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Parceria entre UFF e Funarte propõe cartografia cultural do Brasil

Mapear a cartografia da arte e da cultura popular brasileira, com o objetivo de contribuir para um maior entendimento cultural e artístico nacional, é a proposta do projeto Territórios da Arte. A iniciativa da Universidade Federal Fluminense tem parceria com a Fundação Nacional de Artes (Funarte) e começa nesta quinta-feira, 18 de maio, na cidade de Cuiabá, Mato Grosso.

A cartografia teve origem a partir dos aprendizados adquiridos com o projeto Territórios Criativos – parceria da UFF com o Ministério da Cultura -, que atuou no estado do Rio de Janeiro em três locais: Madureira, bairro do Rio, quilombo de Machadinha, em Quissamã, e Paraty. Inicialmente, o foco era a potencialização econômica das atividades de cultura locais. No entanto, com o intuito de ampliar a visão cultural, incluindo a produção e suas interfaces, teve origem o Territórios da Arte, partindo da ideia de que onde há pessoas, há criatividade.

Segundo o gestor do projeto, professor Leonardo Guelman, do Instituto de Arte e Comunicação Social da UFF, “os territórios não são somente dimensões físicas, mas expressões de memória, de pertencimento e de gênero. Entendendo o território como panorama do todo, é possível mapear as ações culturais e artísticas, transformando os agentes culturais, que hoje são singulares, isolados, micros, em uma rede macro, que se transforme em uma inteligência social e coletiva”.

A ideia central é trazer estes agentes da cultura para o protagonismo, fortalecendo-os. É uma aposta na inteligência social e coletiva”, ressalta Leonardo Guelman.

O projeto percorrerá outras quatro cidades ao longo de 2017: Florianópolis (SC), Belém (PA), Recife (PE) e Rio de Janeiro (RJ), cobrindo, desta forma, todas as regiões brasileiras. Para Guelman, os locais são representativos de cada região e intencionalmente promovem um certo deslocamento dos municípios que operam o eixo econômico e político do país. A ideia é criar a partir daí a integração das regiões como um todo, pensando numa perspectiva nacional.

O trabalho de campo se iniciou com a prospecção de artistas, fazedores de cultura, produtores culturais, pesquisadores de arte, grupos e coletivos artísticos atuantes e representativos da cultura de cada região, estabelecendo contatos e relações interinstitucionais, de forma a suprir as necessidades técnicas da realização do evento e de suas atividades. “Nossos critérios principais para a escolha dos participantes foram a representatividade e a qualidade dos trabalhos e experiências implementadas por artistas, grupos ou coletivos artísticos, além de procurarmos refletir a diversidade local, com bons exemplos dos segmentos mais consagrados e também de práticas culturais populares, urbanas, rurais e de periferia”, explica Guelman.

Para Maristela Rangel, Diretora do Centro de Programas Integrados da Fundação Nacional de Artes, “o projeto Territórios da Arte pretende mapear o campo cultural e artístico das cinco regiões brasileiras, com destaque para as cidades de Cuiabá, Florianópolis, Recife, Belém e Rio de Janeiro, todas com grande potencial artístico e cultural no Brasil. Nossa parceria vem fortalecer o incentivo à produção, o desenvolvimento da pesquisa e a preservação da memória, a partir do referencial dos coletivos artísticos e das expressões culturais das cidades aqui escolhidas, visando à implementação de políticas públicas no campo da cultura”.

Um retrato do Brasil a partir de suas interseções

Na primeira etapa do projeto, que acontece de 18 e 20 de maio, no Cine Teatro Cuiabá, haverá uma série de seminários e atividades gratuitas, que permitirão a reflexão sobre memórias, direitos autorais, construção de identidade, entre outros temas. Além de promover o diálogo, o encontro também servirá para construir um mapa que funcionará como instrumento de política cultural, como cartografia social e como registro. A cidade e suas interseções com as demais localidades serão o primeiro grande conjunto de conhecimento cultural e artístico do Territórios da Arte.

Entre os representantes locais, destacam-se como articuladores Maria Thereza Azevedo, do Coletivo À Deriva, cineasta, artista plástica e professora da UFMP; Carolina Barros, música e produtora cultural; Naine Terena, que traz a visão das etnias e cenários indígenas; Carlos Ferreira, dramaturgo, ator e ativista de cultura popular; Jeff Rosa, do grupo Flor Ribeirinha, que contribui com a visão sobre a cultura popular; Seu Toti, mestre e Rei da dança do Congo, representando os quilombolas; Maria Irigaray, que trabalha com a preservação do centro histórico; o encontro de artistas O Levante, que contribui com o cenário das artes cênicas; e André Eduardo de Andrade, do Movimento Rota, que traz o universo da arte de rua e seu direito à cidade. Além destes, haverá representantes da UFF, da Funarte e especialistas nas áreas temáticas do seminário.

A expectativa de Leonardo Guelman é que a partir do resultado desse mapeamento, haja uma transformação e então se possa refletir sobre políticas culturais em outra perspectiva. “A ideia central é trazer estes agentes da cultura para o protagonismo, fortalecendo-os. É uma aposta na inteligência social e coletiva. Esperamos que o projeto possa se desdobrar em ações concretas voltadas para essas trocas culturais”, conclui.

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