O Hospital Universitário Antônio Pedro (Huap) conseguiu recentemente, por meio de negociação com o Ministério da Educação (MEC), a abertura de 241 vagas temporárias para a área de saúde e 31 vagas destinadas ao setor administrativo para suprir a demanda de profissionais. As vagas serão preenchidas por tempo determinado, com contrato de duração de até 2 anos.
Com as novas contratações na área médica, o hospital planeja dobrar o número de leitos, ou seja, reabrir os 160 que estão inutilizados devido ao déficit de funcionários. A contratação acontecerá via Processo Seletivo Simplificado (PSS), por meio de uma prova de conhecimentos específicos regida pelo edital lançado nesta terça-feira, 20 de setembro.
Na mesma data em que foi oficializado o PSS no Diário Oficial da União, 31 de agosto, a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) lançou o edital do concurso público para efetivação de funcionários dispondo de 259 vagas para reduzir o déficit na área médica, assistencial e administrativa. Além das contratações, o Huap está investindo na construção de um novo ambulatório que será inaugurado em janeiro de 2017.
De acordo com o Superintendente do Huap e professor do hospital Tarcísio Rivello, o concurso ainda não vai suprir totalmente a demanda do hospital, mas complementará o quadro funcional até que a contratação temporária expire e seja feito um novo concurso para entrar em vigor em 2018. “Assim que os funcionários da contratação temporária se desligarem do hospital, já haverá um novo concurso em andamento para preencher as vacâncias e, finalmente, atender totalmente a carência de profissionais”, esclarece.
Todas as áreas serão contempladas, como radiologia, enfermagem, análises clínicas, além de médicos e demais profissionais da saúde” – Tarcísio Rivello
O processo de entendimento com o MEC durou seis meses e um dos entraves foi a determinação da União de que as novas contratações se desse exclusivamente via concurso organizado pela Ebserh. Segundo o vice-reitor da UFF, Antônio Cláudio Lucas da Nóbrega, foi um período complicado, já que a negociação ocorreu em meio ao processo de impeachment. “Para que as vagas fossem concedidas via contratação temporária, tivemos que argumentar sobre a urgência de profissionais na unidade e ressaltar a importância do processo para suprir a demanda do hospital enquanto a Ebserh não lançava o concurso”, esclarece.
Nóbrega declarou ainda que além da argumentação com parlamentares, ministros e secretários, foi necessário o trabalho de uma equipe jurídica para agilizar os trâmites. O argumento que sustentou a negociação teve como base a Lei Nº 8.745/93, que permite a contratação temporária em órgãos públicos, caso seja para “assistência a emergências em saúde pública”. “Para chegarmos a um acordo, foi necessário irmos a Brasília pelo menos oito vezes”, ressalta.
O reitor da universidade, Sidney Mello, aponta para os ganhos que serão obtidos por meio da contratação. “Uma vitória para a UFF, em particular para aqueles que querem ver o Huap com força total. O benefício direto dessas contratações será a ampliação de leitos e a retomada de serviços importantes, inclusive acompanhando melhorias em equipamentos, pessoal e tecnologia. Além disso, o novo ambulatório logo estará pronto, o que trará para todos um espaço de trabalho, serviço e atendimento à altura de um Hospital Universitário como o Huap”, orgulha-se.
Ensino-aprendizagem
Os serviços prestado pelo Antônio Pedro, como também é conhecido, atendem não só ao município de NIterói, onde está situado, mas também outras localidades, como São Gonçalo, Itaboraí, Maricá, Rio Bonito, Silva Jardim e Tanguá. Além disso, o hospital é classificado como uma unidade que lida com procedimentos de média e alta complexidade que outras unidades do SUS não realizam, como transplantes, neurocirurgia, cirurgias altamente complexas ou atendimento de doenças raras.
O hospital é uma instituição importante também como produtora e disseminadora de conhecimento. “O Huap é uma prioridade para a nossa gestão. Temos o intuito de buscar meios para que a unidade exerça plenamente suas funções como hospital de atendimento ao público e unidade de ensino para universitários”, esclarece o vice-reitor da UFF.
Um dos setores que mais será beneficiado com a contratação temporária é o centro cirúrgico, que carece principalmente de anestesistas e equipe de enfermagem, assim como instrumentadores. Serão contratados, segundo o edital, 13 anestesistas, 109 técnicos em enfermagem e 10 técnicos de enfermagem especializados em instrumentação cirúrgica.
O chefe do setor, Nisval de Magalhães Júnior, explica a importância do centro cirúrgico para o aprendizado do alunos. “Quanto maior for o número de cirurgias realizadas, melhor será a formação dos estudantes, já que terão a oportunidade de colocar em prática o que lhes é ensinado na teoria”, ressalta. Além da falta de profissionais, Magalhães destaca a falta de leitos não só como um problema para o fluxo cirúrgico no hospital, mas também para a vivência acadêmica dos universitários.
Hoje são realizadas 300 cirurgias mensais e, com a nova contratação, esse número deve alcançar 540, um acréscimo de 240 procedimentos, o que representará uma mudança significativa na rotina do atendimento cirúrgico e da prática acadêmica. “A fila de pacientes aguardando cirurgia é enorme, com a falta de leitos, o número de procedimentos cirúrgicos cai drasticamente, já que para que um paciente seja operado, é necessário que outro tenha desocupado o leito”, explica Magalhães. “Não adianta ter um centro cirúrgico a todo vapor e bem equipado, como é o nosso caso, e não haver leitos para o pós e pré-operatório”, enfatiza.
Melhorias
Desde 2007, o Huap enfrenta problemas gerados pela falta de profissionais. Segundo Rivello, a contratação temporária será realizada via Processo Seletivo Simplificado para que a demanda do hospital seja suprida mais rapidamente. “Todas as áreas serão contempladas, como radiologia, enfermagem, análises clínicas, além de médicos e demais profissionais da saúde”, afirma o superintendente. “O nosso objetivo é promover um atendimento de qualidade aos pacientes do hospital, que são beneficiários do Sistema Único de Saúde (SUS)”.
Segundo Rivello, a prática do PSS é realizada no hospital pelo menos de dois em dois anos para suprir a demanda de profissionais, mas acredita que esta seja a última vez, já que a Ebserh abriu edital para concurso definitivo. Os funcionários contratados via PSS trabalharão juntos com os efetivos do concurso até a expiração do prazo da contratação temporária.
De acordo com o superintendente, a Ebserh pretende publicar mais um edital no fim de 2017, além do já lançado, para ocupar as vagas abertas com o fim do PSS. “Nossa gestão está voltada para a qualidade no atendimento do paciente como ser humano, não somente como um beneficiário do SUS. A intenção é acompanhar o paciente, fazer um controle de qualidade e proporcionar o respeito que ele merece. Para isso, a meta é disponibilizar 300 leitos até 2018”, conclui.
Ebserh
A Ebserh, criada em 2011, é uma empresa pública vinculada ao MEC e integra um conjunto de ações do governo no sentido de recuperar os hospitais vinculados às universidades federais. No primeiro semestre deste ano, atendendo à norma imposta pela União, a gestão do Huap foi concedida à Ebserh e, ao longo do processo, o hospital estabeleceu condições para aderir às novas diretrizes. “Tais condições foram de que o hospital continuasse a atender somente pacientes do SUS e de que houvesse autonomia universitária das unidades acadêmicas para propor planos de ação e colocá-los em prática. Outra exigência foi de que a unidade continuasse a ser um hospital-escola, promovendo o aprendizado prático aos alunos da área da saúde. Por último, os funcionários da universidade que atuam no hospital deverão continuar exercendo suas funções como concursados da universidade”, explicou Nóbrega.