismo foi uma oportunidade que surgiu após a criação do produto e da empresa, mas que colaborou para aplicação das melhores práticas de gestão de pessoas e recursos, bem como para propagação dos conceitos de ágil, design thinking (uma forma de pensar que ajuda a resolver diversos problemas de todos os tipos e pode ser usado para qualquer área) e metodologias lean (criada pela Toyota para melhorar a eficiência e combater o desperdício) no desenvolvimento de um produto.
Havia a necessidade da classe médica e de outros profissionais de saúde acessarem informações técnicas com mais agilidade e confiabilidade. Essa foi a principal razão para o criação do Whitebook?
O profissional de saúde (médico ou estudante de medicina), durante sua rotina diária, precisa tomar decisões, diagnósticas ou terapêutica, sobre a conduta de um paciente que não dependem unicamente do conhecimento teórico. Este é um dos momentos mais críticos do seu dia a dia e um ponto fundamental para a ideia se criar o aplicativo. Muitas vezes, a insegurança, a variedade de apresentações clínicas, ou mesmo os contextos de estrutura hospitalar disponíveis exercem influência sobre as decisões. O Whitebook é o assistente que apóia essa tomada de decisão, trazendo informações, conteúdos, ferramentas, que auxiliam e impactam na qualidade do tratamento. Nosso propósito é melhorar a saúde do Brasil através do apoio nas decisões médicas. Melhores decisões, melhores condutas.
Entre tantos jovens empresários aqui e no mundo, como a Revista Forbes descobriu vocês?
Sempre valorizamos a rede de apoio e a construção de sólido networking com outros empreendedores e empresas, com as quais possamos sempre trocar experiências e aprendizados. Em geral esse networking nos leva até esses destaques. Estamos trabalhando também com uma assessoria de imprensa, que nos ajudou na conexão com o repórter e a levar a nossa história para se tornar pauta de interesse público.
A boa aceitação do Whitebook está possibilitando bons negócios para a PEBMed?
O Whitebook é um dos nossos produtos. O outro é o Portal PEBMed (pebmed.com.br) também com grande destaque. O Whitebook se destaca pela inserção e relevância para a classe no momento de tomada de decisões. Já o Portal PEBMED, por ser uma referência em atualizações. Trabalhamos a cada dia com objetivos audaciosos e que nos levem sempre a um novo patamar. Nessa trajetória, contamos com parcerias de pessoas e empresas que nos auxiliam a chegarmos a essas metas.